por Tiberio Alloggio (*)
Como em todas as pesquisas a candidatura de Serra chegou ao seu nível mais baixo (25%), os tucanos perderam as estribas e não tendo mais nada a perder partiram para a baixaria.
O reflexo dessa situação na base petista é a constante oscilação entre o nervosismo, a ansiedade, a raiva e a impotência. Sentimentos esses que por outro lado estão sendo compensados pelos números (amplamente favoráveis) das pesquisas, cujos efeitos colaterais, porém, levam à euforia e à tentação de calçar o salto alto.
Esta aí, configurada, a mesma combinação de fatores que levaram para o segundo turno a eleição de Lula em 2006. Um fenômeno que se subestimado pode se repetir agora em 2010.
Nunca é demais lembrar que as eleições ainda não foram vencidas, e duvidar da capacidade da Globo e do PIG de sujar ainda mais o jogo seria subestimar demais os adversários.
Objetivo deles agora é resistir a qualquer custo. Tentar chegar ao “segundo turno” “custe o que custar”, e de lá repartir para disputar uma “nova eleição”.
Por isso, já está em andamento a operação que visa garantir uma sobre vida à agonia terminal de Zé Serra. Portanto, preparam-se! Pois até o dia 3 de outubro assistiremos a uma infinita sucessão de baixarias explicitas, requintadas por supostos “dossiês”, cujo prefacio foi a violação do sigilo fiscal de uma cambada de tucanos de alta plumagem, incluindo aí a filha de José Serra.
Na tentativa de alterar o rumo da eleição presidencial, Serra e o PIG resolveram jogar tudo nesse escândalo.
Três os objetivos:
Vincular o caso ao cotidiano da maioria dos eleitores;
Apresentar José Serra como vítima de forças escusas;
Colocar as digitais do PT no caso, a exemplo dos aloprados de 2006.
Estupidez? Maluquice? Nada disso. Tem que ficar claro que para Serra e os demo-tucanos esta é a batalha final. A última das batalhas. Se perder essa, significará ter perdido a guerra. Afastados do poder federal por mais uma década, não sobreviverão, será a morte politica. Daí o desespero total e até mesmo golpista da campanha de Serra.
Nesse sentido, a campanha petista terá que ser mais habilidosa do que nunca, não se deixando levar pela emoção, tampouco pelo efeito “já ganhou” dos números das pesquisas. É o momento este de saber usar a inteligência, de usar o cérebro e não o figado, como costuma fazer a oposição.
O grito do Serra e do PIG é o mesmo dos desesperados. Daqueles que, em desvantagem, já desistiram de disputar o jogo, apelando para a confusão. Mais uma manifestação implícita de golpismo, do desejo (inconfessável) de “tapetão”, como demonstrou a tentativa (fracassada) de cassação no STE da candidatura da Dilma.
Esse patético teatrinho montado por José Serra tem também o objetivo de atanazar ainda mais o espírito da base petista, a qual precisa entender que uma despolitização das eleições nesse momento só interessa a quem não tem mais nada a perder.
Sem propostas e discurso em grau de reverter o rumo de sua campanha, o objetivo primário de Serra hoje é despolitizar a campanha. Por isso a base petista precisa de serenidade e paciência, pois ainda não é hora de aceitar provocações.
Para afetar corações e mentes dos eleitores, o PIG e a demo-tucanada aboliram o termo “escrúpulo” do seu vocabulário. O episódio da quebra de sigilo é apenas mais um exemplo do jogo sujo de Zé Serra, outros episódios esquálidos devem vir aí.
Nunca é demais lembrar que (em 2006) foram suficientes apenas duas semanas de jogo sujo para a Globo levar a eleição ao segundo turno. O jogo portanto ainda não se encerrou.
Está na hora da campanha petista tomar conta das ruas, ir diretamente ao povo com quem tem intimidade. Hora do PT politizar ainda mais essa eleição, e fechar definitivamente a fatura José Serra.
Caso contrário, correrá (mais uma vez) o risco de ser obrigada a fazê-lo ainda no segundo turno.
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* Sociólogo, reside em Santarém. Escreve regularmente no Blog do Jeso
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