O discurso do Obama no Planalto foi uma deliciosa combinação de tufu com gelatina diet.
Fica a impressão de que ele veio aqui para ver se sobra alguma coisa para as empresas americanas (a Chevron do Cerra, por exemplo) na exploração do pré-sal – clique aqui para ler “FHC não desiste: ele quer entregar o pré-sal, custe o que custar”.
Ou, o mais provável, livrar-se do fornecimento daquelas tiranias do Oriente Médio e trocar por um fornecedor onde vigora a Democracia.
(Este ansioso blogueiro saúda os manifestantes do Rio que foram, como se fazia anos atrás, para a porta do Consulado americano no Rio dizer uns desaforos. Apesar dos estalinistas to PT. Clique aqui para votar em trepidante enquete: quem teve a idéia de jerico no PT)
Uma reportagem de Sérgio Léo, no Valor, mostrou há algum tempo que esse era o busílis da questão: a venda antecipada de petróleo do pré-sal aos americanos.
A eleição de 2010 foi sobre o pré-sal.
A eleição de 2014 será sobre o pré-sal.
A relação Brasil-Estados Unidos será sobre o pré-sal.
Clique aqui para ler a entrevista da presidenta à Claudia Safatle, no Valor, em que ela diz que não mexe em direito de trabalhador e não vai usar óleo do pré-sal no mercado interno.
Vamos aos discursos.
O da presidenta foi um discurso altivo, afirmativo.
Começa que começou por elogiar o Nunca Dantes, imediatamente após Obama saber que o Nunca Dantes preferiu ir a um churrasco com os amigos e tomar cachaça brasileira, muito melhor que o vinho brasileiro.
Clique aqui para ver por que Lula não deu palanque a Obama – por causa do Irã.
E falou “com franqueza” das nossas contradições.
Dilma espinafrou a política do Obama de inundar o mercado de dólares para desvalorizar o dólar – e prejudicar todas as outras moedas do mundo.
Entre outros motivos porque isso acirra o protecionismo.
Citou as tarifas obscenas – e que Obama, na campanha, prometeu derrubar – contra o etanol da cana (quatro vezes mais eficiente que o de milho americano), além da carne bovina, algodão, suco de laranja e aço.
Em nome de uns poucos produtores de milho, Obama pune todo consumidor americano de gasolina.
E tratou da obsolescência dos organismos internacionais.
Como o Conselho de Segurança.
Aí, a resposta do Obama foi positiva (poderia ter sido mais enfática): ele disse que apóia a admissão do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, como membro permanente.
Como previsto neste ansioso blog, os colonistas do PiG consideram que Obama vetou a entrada do Brasil no Conselho e Segurança.
Muito importante no discurso da presidenta:
O PiG ignora, mas a presidenta lembrou que há uma semana entrou em vigor o Tratado Constitutivo do Unasul e seu Conselho de Defesa Militar.
O que “reforça ainda mais a unidade do nosso continente (sul-americano) (sob a liderança do Brasil – PHA), com a “consolidação de um entorno de paz, segurança, democracia, cooperação e crescimento com justiça social” – disse a presidenta.
O discursa da presidenta teve substância.
Deu de 10 a 0.
Uma pequena nota de rodapé sobre a crise terminal da Folha.
Dos jornais do PiG, o único que não publicou a íntegra do discurso da presidenta foi a Folha.
Por falta de papel e de dinheiro.
Os outros, Globo e Estadão, publicaram.
O Globo, na melhor tradição de Roberto Marinho, deu precedência ao discurso que a embaixada americana mandou.
Paulo Henrique Amorim
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