sexta-feira, 27 de março de 2009

O GRAMPO DO FLEXA

Do Estadão:
A seguir, trechos de grampos que levaram à prisão na quarta-feira, 25, quatro executivos da Camargo Corrêa, duas secretárias e quatro doleiros.

No dia 15 de setembro do ano passado, às 12h54, Dárcio Brunato e Pietro Francisco Bianchi, diretores da empreiteira, discutiram o suposto esquema de doações ilegais aos partidos.


Pietro:
O Dárcio, escuta... aquele dinheiro que foi mandado pra Fiesp, como é que foi...foi lá pra Brasília?
Dárcio: Não...a Fiesp...o que era do Agripino (senador José Agripino Maia) foi pro partido... pra aquela informação que ele havia mandado...
Pietro: Peraí, peraí, peraí, peraí...eram 200 e 300, não é isso?
Dárcio: Então...o que era 300 foi do jeito que eles pediram.
Pietro: Quem pediu?
Dárcio: O e-mail que o senhor recebeu deles que era pro partido...
No mesmo diálogo, Pietro e Dárcio voltam a falar sobre o repasse de "300" para o DEM, de Agripino, e outros "200" iriam para o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e que "aí foi 100 para o partido". Eles também listam as siglas que foram beneficiadas.
Pietro: 200 que era do Flexa... Dárcio: Exato... aí foi 100 para o partido...
Pietro: Que partido? Dárcio: O que ele havia sido solicitado inicialmente pro senhor...tem na relação...os outros 100...
Pietro: Quem tinha solicitado?
Dárcio: O Luiz Henrique (Luiz Henrique Bezerra, representante da Fiesp em Brasília) ...
Pietro: O Luiz Henrique... 100 pro partido? Dárcio: Isso...
Pietro: Ã...e... Dárcio: Os outros 100 ele dividiu em três partidos...PPS...PP (inaudível)
Pietro: PPS...PPT... Dárcio: Não...é...PSB, PDT e PPS
Pietro: PT...PPS? Dárcio: PPS...
Dárcio: Paulo, Paulo... Pietro: Salvador... Dárcio: Tá bom...
Pietro: Hein? Paulo, Paulo, Salv...PSB, Paulo, Salvador, Brasil e o outro é PT? Dárcio: PP...
Na continuação, Dárcio fala de uma suposta "relação" de beneficiários das doações da Camargo Corrêa. A referência pode ter ligação com uma lista de partidos e parlamentares apreendida pela Polícia Federal no dia em que Castelo de Areia foi deflagrada.

Pietro: Não interessa...mas foi Agripino para o partido? Que partido?
Dárcio: Acho que é pro DEM, viu? Pietro: Hein? Dárcio: Tá na relação aí, Pietro...
Pietro:
Eu não tô com a relação aqui...tá, no partido DEM...mas isso foi orientação de quem, do Guilherme?
Dárcio: Do Luiz Henrique para o Guilherme...
No dia 23 de setembro, às 10h19, Pietro entra em contato com um interlocutor identificado apenas como Marcelo. Eles negam que as doações sejam feitas "por dentro". Utilizam ainda o que a PF considera um código para encobrir a transação: "tulipa". Trechos do seguinte diálogo mereceram grifos no despacho.

Marcelo: Então... nós tínhamos... que realizar algumas coisas ontem... e hoje...
Pietro: Hum... Marcelo: E não aconteceram
Pietro: Quais foram? Marcelo: Aquela tulipa, lembra? Chegou a ver?
Pietro: Não... Marcelo: Então...
Pietro: O que que é isso? Marcelo: Eram algumas coisas para acontecerem ontem...
Pietro: Sim... mas o que é, campanha política? Marcelo: É...
Pietro: Por dentro? Marcelo: Não...
Pietro: É, então não tô sab... nem eu tô sabendo... tudo...
No dia 27 de janeiro deste ano, Pietro entrou em contato com Fernando Dias. Eles conversaram sobre um suposto pagamento ao deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA). Pietro cita novamente uma relação de beneficiários. Chama-a de "aquela pasta das eleições", onde estão "todos os caras que foram pagos".
Pietro: O que o Luiz tá querendo aí.
Fernando: É do José Carlos Aleluia, saber se foi pago alguma coisa no passado.
Pietro: Mas pagamos, não? (...) Fernando: Diz que ele tem um pen drive lá embaixo.
Pietro: Além disso, na minha pasta lá, tem aquela pasta das eleições. E lá tem todos os caras que foram pagos.
Fernando: Eu procuro lá então.

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SIC!
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