quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

PT - A VOLTA DOS DINOSSAUROS...RECAUCHUTADOS

O ex-Campo Majoritário do PT paulista está se articulando rapidamente em torno da candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República e de um único nome na disputa para o governo de São Paulo em 2010. Com isso, procura retomar a hegemonia na estrutura nacional do partido e o poder de barganha que tinha no passado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A tentativa do ex-Campo Majoritário, agora distribuído em mais de uma tendência, é para que essa articulação recomponha o equilíbrio de poder interno do PT que deu a vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. A partir de 1998, e até 2002, prevaleceu um pacto de convivência entre um líder carismático conhecido nacionalmente e uma estrutura burocrática que era forte e capilarizada. Lula usava da estrutura para disputar eleições e sua popularidade contribuia para o crescimento da legenda.
Recompor agora com Lula significa proporcionar à Dilma o uso de uma máquina partidária grande - e muito organizada no Estado mais rico da Federação - e capitalizar a excepcional popularidade de Lula. De quebra, a tendência pode ganhar mais densidade num futuro governo Dilma, se ela vencer as eleições.
Foram os integrantes do ex-grupo chamados por Lula no Palácio do Planalto, no começo do ano, e encarregados de transitar internamente o nome da ministra Dilma Rousseff como candidata à sua sucessão, em 2010. Os ex-prefeitos Marta Suplicy (SP) e Fernando Pimentel (MG) e o deputado João Paulo (SP) foram os encarregados da tarefa. Os paulistas articularam-se rapidamente. Venceram a resistência de José Dirceu.
O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, já deu uma declaração pública em favor da ministra - com a ressalva implícita de que a candidatura tem que obrigatoriamente passar pelo partido.
Simultaneamente, fecharam um acordo entre os três postulantes ao governo - Marta Suplicy, o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia e o ex-ministro Antonio Palocci - e vão se entender em torno de um único candidato. Isso levará um grupo grande e coeso para a candidatura de Dilma e fortalecerá a sua posição no Diretório Nacional.
No período que antecedeu ao escândalo do mensalão, o Campo Majoritário paulista era hegemônico, tanto na tendência como no partido. Enfraqueceu-se devido ao envolvimento de vários de seus integrantes no escândalo do mensalão, em 2005, e dividiu-se. O grupo perdeu posições no partido com a queda dos dois ministros mais poderosos do primeiro mandato de Lula: José Dirceu, da Casa Civil, e Antonio Palocci, da Fazenda. São Paulo perdeu espaço para outros líderes que cresceram na contramão.
Dilma, no pontapé inicial de sua candidatura, conta com a popularidade de Lula, mas não conseguirá se viabilizar sem uma relação estreita com o PT, que continua grande e capilarizado mesmo depois de passar pelos revezes de 2005. Vai definir suas relações com o PT pelas mãos do ex-Campo Majoritário. O grupo que tenta se reunificar conta com a sua experiência de articulação interna, que lhe dá rapidez, e com a concordância tácita das outras tendências de que a candidatura deve ser a da ministra.
Ao que parece, o ex-Campo retoma suas articulações com a força que tinha antes. Mostra-se capaz de passar como um trator por interesses que contrariem a sua estratégia.
A vitória de dois peemedebistas para a presidência da Câmara e do Senado passa por uma articulação já em andamento para negociar, com cada diretório regional do PMDB, a aliança com Dilma.
Na Câmara, o grupo lutou até o último minuto para conseguir a vitória do deputado Cândido Vaccarezza (SP) como líder. O outro candidato, Paulo Teixeira (SP), era aliado do ministro da Justiça, Tarso Genro (RS), que vê a sua postulação à Presidência da República reduzir-se a pó.
Maria Inês Nassif
--

Nenhum comentário: