quarta-feira, 27 de abril de 2011

Os dias nublados de Marina Silva

Na noite de ontem o fenômeno Marina parecia estar com uma áurea mais opaca, colocando em xeque uma perspectiva: os 20 milhões de votos nas eleições de outubro foram mesmo para Marina, foram para o Partido Verde ou para uma terceira via política sem personificações?”


Renata Camargo, Congresso em Foco

A ex-senadora Marina Silva está passando por dias nublados. Na capital federal, onde o céu está cada vez mais azul pela chegada da seca, Marina se mostrou distante da empolgação trazida por um dia brilhante de sol.
Também pudera. Dos 611,3 mil eleitores do Distrito Federal que votaram na ex-candidata do PV à Presidência da República em outubro passado, pouco mais de 60 pessoas compareceram para ouvi-la na noite de ontem (25) num centro cultural em Brasília. Alguns desses vieram de cidades e municípios vizinhos.
Ao contrário do que ocorria no ano passado, quando somente a presença de Marina fazia balançar o coreto e arrastar multidões, a ex-senadora não conseguiu ontem empolgar de fato o auditório, com menos da metade de sua capacidade ocupada, em sua maioria preenchida por aliados.
Na capital federal, que concentra os três Poderes da República, nenhum dos “grandes” nomes do PV esteve presente para ouvir o Movimento de Transição Democrática do partido. Nem mesmo o presidente da executiva regional, o atual secretário de Meio Ambiente do DF, Eduardo Brandão, compareceu. Eduardo alegou “compromissos outros” para justificar a ausência.
A ex-candidata do PV veio a Brasília defender a redemocratização do partido. Tarefa que passa pela espinhosa missão de destituir da presidência do PV o atual comandante, o deputado paulista José Luiz Penna, e esbarra num conflito de concepções políticas dentro da própria legenda.
A proposta de seu grupo minoritário, segundo Marina, é “reestruturar o PV para que ele seja um veículo de expressão da sociedade”, como um partido “em rede, capaz de dialogar com os núcleos vivos da sociedade para realizar as transformações de uma forma radicalmente democrática”, sem centralizar decisões.
“O PV fala de ganhar o mundo, mas não consegue ganhar a si mesmo. Queremos que o PV seja de fato um partido, e não uma sigla”, disse Marina.”
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