segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Aprovação mais alta do PT projeta bancada recorde

Partido tem maior relação entre preferência do eleitor e votos para deputado.
Se for mantida agora a coincidência de índices dos últimos 20 anos, partido poderá eleger mais de cem deputados.

Partido mais popular do país desde o ano 2000, o PT reconquistou o apoio que havia perdido durante a crise do mensalão e hoje é apontado como a legenda preferida por 25% dos eleitores, patamar mais alto de sua história.
O partido, que chegou a ter 24% de preferência em dezembro de 2004, despencou para 15% em fevereiro de 2006, oito meses após a denúncia do mensalão.
A recuperação começou depois da reeleição de Lula. Em dezembro de 2009, o PT atingiu 25% de preferência popular, valor que permanece estável desde então (os números são do Datafolha).
A retomada da popularidade em ano eleitoral pode ser vista como indicador de aumento da bancada petista na Câmara dos Deputados.
Levantamento feito pela Folha mostra que há 20 anos existe grande correlação entre o índice de preferência do PT e o total de votos que o partido obtém para seus candidatos a deputado federal.
PT_prefer
Se a correlação se mantiver na disputa deste ano, o PT poderá eleger mais de cem deputados federais.
Em 1990, segundo o Datafolha, 9% dos eleitores afirmavam que o PT era seu partido preferido. A legenda teve então 10,2% dos votos e elegeu 7% dos deputados.
Em 1994, com 13% de preferência, teve 12,9% dos votos e 9,6% de deputados; em 1998, 11% de preferência, 11,2% dos votos e 11,3% de deputados; em 2002, 20% de preferência, 18,4% dos votos e 17,7% de deputados; em 2006, 16% de preferência, 14,9% dos votos e 16,2% de deputados federais.
A diferença entre a preferência do PT aferida pelo Datafolha e o percentual de votos do partido nunca superou 1,6 ponto percentual.
Já a discrepância em relação às bancadas eleitas é maior (3,4 pontos), em razão das coligações partidárias e sobretudo das distorções na distribuição das cadeiras da Câmara entre os Estados.
Na década de 90, o PT era mais forte no Sul e no Sudeste. Com 60% do eleitorado, as regiões tinham 49,6% das vagas na Câmara. Daí por que o partido conquistava menos cadeiras que votos.
O crescimento nos anos posteriores ocorreu sobretudo no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que têm proporcionalmente mais vagas. Em 2006, a legenda conseguiu mais cadeiras que votos.
O PT também chegou aos grotões. Em 1993, estava presente de forma organizada em cerca de 40% das cidades; em 2009, em 96%.
OUTROS PARTIDOS
A preferência partidária não é um indicador necessário de intenção de voto.
Se a regra parece valer para o PT, no caso dos outros partidos não é possível encontrar correlação. Em 2006, por exemplo, o PSDB elegeu 12,9% dos deputados, mas tinha 5% de preferência. Já o PP, com 1% de preferência, elegeu 8% dos deputados.
O PT hoje é exceção quando o assunto é preferência partidária. Metade dos eleitores declara não ter nenhum partido predileto.
As demais siglas têm índices bem menores. O segundo colocado é o PMDB, com 7%, seguido pelo PSDB, com 5%.
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Um comentário:

Unknown disse...

Uma estratégia para Mercadante
(publicado no “Amálgama”)

As próximas movimentações da campanha de Aloizio Mercadante esclarecerão se ele está de fato empenhado em vencer a disputa para governador de São Paulo, ou se busca apenas fortalecer pretensões futuras (por exemplo, à prefeitura da capital). Caso planeje satisfazer as expectativas da militância, o senador dispõe de um repertório muito restrito de manobras.
Seu desafio imediato, chegar ao segundo turno, é mais difícil do que parece. Como se sabe, Geraldo Alckmin (PSDB) possui vantagens quase insuperáveis: maior tempo de propaganda no rádio e na TV, apoio dos grandes veículos de comunicação e das maiores empresas do país, imensa estrutura administrativa, ocupada há quase duas décadas por quadros peessedebistas.
Dadas as circunstâncias, a única maneira de minimizar esses trunfos nos poucos meses disponíveis seria unir esforços com a campanha de Dilma Rousseff, para benefício de ambos. Em outras palavras, trata-se de regionalizar o embate presidencial e identificar a candidatura de José Serra com a sucessão paulista.
As pesquisas apontam ampla vantagem do tucano em São Paulo, cuja densidade populacional é suficiente para influir no contexto nacional. O adiamento da definição paulista ajudaria a encerrar as disputas presidenciais já no primeiro turno. Centrando esforços no front estadual, as campanhas petistas atingiriam a máscara de bom administrador que Serra exibe no resto do país. Expondo as fraquezas da hegemonia do PSDB paulista, minariam a vantagem de Alckmin, constrangendo-o a defender (ou, mais provavelmente, atacar) os desafetos de partido.
Desunidos em São Paulo, como já estão em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, os tucanos caminhariam juntos para a derrota presidencial imediata. No segundo pleito, desgastado, Serra teria participação apenas protocolar na campanha de Alckmin. Ao mesmo tempo, Mercadante seria beneficiado pelo prestígio de Lula e Dilma.
Mas, para tanto, petistas e aliados precisam tomar a iniciativa e atacar, impondo a pauta dos debates sucessórios. Tudo que Alckmin quer agora é uma campanha propositiva e enfadonha, que anestesie o eleitor até outubro.
Temas não faltam para constrangê-lo: as atrocidades impunes da PM, a vergonha do sistema carcerário, as violências praticadas contra os menores da Fundação Casa (antiga Febem), as suspeitas no Rodoanel e no Metrô, o sucateamento do ensino público, as enchentes nas marginais paulistanas e, principalmente, os escorchantes pedágios que cercam as principais cidades do Estado. Aliás, é assombroso que alguém precise forçar a inclusão de escândalos dessas proporções na agenda eleitoral.
Impera certa mistificação no meio político em torno da chamada campanha negativa. Basta que os ataques demonstrem respeito às demandas populares para conquistar a empatia do eleitorado. Denunciar adversários e esclarecer o público não exigem necessariamente uma comunicação pesada ou repulsiva. As peças audiovisuais criadas com esse fim podem assumir inúmeros formatos, da comédia à reportagem, passando pelo drama e até pela animação.
Recursos técnicos e humanos não faltam. Mas haverá verdadeiro interesse dos personagens envolvidos?

http://www.guilhermescalzilli.blogspot.com/