sexta-feira, 1 de abril de 2011

Guerra na Líbia: a limitada cobertura da mídia


 
por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo 

A cobertura da guerra na Líbia expõe dramaticamente os limites da mídia.
Até aqui, a despeito da presença de jornalistas de todo o mundo na Líbia, você não tem uma informação vital: a confirmação dos civis mortos. Tanto Gaddafi quanto seus opositores afirmam que inocentes morreram nos bombardeios.

Verdade? Propaganda?
Nenhum jornalista conseguiu provar nada. Não há a foto de um cadáver. Ninguém foi a um único funeral. Sequer uma família enlutada foi visitada.
O que você vê publicado são previsíveis desmentidos, sobretudo da parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos. “Não há evidências de mortes de civis”, diz a coalizão. Já são três noites em que mísseis ocidentais iluminam a escuridão da noite líbia, alternados com antimísseis de Gaddafi. São imagens que trazem uma estranha beleza macabra.
Os jornalistas deveriam ir além das evidências. Mas param irritantemente nelas. Não vou dizer que estão fazendo turismo na Líbia, mas até agora também não estão fazendo grande jornalismo. O correspondente da BBC em Trípoli fala que o chão da cidade “trepidou” à noite.
Bem, é pouco. É informação irrelevante, comparada à importância de apurar a verdade em torno dos civis mortos.
Pelo menos até agora, a cobertura da mídia é decepcionante. Muito adjetivo, muita indignação, muitas declarações que desmentem umas às outras  – e escassas informações. Notícias que fazem pensar têm vindo de outras fontes que não os jornalistas. Uma agência de ajuda humanitária baseada em Genebra, por exemplo, anunciou há pouco que está sendo extraordinariamente complicado fazer chegar comida e medicamentos à Líbia. Os anestésicos estão acabando, e sem eles tratar dos feridos é ainda mais árduo.
Os leitores e os espectadores têm sido vítimas nesta guerra absurda.
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