Lula, numa entrevista à revista Piauí afirmou que não lê o noticiário, por que lhe dá azia. Gerando inúmeras e até furibundas reações dos letrados.
Mas ler ou não ler o noticiário é bom ou é ruim?
Um Presidente da República não precisa ler o noticiário. Presidente da República não precisa abrir portas. Sempre haverá um auxiliar para fazer isso por ele.
Um Presidente da República pode acompanhar o que ocorre pela sinopse, pelo "clipping" que resume e seleciona notícias. Ele passa a acompanhar a realidade pelo crivo de quem organiza e opera o clipping.
Esse quadro já ocorreu com o mais letrados dos Presidentes que não tem tempo para a leitura dos jornais.
A mídia hoje mostra muito mais o que acontece de ruim, as tragédias, do que ocorre de bom. Notícia boa é a quase tragédia que não ocorreu, como o avião pousado no Rio Houston, pela perícia do seu comandante. Ele foi tão bom, que na subida acertou de uma só vez dois pássaros, um em cada turbina.
Nós somos levados a ler o que a mídia acha que precisamos saber. E Lula não quer saber.
Mas se ele não lê, como fica informado das coisas. Como toma decisões, da mais alta importância como Presidente da República?
Pela forma mais tradicional: a comunicação oral.
E toma as decisões em função de sua incrível capacidade de percepção: ele é capaz de perceber com rapidez problemas e situações complexas que lhe são trazidas pelos seus auxiliares, formando uma opinião. Que não se limita aos seus interlocutores mais próximos.
Como Lula não é um Presidente de gabinete, ouvindo apenas os seus áulicos, a interlocução com outros atores ajudam-no a ter uma percepção da realidade mais do que qualquer outro que tente acompanhar essa pela leitura dos jornais.
Principalmente quando se tornam fixações. Lula, no momento, parece ter uma: o pressal (ou continuaria sendo pré-sal?). Até o ano passado tinha outra: a mamona e a agricultura familiar.
A leitura dos jornais sobre a crise mundial só confude mais do que informa e orienta. Não informa, deforma.
Ainda mais que em economia o seu que informa é sobre o passado. E, nem o passado é certo. Não apenas no Brasil.
Ontem foi noticiado que o crescimento do PIB chinês não foi de 11%, mas de 13%. Quando? Agora? Não, em 2007.
Não é melhor para o Brasil que o seu Presidente não leia o noticiário?
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