Quer dizer, então, que, depois do Nelson Johnbim, temos agora o ministro Tony Palocci.
Dois que espinafram a política externa brasileira para autoridades americanas.Papelão, hein ?
Como o Celso Amorim deve ter sofrido, nas mãos do Tony e do Johnbim.
A ALCA, como se sabe, foi uma tentativa americana de unir as Américas, sob a liderança americana.
Era a criação de um Commonwealth do Império Americano.
A tentativa começou com Bush, o pai, tomou outro formato com Clinton, e Bush, o filho, tentou ressuscitá-la.
O principal objetivo sempre foi botar o Brasil – o maior país da América Latina – debaixo do guarda-chuva americano.
Outro grande da America Latina, o México, já estava devidamente abrigado sob o guarda-chuva do Nafta.
E deu no que deu.
O PiG e a elite branca se excitaram com a idéia de aderir à ALCA e oficializar a volta à condição de colônia com que sempre sonharam.
Lula resistiu.
Celso Amorim comeu o pão que o diabo amassou nos editoriais coloniais do Estadão.
O que não se sabia é que Tony trabalhava nos bastidores.
Em tempo: como sempre, a Folha errou na hora de fazer o título. Quando deu a notícia de que o Johnbim foi ao embaixador americano para solapar a política externa do Governo a que servia, o título da Folha era outro. Escondia a infidelidade do ministro serrista. Agora, para proteger Tony Palocci – quindim de Iaiá do PiG – fez o mesmo. Deu a proteção dos últimos parágrafos da matéria.
Paulo Henrique Amorim
Telegrama abaixo mostra que dois altos funcionários do Brasil trabalharam em favor dos EUA sugerindo estratégias que ajudariam a ALCA:
“…Além disso, eles identificam dois altos funcionários do Brasil que, ao longo do processo, trabalharam em favor dos EUA sugerindo estratégias que ajudariam a Casa Branca a vencer resistências do governo brasileiro.”
“Um deles, Paulo Venturelli, coordenador geral de política agrícola no Ministério de Agricultura, teria dito – em conversas com diplomatas americanos – que “os negociadores do Itamaraty estão paranóicos”. O documento, classificado como confidencial, registra que ele foi tão franco a ponto de afirmar que “o Itamaraty tem mentido ao presidente Lula sobre a Alca”. Mais: “Venturelli disse que altos funcionários do Itamaraty estão formulando política baseados totalmente na ideologia Norte-Sul dos anos 60, e sem nenhuma real consideração econômica”.
“Além de tais considerações, Venturelli teria – segundo os americanos – feito sugestões aos EUA de como lidar com o Itamaraty. “Ele sugeriu ao governo dos EUA que adotasse uma linha dura com o governo do Brasil, como dizer a ele para aceitar a Alca como está ou será deixado para trás com os EUA e outros países avançando para formar a Alca. Sua visão é a de que esse choque pode ser necessário antes que o governo admita que a política do Itamaraty é falha”.
“Um segundo funcionário, Arno Meyer, então vice-secretário para Assuntos Internacionais, do Ministério da Fazenda, envolvido – como Venturelli – nas negociações da Alca, procurou as autoridades americanas com ideias de como minar a resistência brasileira. “Meyer nos forneceu uma franca e refletida análise sobre a situação atual no governo com relação à Alca, e sugeriu como o governo dos EUA poderia fortalecer as forças pró-Alca dentro do governo (brasileiro)”.
“…Segundo eles, Meyer disse que se os EUA conseguissem lidar com os efeitos do apoio doméstico (à Alca) na região, “isso derrubaria um dos principais argumentos do Itamaraty contra a posição dos EUA”.
EUA culparam Itamaraty pelo fracasso da Alca, revela documento divulgado pelo WikiLeaks
O fracasso na criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e os entraves que engasgaram as negociações (até hoje não concluídas) da Rodada de Doha, na Organização Mundial do Comércio (OMC), foram atribuídos pelos EUA ao Brasil – responsabilizando mais especificamente o Itamaraty, sob o argumento genérico de que o Ministério das Relações Exteriores brasileiro suspeitava de que os EUA planejavam dominar o hemisfério através da Alca.
