“Todo mundo sabe quem é o australiano Julian Assange, o criador do WikiLeaks, mas poucos sabem quem é o americano Bradley Manning.
Aos 22 anos, Manning foi enviado para o Iraque como soldado especializado em informática. Era atípico: tem 1,57m e pesava 47 quilos. Gay assumido, foi expulso de casa pelo pai e, para sobreviver, decidiu entrar para o Exército. “Ele estava lá por seu talento para manipular computadores.
Na função de analista de inteligência, Manning passava longos dias na sala de informática da base [militar], examinando cuidadosamente informações confidenciais”, contam os repórteres David Leigh e Luke Harding, do The Guardian. “Ele ficara impressionado com a falta de segurança. A porta era trancada com uma fechadura de código de cinco dígitos, mas bastava dar um empurrão e era possível entrar.”
Na base militar, as coisas não funcionavam como tradicionalmente se pensa sobre o establishment americano. Manning escreveu: “Servidores ruins, registros ruins, segurança física ruim, contrainteligência ruim, análise de sinal negligente... Uma perfeita tempestade”.
A negligência “alimentava oportunidades”. Para o soldado, “essas oportunidades se apresentaram sob forma de dois laptops militares, cada um deles com acesso privilegiado a segredos de Estado norte-americanos. (...) Espanta o fato de que um soldado raso pudesse ter acesso aparentemente irrestrito a essa enorme fonte de material confidencial.
E que pudesse fazê-lo praticamente sem supervisão ou salvaguardas, no interior da base, é mais impressionante ainda. Ele passava horas examinando documentos e vídeos altamente confidenciais, usando fones de ouvido e fingindo cantar Lady Gaga. Quanto mais lia, mais alarmado e perturbado ficava, chocado com o que considerava duplicidade e corrupção oficiais do próprio país. Tratava-se de vídeos que mostravam o ataque aéreo de um helicóptero equipado com metralhadoras a civis desarmados no Iraque, relatos de mortes de civis e acidentes causados por ‘fogo amigo’ no Afeganistão. E havia uma quantidade gigantesca de telegramas diplomáticos revelando segredos de todo o mundo, do Vaticano ao Paquistão”.
Espantado com o material, assim como é espantoso que tenha sido permitido seu acesso às informações, Manning pegou seu CD regravável com as músicas de Lady Gaga, apagou-as e copiou os documentos. Homem de “elevada integridade moral”, segundo David House, aluno da Universidade de Boston, por que Manning decidiu arriscar e entregar o material para Julian Assange, do WikiLeaks? O jovem, impetuoso, “acreditava que o valor da informação livre para a sociedade democrática” é fundamental.
Na Estação Operacional de Contingências Hammer, no Iraque, Manning ficou profundamente irritado com um fato e isto fez com decidisse agir. Quinze iraquianos foram presos porque supostamente divulgaram “literatura anti-iraquiana”. Ao receber a tradução do material, Manning ficou estupefato: “Na verdade, era uma crítica acadêmica ao primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, que associava a corrupção dominante ao gabinete do político”. A versão do próprio Manning: “Imediatamente peguei aquela informação e fui até o oficial explicar o que estava acontecendo. Mas ele não quis me ouvir [...]. Disse para eu calar a boca e explicar como poderíamos ajudar a polícia [iraquiana] a arranjar mais detidos”.
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