por Tiberio Alloggio (*)
A morosidade do sistema jurídico com Santarém e a sua prefeita reeleita está empurrando os acontecimentos políticos de tal forma que o Município já se encontra na esquina do próximo imbróglio.
Estão vindo aí novas eleições, que poderão ser suspensas, e, se realizadas, não significar absolutamente nada até que não se resolva o imbróglio maior, o direito da Maria do Carmo de governar a cidade que a reelegeu.
Enquanto isso, de imbróglio com imbróglio, partidos e lideranças politicas seguem a risca o copião escrito pela justiça(?) eleitoral.
Na urgência de respeitar o calendário carnavalesco do TRE, o cenário montado pelos partidos foi no melhor estilo novela da Globo. Ou seja, não tendo um final de novela ainda definido, o capítulo das eleições de 8 de março teve a escalação de um elenco exclusivamente de comparsas. Alguns deles com “áurea alternativa” para tentar fisgar o eleitor mais desprovido.
Mas ninguém se engane, pois nessa disputa eleitoral de mentirinha não tem nem alternativas, nem novas ‘lideranças”. Só foram escalados os comparsas e os dublês dos verdadeiros protagonistas, que na conjuntura atual não puderam (Maria) e não quiseram (Maia) concorrer.
O campo político permaneceu o mesmo, e a correlação de força também. A situação vem com a cara do vice de Maria, o advogado José Antônio Rocha (PMDB), enquanto o PT se contentou em indicar Milton Peloso como vice.
A oposição lançou Alexandre Von, o eterno dublê de Lira Maia. Ainda convalescente pela “surra” sofrida em outubro, Maia resolveu ficar em fisioterapia, abrindo a vaga de vice para o médico e transformista político Nélio Aguiar.
Dos comparsas da eleição passada, só sobrou Márcio Pinto (PSOL), enquanto Joaquim Hamad resolveu evitar de se expor mais uma vez ao ridículo. Enfim, o quadro politico manteve-se praticamente o mesmo, com onze partidos coligados no eixo PT-PMDB-PDT-PSB, contra o eixo DEM-PSDB coligado aos nanicos PSDC, PV, PMN, PPS.
Única novidade, porém irrelevante do ponto de vista do peso eleitoral, foi volta do Grupo dos Cearenses (PMN e PPS) ao quintal cipoalenses.
Como há males que vêm para o bem, esse imbróglio todo acabou por deixar mais claro para a sociedade o quadro politico real. O recuo tático do PT em deixar ao PMDB a ponta da coligação, se por um lado indica que a opção principal do partido é ainda o retorno de Maria à prefeitura, pelo outro demostra a escassez de opções petistas para uma eleição majoritária.
O recuo de Lira Maia, indica que o deputado sacou que sua rejeição subiu aos níveis de G. W. Bush, por ter recorrido ao tapetão para se vingar da “surra” que poderia ter deixado para Alexandre Von já na eleição passada, inclusive agora esperando na derrota do confederado para não se enfraquecer ainda mais.
Além do mais, Lira Maia sabe que sua “inelegibilidade” pode vir a ocorrer em 2009, e não será pelo fato dele ser Promotor de Justiça, tornando seu futuro político incerto.
Enfim, Lira Maia teve que abrir seu quintal para Alexandre Von, reforçado-o com a volta no galinheiro da dupla Helenilson Pontes e Nélio Aguiar. Mais um desastre politico dessa dupla que continua impressionando pela vocação à derrota e ao suicídio politico. No caso do Nélio Aguiar, já é um fato patológico. Vencedor em 2004, chegou a ser secretario de Saúde, cargo que ao invés de promovê-lo acabou por afundá-lo. Meteu-se então com Almir e Lira Maia acabando por apanhar nas eleições estaduais.
De novo ressurgiu com Maria e se elegeu vereador. Bastou uma confusão e acabou por atirar mais uma vez no próprio pé, entrando na canoa furada do dublê de Lira Maia.
Enquanto isso, já é grande a revolta de moradores e lideranças comunitárias na região urbana e rural do município, decepcionados por ver Santarém no caos, e prejudicados com o fato do governo legitimo não poder implementar seu programa.
Se por ventura ocorrerem novas eleições, além do custo financeiro coletivo terá que se contabilizar também o prejuízo à credibilidade ao sistema democrático, pois ninguém está dando credito para eleições que poderão ser de mentirinha.
Por isso, é urgente a Justiça agir para reparar rapidamente aos seu próprios erros, para que Santarém não caia definitivamente na ingovernabilidade politica e social, que a prejudicará durante a legislatura toda.
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* É sociólogo e reside em Santarém. Escreve regularmente no Blog do Jeso.
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