terça-feira, 6 de abril de 2010

PORÔES DA DITADURA


“Eliminar fisicamente adversários seria uma decisão estrita de um presidente da República, segundo Passarinho. 
Ele reconhece que essa decisão foi tomada no fim do Governo Médici … Mas acha que, no caso de Geisel, as mortes e os desaparecimentos foram mais numerosos e menos justificáveis.”
“ … o Massacre da Lapa (chacina que, em 1976, praticamente dizimou o comitê central do PCdoB). Quem fez isso? E quem matou o Comitê Central do Partidão? Não foi o Médici, não. Isso foi uma política de Estado ? É lógico que foi !”
“Uma ordem para não fazer prisioneiros só podia vir do presidente da República, de mais ninguém.”
“ … no Governo Geisel houve uma política de Estado de extermínio dos adversários quando os militares já haviam feito, na gestão anterior, a limpeza da guerrilha urbana, que era o que efetivamente ameaçava o regime militar.
“ … a guerrilha do Araguaia (1969-1975, do PCdoB) foi utilizada como pretexto para continuar o regime autoritário. Era um movimento inexpressivo. … (n)uma área cercada, que poderia resultar até na morte por fome dos guerrilheiros … era um grupo de 60 pessoas completamente isolado …”
Trechos da entrevista de Jarbas Passarinho, ministro do Governo Médici, a Maria Inês Nassif e Paula Simas, e publicada no Valor, no caderno Fim de Semana, pág. 4.
Uma corrente subalterna da cobertura jornalística dos anos militares tentou transformar Ernesto Geisel em George Washington e Golbery do Couto e Silva em Thomas Jefferson, como se fossem os pais da Nova Democracia Brasileira.
Essa corrente de interpretação jornalística provocou três males.
Primeiro, deu as bases ideológicas para a teoria da “ditabranda”, ou seja, como diz a Folha (**) da província de S. P., o regime militar no Brasil foi uma trivialidade.
Segundo, armou a defesa dos que não querem punir os torturadores do regime militar.
Se Geisel e Golbery, com sabedoria e antevisão, criaram, solitariamente, a Nova Democracia, para que rever ?
Rever o quê ?
Essa impunidade, como demonstrou a mesma Maria Inês Nassif, no Valor faz com que a tortura no Brasil seja rotineira e aplicada, sempre, no lombo dos pobres.
Em terceiro lugar, a glorificação do Grande Stadista Ernesto Geisel passa mel na consciência da elite brasileira, cúmplice e beneficiária do regime militar.
Se eles eram tão bonzinhos, e se foram tão bonzinhos com os nossos negócios, vamos deixar isso para lá.
A anistia foi “mútua”.
É o que pensam o Farol de Alexandria – clique aqui para ler “Ele pensa que você é bobo, amigo navegante” – , o Zé Inacabado (o novo Carlo Lacerda, mas que não sabe fazer concordância ) e o Supremo Ex-Presidente do Supremo, Gilmar Dantas (***).
Foi Ele, o Supremo dos Supremos quem disse que rever a Lei da Anistia seria provocar, como provocou em muitos países (quais ?),  graves distúrbios.
Só se fossem os distúrbios gástricos que acompanham a água da Sabesp na Baixada Santista.
A entrevista de Jarbas Passarinho puxa a brasa para a sardinha do Governo Médici.
Chega a dar a entender que, se Geisel tivesse sido Presidente antes de Médici, Médici iria para o Reino dos Céus.
Eles se merecem – Geisel e Médici.
E, como diz o Mino Carta, se o Brasil fosse uma democracia, Geisel Médici e os heróis da Nova Democracia seriam julgados in absentia.
Em tempo: se Geisel mandou matar os dirigentes do Partidão e do PCdoB, por que não haveria de mandar matar o Jango? 

Paulo Henrique Amorim 

(*) “stadista” – é assim mesmo, como o Camarada Stalin, que muitos ex-comunistas admiram e/ou admiraram.
(**)Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é ; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(***)Clique aqui para ver como um eminente colonista (****) do Globo se referiu a Ele.  E aqui para ver como outra eminente colonista (****) da GloboNews e da CBN se refere a Ele.
(****) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (*****) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(*****)Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista
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