segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

PiG é PiG até no Egito

Milton Temer é o único deputado federal a exigir do Banco Central de Fernando Henrique informações (jamais concedidas) sobre Daniel Dantas.
Ele foi o primeiro naquele prédio a perceber que Daniel Dantas era uma ameaça ao sistema político do país.
Temer chamou a atenção das redes sociais para o fato de a Globo enviar um repórter ao Cairo para cobrir o vandalismo.
Temer, é o que a Folha faz.
Na primeira página, no alto, “Saques e atos de vandalismo levam pânico ao Cairo”.
“Uma onda de pânico se espalhou pelo Cairo”, inicia o bravo “enviado”.
De “pânico” e júbilo, alegria, fervor, esperança com a queda iminente de um ditador feroz.
O PiG é assim, Temer, PiG até no Cairo.
Cobrir o Egito da perspectiva do vandalismo é o mesmo que dizer que o protagonista do Novo Testamento é Judas.
Agora, amigo  navegante, imagine um “enviado” do PiG ao Egito.
Diante dele, a ruína de um sistema pago pelos Estados Unidos – US 1,5 por ano, há 30 anos -, com a finalidade de manter o fluxo do petróleo e a estabilidade do regime de Israel.
(Depois de Israel, o Egito recebe a maior mesada do Tesouro americano.)
Um sistema, portanto, que pressupõe discriminação e perseguição em Gaza e a supressão do Estado Palestino (em boa hora reconhecido pelo Governo Nunca Dantes).
Imagine um representante do PiG chegar ao Cairo e ver diante dos olhos ruir um sistema que formava oficiais superiores das Forças Armadas no Pentágono, em Washington.
Um sistema que podia montar no Egito, com exclusividade, tanques americanos M1A1 Abrams com licença especial.
Um Porto Rico com o Museu do Egito – é o que era o Egito do Mubarak.
(Ou um México, já que a corrupção no sistema Mubarak era um modo de vida.)
O PiG está diante de um impasse.
Ainda não sabe o que os Estados Unidos vão fazer.
A esperança numa “transição ordenada” – como disse a Hillary – não basta para orientar o PiG.
Hillary ainda não sabe até que ponto os islamitas mandarão no novo regime.
Até que ponto serão preservadas as relações com Israel.
Se a Jordânia – outro Porto Rico – vai cair junto.
Com certeza, o que se sabe, é que Mubarak entra para a lista do Xá da Pérsia e do Toni Blair: é uma fria ser poodle dos Estados Unidos.
Fora do poder, o poodle não tem direito nem a água.
Como o Xá da Pérsia com os comunistas, Mubarak vendia a carta “ou eu ou o Bin Laden”.
A verdade é que, enquanto a Al Jazeera cobre o levante popular, a tevê estatal egípcia cobre o vandalismo.
Como o PiG.
Deviam mandar o William Waack para lá.
Seria perfeito, com aquelas mandíbulas mubarakianas. 

Paulo Henrique Amorim
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