Por Luis Nassif
“Não é de surpreender a entrevista de Henrique Meirelles ao Globo, dizendo ter sido convidado por Dilma Rousseff para continuar no cargo de presidente do Banco Central – mas ter condicionado o aceite à manutenção da autonomia do banco.
Cobrado pela equipe de Dilma sobre a declaração, Meirelles disse não ter conversado com ninguém sobre o assunto – comprometendo a jornalista que deu a matéria.
Conheço Meirelles desde os anos 80. No antigo “Cash”, depois “Dinheiro Vivo", na TV Gazeta, devo ter sido o primeiro jornalista a abrir espaço para ele. Conheci-o quando o procurei para me explicar a matemática financeira do leasing – para a seção “Cartilha do Investidor” que tinha na coluna “Dinheiro Vivo”, da Folha.
Ele era o diretor de leasing do banco; posteriormente, tornou-se presidente da filial brasileira.Inteligente, articulado mas sem nenhum conhecimento mais aprofundado sobre economia e sobre mercados, já era dotado de uma megalomania nítida, que chocava o meio financeiro paulista.
Como, por exemplo, sair para compromissos prosaicos – como almoçar em um restaurante – acompanhado por uma comitiva de seguranças, algo que, na época, nem mesmo os presidentes de grandes bancos ostentavam.
O grande vendedor
Reencontrei-o na volta de sua passagem pelos Estados Unidos, em dois seminários dos quais participamos, ele já eleito deputado federal por Goiás e ainda não convidado para o Banco Central.
Surpreendi-me com o jogo de cena de Meirelles. Apresentava-se como o mago das finanças, o sujeito capaz de resolver os problemas nacionais. Todas as matérias sobre ele o apresentavam como o presidente internacional do BankBoston – o Global President.
Em um dos encontros, no Congresso de Fundos de Pensão na Bahia, os organizadores me pediram que participasse do debate, depois da apresentação de Meirelles.
Quando alguém do público pediu a receita para resolver os problemas brasileiros, o mago das finanças foi definitivo:
-Eu juntaria todos os credores e diria: vamos obter o superávit nominal (receita menos despesa incluindo juros). Aí acabaria com o déficit nominal e imediatamente eles baixariam os juros.
Com a taxa de juros em dois dígitos, só mágico para obter superávit nominal da noite para o dia. Perguntaram o que eu achava da proposta de Meirelles. Respondi:
-Temos duas estradas cortadas por uma cordilheira. Como fazer para juntar as duas estradas? Simples: basta remover a cordilheira. Falta responder apenas quem e como a cordilheira será removida.
Houve alguns risos irônicos na plateia, que incomodaram Meirelles.
O segundo encontro foi em um Seminário do Sebrae em Goiás, sobre a “cara” do Estado – em cima de um trabalho do sociólogo italiano Domenico Massi, sobre a cara do Brasil.”
Artigo Completo, ::Aqui::
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