Eduardo Azeredo está sendo denúnciado por um esquema conhecido por mensalão mineiro, tucanoduto ou valerioduto.
Uma brincadeira que capturou mais de R$ 100 milhões, com desvio de verbas de estatais e empréstimos bancários. Oficialmente, a campanha de Azeredo custou R$ 8 milhões.
A intermediação entre o núcleo da campanha e os políticos favorecidos ficou a cargo da SMP&B, a agência do publicitário Marcos Valério, que, segundo a Polícia Federal (PF), lavou parte do dinheiro com notas fiscais frias.
Essa forma de caixa 2 teria sido usada em âmbito nacional em campanhas do PT, dando origem à crise enfrentada pelo governo federal em 2005.
Há meses a papelada no STF contra Azeredo rolava para lá, rolava para cá, mas ficava no mesmo lugar. É fácil explicar porque: FHC deu a ordem ao Gilmar “Nada de ruim pode acontecer a Azeredo, do contrário estamos todos lascados”.
Gilmar cumpriu à risca sobrestar a denúncia contra o senador. Até que pode.
MAS QUEM Ë AZEREDO?
Azeredo foi eleito vice-prefeito de Belo Horizonte em 1988, na chapa de Pimenta da Veiga. Pimenta renunciou um ano e meio após a eleição, para disputar o governo do Estado, e foi derrotado por Hélio Garcia. Azeredo virou prefeito até o final de 1992.
Em 1994, foi eleito governador de Minas por absoluta falta de opção do eleitorado.
Três candidatos disputavam o governo. O atual vice-presidente José Alencar, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e Azeredo. Por algo menor que um por cento, Hélio Costa não levou as eleições no primeiro turno. Perdeu-as no segundo turno para Azeredo.
O hoje senador nunca foi levado a sério no mundo do tucanato. Prefeito por circunstâncias imprevistas, virou candidato a governador quando se achava que ninguém conseguiria derrotar Hélio Costa. Uma espécie de “vai lá, disputa e pronto”.
Em 1998, quem andou no fio da navalha foi FHC. O presidente tratou de comprar um segundo mandato. Uma espécie de “liberou geral” no Congresso Nacional.
Leilão de concessões de rádio, TV, dinheiro vivo, tudo sob a coordenação de Sérgio Motta (ministro das Comunicações à época) e ACM, então figura maior do conjunto de máfias do Congresso.
Comprados os deputados e senadores e “aprovada” a reeleição, FHC enfrentou o desafio de Itamar Franco.
O ex-presidente decidiu então ser candidato ao governo de Minas e mandou um recado claro a FHC: “Qualquer problema e eu boto a boca no trombone”. O outro candidato era Azeredo, que disputava a reeleição.
FHC pouco apareceu em Minas e no segundo turno das eleições para o governo daquele Estado, indagado sobre seu candidato respondeu: “Os mineiros é que decidem quem deve governar Minas”.
Só que, na mesma entrevista, havia defendido, minutos antes, o voto em candidatos tucanos em outros Estados. Quer dizer, jogou Azeredo às feras.
Itamar foi eleito governador do Estado. Sem mandato, Azeredo esperou as eleições de 2002 e candidatou-se ao Senado. Eram duas vagas em disputa. Uma para ele, outra para Hélio Costa.
Sem o trio que o orientava no governo de Minas, (sua mulher; Mares Guia – vice-governador; e Roberto Brant – renunciou ao mandato de deputado para não ser cassado por corrupção) Azeredo cumpre mandato melancólico no Senado.
Adversários políticos dizem que ele “é uma espécie de depósito de projetos e serviços sujos”.
Parlamentares experientes sempre ressaltaram que Azeredo atua como “laranja” de interesses inconfessáveis no Senado.
“Sem votos em Minas, Azeredo não vai ser candidato à reeleição. Já cumpriu o papel que lhe cabia cumprir, vai para o almoxarifado dos inúteis, deve virar deputado federal”, revelou um ex-assessor do senador, que não quis ser identificado.
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