Essa constatação está num novo pacote de documentos do governo americano divulgados pelo WikiLeaks. Os papéis estão recheados de intrigas palacianas, revelando discórdias entre ministérios brasileiros sobre a questão. Além disso, eles identificam dois altos funcionários do Brasil que, ao longo do processo, trabalharam em favor dos EUA sugerindo estratégias que ajudariam a Casa Branca a vencer resistências do governo brasileiro.
Um deles, Paulo Venturelli, coordenador geral de política agrícola no Ministério de Agricultura, teria dito – em conversas com diplomatas americanos – que “os negociadores do Itamaraty estão paranóicos”. O documento, classificado como confidencial, registra que ele foi tão franco a ponto de afirmar que “o Itamaraty tem mentido ao presidente Lula sobre a Alca”. Mais: “Venturelli disse que altos funcionários do Itamaraty estão formulando política baseados totalmente na ideologia Norte-Sul dos anos 60, e sem nenhuma real consideração econômica”.
BNDES seria usado para impedir avanço da Alca
Além de tais considerações, Venturelli teria – segundo os americanos – feito sugestões aos EUA de como lidar com o Itamaraty. “Ele sugeriu ao governo dos EUA que adotasse uma linha dura com o governo do Brasil, como dizer a ele para aceitar a Alca como está ou será deixado para trás com os EUA e outros países avançando para formar a Alca. Sua visão é a de que esse choque pode ser necessário antes que o governo admita que a política do Itamaraty é falha”.
Um segundo funcionário, Arno Meyer, então vice-secretário para Assuntos Internacionais, do Ministério da Fazenda, envolvido – como Venturelli – nas negociações da Alca, procurou as autoridades americanas com ideias de como minar a resistência brasileira. “Meyer nos forneceu uma franca e refletida análise sobre a situação atual no governo com relação à Alca, e sugeriu como o governo dos EUA poderia fortalecer as forças pró-Alca dentro do governo (brasileiro)”.
Segundo os americanos, os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento e da Fazenda teriam uma posição diferente da do Itamaraty. Segundo eles, Meyer disse que se os EUA conseguissem lidar com os efeitos do apoio doméstico (à Alca) na região, “isso derrubaria um dos principais argumentos do Itamaraty contra a posição dos EUA”.
Os registros oficiais mostram que os EUA começaram a se preocupar com a questão logo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter assumido o governo, no início de 2003. “Novos elementos de firme oposição à Alca fixaram residência dentro do governo do Brasil, em vez de permanecer nos partidos de oposição e ONGs. Isso é particularmente evidente no Itamaraty”.
Os telegramas destacam o então secretário geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, como o principal inimigo: “O papel ascendente de Pinheiro Guimarães na política sobre a Alca, dentro do Itamaraty, não é um bom agouro para que haja esforços conjuntos e colaborativos sobra a Alca”.
Para o governo americano, o Brasil não se empenhava pela Alca devido às suas próprias metas políticas “que incluem um papel de liderança na América do Sul com um enfoque vigoroso no desenvolvimento e na agenda social, que às vezes colidem em sua busca de certos interesses econômicos nacionais”. Um dos fatores principais, segundo os EUA, seria o de que além de querer ser líder regional o Brasil deseja “ser a força motor por trás da revigoração do Mercosul”.
Segundo a análise, o Brasil lançava mão do BNDES para impedir o avanço a Alca. Através de linhas de crédito a Argentina, Venezuela, Bolívia, Colômbia e Peru, o país procurava “reforçar os laços regionais e a fidelidade ao Brasil”.
Os papéis deixam claro que, depois de muito esforço, o próprio governo americano desistiu de insuflar uma reviravolta na posição brasileira: “O Itamaraty foi colocado a cargo da política da Alca, e nós não acreditamos que esforços para explorar as diferenças entre ministros tenham êxito. Tentativas de agitar a situação (…) só serviriam para endurecer os linha-duras e minar os ministros que compartem de nossa opinião”.
__________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário