Por Rodrigo Vianna
O estilo “pitbull” de Bonner (com todo respeito aos cães) na entrevista com Dilma, na última segunda-feira, poderia ser encarado apenas como uma “dificuldade técnica” do apresentador.
Há outras formas de fazer entrevistas duras e reveladoras, sem apelas para a falta de elegância.
Minha colega Adriana Araújo – hoje na Record - é um exemplo de como isso pode ser feito: mineira, come o entrevistado pelas beiradas, e faz o sujeito falar sobre tudo que interessa, sem aparecer mais do que a pessoa que está sendo entrevistada (lembro bem que ela fez isso com Renan Calheiros, logo após o “escândalo” da filha fora do casamento).
Bonner, aparentemente, não sabe agir assim. O que pode ser visto apenas como uma deficiência técnica (ou falta de educação pura e simples), se ele mostrar esse mesmo comportamento com todos os entrevistados no “JN”.
Será que vai repetir a dose com Serra e Marina? O telespectador não gosta. Mas, vá lá. Se fizer com todos os candidatos, ao menos terá sido deselegante com todos.
Pelo histórico da Globo em eleições passadas, difícil que isso ocorra. Eu estava na TV Globo, em 2006, quando um diretor pediu para mudar as perguntas (na sabatina feita pelo “SPTV”) que seriam endereçadas a Serra, então candidato a governador.
Três jornalistas – todos eles seguem na emissora, por isso não revelarei os nomes – confirmaram diretamente a mim que a ordem veio do Rio: “mudem essa pergunta, não façam aquela outra, façam esa aqui”.
Ganha uma foto do Serra sorridente quem adivinhar qual foi o diretor que deu a ordem, direto do Rio?
Na época, as entrevistas com os outros candidatos a governador de São Paulo, foram duras – mas feitas com elegância por Carlos Tramontina. Na hora do Serra, a ordem foi aliviar geral… E o tucano nem precisava disso. Os aloprados já tinham atrapalhado a candidatura de Mercadante ao governo, pelo PT. Mas a “Globo” não resiste – é o DNA…
Fato curioso é que o estilo “pitbull” de Bonner não nocauteou Dilma no “JN” de segunda-feira. Deixou a candidata nervosa, é fato. Mas quem saiu mal daquilo foi o Bonner.
Nem o “Estadão” se impressionou com a entrevista. Na edição impressa, o jornal (que não esconde a simpatia por Serra) convocou alguns especialistas para avaliar a entrevista. Fizeram uma análise bastante equilibrada.
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