“No Bahrein, a situação é de tensão explícita. O rei Hamad Ben Issa Al-Khalifa proclamou o estado de emergência por três meses, um dia após a chegada de tropas sauditaso para ajudar a travar a contestação xiita num país governado por sunitas. Os principais grupos da oposição, incluindo o maior partido xiita, o Wefaq, avaliaram esta intervenção de forças do Conselho de Cooperação do Golgo no país como uma “declaração de guerra e uma ocupação”.
Carta Maior / Esquerda.net
As autoridades do Bahrein, que enfrentam a mais grave contestação no país desde a década de 1990, acolheram segunda-feira a chegada de uma unidade de mil soldados sauditas, pedida para “ajudar a manter a ordem e segurança” no país, depois de manifestantes da oposição terem entrando em confrontos com a polícia no domingo e bloqueado várias estradas.
A entrada dos soldados sauditas em território do Bahrein – numa missão do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG, bloco regional que integra a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Kuwait, Qatar e Omã, além do Bahrein) – foi confirmada pelo antigo ministro da Informação do país, e atual conselheiro do rei Hamad bin Issa al-Khalifa, Nabeel al-Hamer, através de uma mensagem no serviço de microblogging Twitter.
Pelo menos 150 veículos militares blindados de transporte de tropas e 50 outros veículos, incluindo ambulâncias, tanques de água, caminhões e jipes foram avistados por residentes locais passando a fronteira da Arábia Saudita para o Bahrein, em direcção a Riffa, região maioritariamente sunita.
Os principais grupos da oposição, incluindo o maior partido xiita, o Wefaq, avaliaram esta intervenção de forças do CCG no país como uma “declaração de guerra e uma ocupação”.
Manifestantes desafiam o recolher obrigatório com novo protesto
O movimento de oposição ao rei Hamad bin Issa al-Khalifa do Bahrein respondeu ao decreto de recolher obrigatório com a convocação de um novo protesto em Manama, depois de os manifestantes terem sido expulsos, ao nascer do dia, da Praça da Pérola que ocupavam há já várias semanas, exigindo reformas políticas no país. Na praça permaneciam acampados cerca de 500 opositores ao regime.
Chamando a uma manifestação massiva, o grupo de Juventude 14 de Fevereiro – que tem liderado a contestação na Praça da Pérola – convocou este novo protesto para a Rua Budaya, região norte da capital repleta de vilas e subúrbios de maioria populacional xiita que conduz à localidade de Budaya, berço da elite governadora sunita do país.
Nos confrontos da manhã desta quarta-feira, pelo menos três manifestantes morreram e dezenas ficaram feridos, afirmou fonte da oposição citada pelas agências noticiosas. O Ministério do Interior, por seu lado, anunciou a morte de dois policiais.
No seguimento destes confrontos, as autoridades do Bahrein decretaram recolher obrigatório entre às 16h e às 4h (1h em Lisboa) na Praça da Pérola e no centro financeiro de Manama.
No Bahrein, a situação é de tensão explícita. O rei Hamad Ben Issa Al-Khalifa proclamou o estado de emergência por três meses, um dia após a chegada de tropas do Golfo para ajudar a travar a contestação xiita num país governado por sunitas.”
_________________________________
Um comentário:
A coerência norte-americana
Se os manifestantes contratassem guerrilheiros estrangeiros para ajudarem, teria sido um escândalo, apareceria em todas as TVs e acabaria com a legitimidade dos protestos.
Porém, o ditador chamou tropa estrangeira e a imprensa se comporta como se tudo estivesse normal.
Imagina se Kadaf tivesse recebido ajuda estrangeira, do Irã, por exemplo. Será que o governo americano reagiria com a mesma omissão?
Para os americanos,ditadura só é legitima quando os amigos deles são os ditadores, do contrário, é inaceitável, tem que ser democracia.
Quanta coerência nesse posicionamento.
Nascimento Jr
nascimento.jr@bol.com.br
Postar um comentário