por Tiberio Alloggio (*)
A última pesquisa IBOPE captou (por última) a tendência irreversível de Dilma Rousseff vencer as eleições ainda no primeiro turno. Apontando que a menos de milagrosas reviravoltas, a eleição já estaria definida antes mesmo de ter começado.
Um desastre monumental para o candidato José Serra e a oposição politico midiática, que prefigura a morte física da frente PSDB-DEM, a mesma que quando governo afundou o Brasil. e quando oposição conseguiu se afundar sozinha.
É sabido que os resultados eleitorais só valem após a apuração, mas mesmo assim é bom começar a nos preocupar sobre os reflexos que um fato político desse porte teria na década que se inicia no 1º de janeiro de 2011.
Qual o cenário político que nós espera? E quais as consequências sobre o quadro sócio-econômico do Brasil?
A melhor forma de desenhar cenários é olhar para trás, o mesmo período que temos pela frente e verificar o que ocorreu naquela ocasião.
A década atual foi caracterizada por uma luta sem fronteiras entre dois blocos políticos contrapostos, tendo de um lado o PSDB e do outro o PT.
Uma luta que iniciou a ser travada ainda nos anos 90 e que teve como pano de fundo duas concepções antagônicas de entender a politica, a economia e a sociedade.
A primeira, centrada na crença neoliberal do livre mercado e na liquidação do patrimônio público, personificada por Fernando Henrique Cardoso. A segunda, baseada na centralidade do Estado como indutor do desenvolvimento e no combate às desigualdades sociais, protagonizada pelos governos do presidente Lula.
Se ao abrir as urnas no 3 de outubro o trunfo de Dilma se confirmar, nesse mesmo dia assistiremos, em contemporânea, a dois diferentes tipos de celebrações:
1. A festa pela definitiva consagração do presidente Lula e do PT.
2. A Missa do 7º dia da oposição politica brasileira (na forma conhecida). Inclusive a única que poderia oferecer uma oposição consistente ao novo governo que vem aí.
Nesse cenário, o núcleo duro do PSDB (o paulista), derrotado nacionalmente, ficará entrincheirado na sua fortaleza de São Paulo, tentando resistir ao ataque final, que deverá ocorrer já em 2012. Enquanto isso, seu principal gregário, o DEM, deverá entrar em processo irreversível de extinção, vindo a engrossar as fileiras dos partidos nanicos.
Há quem diga que esse cenário seria um dos piores possíveis, pois (em tese) não existiria governo, que por virtuoso que fosse, possa resistir a um mandato sem oposição (riscos de autoritarismo ou de regressões autoritárias).
Mas quem tem culpa por uma oposição chula como aquela que aí está? Que, além de questionar todos avanços do povo brasileiro, nem conseguiu perceber que com os índices de aprovação acima de 80% a única e grande tônica dessas eleições teria sido: quem iria dar continuidade ao governo Lula? E que, por isso, um anti-Lula acabaria estrondosamente derrotado?
Embora exista sim um risco real, pelo fato que a recomposição de uma nova oposição com novas bases programáticas deve levar no mínimo quatro anos, o novo cenário politico brasileiro permanece promissor.
Se o Brasil terá que aguardar, ou não, quatro anos pela consolidação de uma nova oposição, só o tempo dirá. Mas ainda assim, a década que vem aí possui características politicas e estruturais únicas para o fortalecimento da nação brasileira.
O PT, como grande vencedor, deverá se firmar como força politica predominante, aquele que dará as cartas no xadrez politico nacional.
Com um líder democrático, centrista e conciliador como Lula na posição de “líbero”, o PT deverá se tornar um “novo partido” absorvendo os setores socialdemocráticos do PSDB, do PMDB e dos demais, completando assim sua metamorfose de social-democratização.
Esse processo criará as condições politicas para que a esquerda do PT se forme uma nova agremiação politica. Um novo partido de esquerda com chances reais de propor mudanças sociais mais radicais e que dependendo da conjuntura poderá fazer alianças e/ou contribuir seja na oposição como na situação no novo quadro politico em formação.
Um novo partido realmente competitivo, que aposentará definitivamente a esquizofrenia politica dos atuais grupos políticos do “esquerdismo do contra”.
Enquanto isso, a economia brasileira (com a inflação controlada) deverá crescer estavelmente na casa de 5% a 7% ao ano. E o PIB, que hoje é o oitavo, deverá se tornar o 5º do mundo.
Principal supridor mundial de commodities, o Brasil, graças aos seus recursos naturais, também se firmará como uma grande potência energética.
A ascensão social do povo brasileiro deverá entrar em marcha acelerada, ampliando ainda mais seu acesso ao consumo. Enquanto a universalização da educação e da saúde de qualidade, assim como o saneamento básico, continuarão evoluindo positivamente.
Sediando os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, o Brasil estará no “centro do mundo”, será a grande vitrine mundial da década.
Enfim, se como tudo indica, a vitória de Dilma estaria prestes a se concretizar, a década do pós-lula, por incrível que apareça, terá ainda mais a cara do Lulismo, inclusive com a possibilidade real de um seu retorno em 2014.
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* Sociólogo, reside em Santarém. Escreve regularmente no Blog do Jeso.
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