Três sem-terra foram feridos a tiros ontem à tarde em confronto com seguranças da Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, na fazenda Maria Bonita, em Eldorado do Carajás (PA). A empresa é do banco Opportunity, de Daniel Dantas. É a segunda vez em um mês que integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e seguranças da empresa entram em confronto. Em abril, oito sem-terra e um segurança ficaram feridos em uma troca de tiros na fazenda Espírito Santo, em Xinguara.
Segundo policiais militares que foram ao local ontem à tarde, os sem-terra disseram que os agricultores foram atingidos de raspão na cabeça, nos braços, nas pernas e nas costas.
"É o momento mais tenso desde o massacre, pelo número de famílias envolvidas na disputa com a empresa. Não sei até quando os trabalhadores vão ficar só contando seus feridos", disse José Batista, advogado da CPT, que começou a atuar na área à época do massacre de Eldorado do Carajás, em 1996, quando 19 sem-terra foram mortos por policiais. "O que assusta é a ordem dada: encontrou um invasor, atirou", afirmou.
No mês passado, capangas de Daniel Dantas abriram fogo contra trabalhadores rurais deixando nove feridos. As investigações ainda não acabaram.
A chegada do grupo Opportunity, ligado ao banqueiro Daniel Dantas, ao sudeste do Pará aumentou a tensão em uma das áreas de maior conflito fundiário do país, afirma a CPT (Comissão Pastoral da Terra). Segundo a comissão, braço agrário da Igreja Católica, a Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, que tem o banco como um dos acionistas, contratou, com seu poderio econômico, quantidade de seguranças nunca vista antes na região.
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