quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A Hora das “lobbyes”

 No Tijolaço

Ao contrário dos jornalistas, eu tenho o dever de falar pouco, neste momento, sobre a montagem do novo Governo.
Não é correto, no regime presidencialista, indicar nomes, embora seja legítimo que os partidos aliados tenham o desejo de participar do Governo, desde que a escolha de quem irá representá-los não seja impositiva, mas apenas indicativa.
A confiança pessoal, ao lado do significado político, é indispensável.
Ao contrário, os nomeados não seriam ministros da Presidente, mas dos partidos.
Mas posso e devo falar sobre as especulações que enchem os jornais. Não aposto um tostão furado no que está sendo dito sobre Lula defender – e aos montes – a continuidade de certos nomes nos ministérios.
Lula vai – e com toda a razão – e espera ser consultado sobre decisões de Dilma na composição do primeiro escalão do Governo. Vai – e deve – opinar.
Mas só quem não conhece política pode achar que ele iria defender por terceiros – e muito menos de forma que vazasse para a imprensa – a manutenção deste ou daquele ministro, mesmo que a deseje.
Lula sabe que isso criaria uma “cota” sua no Ministério. Ministros que, politicamente, deveriam sua indicação a Lula e colocariam Dilma numa posição de pouca ou nenhuma autoridade sobre seus atos.
Em relação a alguns nomes, como o do Ministro Nélson Jobim, não é novidade este lobby. Ele, que já se ofereceu nos jornais para ser ministro de um eventual Governo Serra, conta com a assessoria de imprensa informal da jornalista Eliane catanhêde para que a Folha publique que Lula teria sugerido sua continuidade, com o argumento de que o “passado guerilheiro” de Dilma poderia criar abalos no setor militar.
Balela. Puro lobby “ficacionista”. Se Jobim ficar – o que seria péssimo – será por causa, apenas, das negociações complexas do programa de modernização das Forças Armadas, sobretudo a questão da compra dos caças.
Lula – eu volto a apostar – está, a esta altura, rindo destas pressões. Ele não precisa de intermediários para falar com Dilma e falará, para sugerir nomes, o mínimo essencial.
Estamos vivendo um tempo de guerra intestina pela ocupação de cargos no novo Governo. E, como diz o ditado gaúcho, em tempo de guerra, boato é como terra.
o Governo Dilma é um governo de continuidade. O mais natural é que as mudanças vão ocorrendo, portanto, aos poucos, a começar das áreas que estão preenchidas com substitutos e por aquelas onde, na avaliação dela própria – que tem, como ex-chefe da Casa Civil todas as condições de julgar a afinidade e a operacionalidade de cada setor – novas nomeações possam resolver problemas crônicos. E, ainda, na acomodação de um quadro de forças saído da eleição que não estava posto no final do Governo Lula.
Portanto, eu diria aos que fazem este lobby que, se não é inútil, mais provavelmente é contraproducente.
Lula só intervirá na escolha a pedido da própria Dilma, ou se houver alguma situação aguda.
___________________________

Nenhum comentário: