quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Vem bala (de prata) por aí

 POR EDUARDO GUIMARÂES

A primeira pergunta mais importante, neste momento político, é sobre a motivação do personagem chamado Carlos Atella Ferreira, portador da procuração apresentada à unidade da Receita Federal no ABC paulista autorizando o beneficiário do documento a extrair informações fiscais sobre Verônica Serra, filha de José Serra.
Os portais de internet corporativos anunciam que o misterioso portador de uma procuração que a filha do candidato do PSDB nega ter assinado seria um “estelionatário” que teria “vários CPFs” e “cheques sem fundo”…
A segunda pergunta que se faz, diante disso, é sobre como a tal procuração pode ter sido tão convincente a ponto de fazer com que a delegacia da Receita em Santo André aceitasse documento carimbado em nome do Cartório do 16º Tabelião de Notas de São Paulo, capital.
Diante disso, algumas especulações:
1 – O funcionário da Receita que aceitou a procuração pode estar envolvido em uma trama criminosa para extrair informações sigilosas da filha de um político em disputa eleitoral.
2 – O Cartório do 16º Tabelião de São Paulo, senhor Fabio Tadeu Bisogni, que supostamente “autenticou” a assinatura de Verônica Serra pode estar envolvido na trama.
3 – Funcionário da Receita e Cartório podem estar envolvidos na trama.
4 – A procuração não pode ser verdadeira porque o cartório que supostamente a “autenticou”  nega que Verônica Serra tenha registrado sua assinatura por lá.
5 – Verônica Serra mente ao negar que tenha solicitado a quebra do próprio sigilo.
6 –  A delegacia da Receita envolvida no caso está localizada em um distrito que não é o de residência de Verônica Serra, o que aumenta a probabilidade de falsificação do documento.
7 – É absurdo imaginar que Serra apostasse tanto no caso e o levasse à entrevista que deu ao Jornal da Globo na madrugada desta quarta-feira se a filha tivesse mesmo pedido a quebra do próprio sigilo.
8 – O portador da procuração suspeita, Carlos Atella Ferreira, pode ter agido a mando do PT, pois este pode ter tentado atingir a candidatura do tucano.
9 – O mesmo portador da procuração suspeita pode ter agido a mando do PSDB para este forjar um escândalo contra a candidatura Dilma Rousseff.
10 – A lógica não explica por que a campanha de Dilma cometeria crimes de tal gravidade contra um adversário que está derrotando tão facilmente, segundo as pesquisas.
É perfeitamente lícito, a partir destas especulações – que não passam disso, mas que têm boa dose de lógica –, considerar a possibilidade de surgir alguma ligação entre o tal Carlos Atella Ferreira e o PT ou alguma entidade que possa ser ligada ao partido.
Será um indício não conclusivo, mas que buscará induzir no eleitorado maior suspeita de que as acusações de Serra à campanha de Dilma são verdadeiras.
A mídia, mais uma vez, tratará o indício como prova, jogando com o pouco tempo que resta para 3 de outubro para que não seja possível desmentir o factóide.
Parece-me difícil que o caso não tome esse caminho. Essa pode ser a verdadeira “bala de prata” que estava sendo preparada. Mas também penso que ficará demonstrado que faltou os que a dispararam combinarem a estratégia com os “russos”. Quem são eles? Isso eu não conto… Ainda.
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