por Tiberio Alloggio (*)
Um dos fenômenos mais perversos do sistema politico eleitoral brasileiro é a promiscuidade politico-partidária que se manifesta todas as vezes que o centro hegemônico do poder muda de dono. Ë um fenômeno que sempre existiu, inclusive aceito e praticado pela maioria dos partidos.Por isso, quase ninguém mais se escandaliza quando os inimigos de ontem se tornam (de repente) os amigos, ou amantes de hoje, para (de novo) voltar a ser inimigos, amigos e amantes, num motoperpétuo movido pelo negócio da política, ou se preferir, pela política entendida como negócio.A incongruência dessa lógica evidenciou-se no exato momento de Lula e o PT, até então críticos da promiscuidade politica, chegaram ao governo e, em nome da “governabilidade”, aderiram à logica dos apoios e das alianças incômodas.
Uma justificativa até compreensível, inclusive na perspectiva posta pelo PT de introduzir as REFORMAS necessárias para acabar com as distorções do sistema politico e as praticas ilegitimas e antidemocráticas.
Mas, ao baixar a guarda, o PT descobriu que uma parte de seus dirigentes já estava à vontade com essa lógica perversa, e o “mensalão” só confirmou que não foram apenas as boas intenções que inspiraram essa nova ‘desenvoltura” do PT em fazer alianças.
Um grande choque para a sociedade, e um grande baque para o PT que alem de perder a “inocência” acabou rachando, deixando mortos e feridos pelo caminho.
Os chororôs pedindo ética, moralização, e principalmente REFORMAS, como sempre acabaram por não dar em nada. Muito pelo contrario, o cenário das alianças promíscuas cresceu de tal forma que hoje só “o GRITO” (foto) do pintor Edvard Munch conseguiria retratar adequadamente o sistema de alianças partidárias no Brasil.
Helio Costa nas “Comunicações” governa pela Rede Globo, e todos os demais que “ganharam” as concessões publicas. Rudolf Stephanes, aristocrata e direitista, dá as cartas para os ruralistas na Agricultura.
Nelson Jobim, tirou a capa preta e vestiu a farda da Defesa, de onde também comanda sua bancada no STF. No Banco Central, o tucano e agiota Henrique Meireles faz com que os especuladores ganhem mais dinheiro.
Os dos movimentos sociais já se foram todos e só sobraram alguns petistas que nem dão conta do recado. Tarso Genro se submeteu ao Gilmar Mendes e ao Daniel Dantas para acabar com a função republicana da Policia Federal. Paulo Vannucchi, abandonado por Lula, segue levando chutes dos assassinos e torturadores da ditadura, enquanto Carlos Minc, uma espécie de metralhadora verborrágica, continua cuspindo balas de festim.
O Judiciário, além de zelar pelos seus salários, os melhores por sinal, consegue se manter no topo dos maiores índices de IMPUNIDADE do mundo. Com isso, os fichas sujas tomaram posse, ou ficaram livres de se candidatar a qualquer coisa, mas em Santarém resolveram cassar o registro da prefeita eleita pelo “crime” de compor o quadro do Ministério Publico, ameaçando “novas eleições” na expectativa de algum ficha suja voltar a arrombar o cofre público.
Enquanto isso, Santarém vem sendo “governada” por um prefeito-tampão. Um vereador cuja empresa presta serviço para a própria Prefeitura, ou seja, para ele mesmo, sem que ninguém ache isso “estranho”.
Um dos seus principais assessores (podendo até ser secretário) é o ex-prefeito de Belterra que responde a processos por improbidades. A mesma situação do ex-prefeito de Juruti, que “quase’ virou assessor especial do Governo de Estado. Ambos são fichas sujas, inimigos históricos do PT, mas por serem (como muitos outros) atrelados e apadrinhados ao PMDB, aliado regional do PT, acabam por gozar dos benefícios públicos.
Se por um lado os avanços econômicos e sociais que Lula e o PT proporcionaram à sociedade brasileira são indiscutíveis, pelo outro, a aproximação promíscua de Lula e o PT com a DIREITONA só agravou as fragilidades e as distorções do sistema politico.
Não lembro quem foi que disse que a alma da DIREITONA brasileira é perversa, e que por isso, quando seduzida pela esquerda, acaba por se excitar ao ponto de querer “enrabar” ainda mais o PT.
É uma analise freudiana amplamente condivisível, mas que para ser completa acredito esteja faltando algum elemento. Será que toda essa tentativa de seduzir a DIREITONA, sem que isso resultasse em mudanças das regras politicas perversas, não seria um sintoma que algo de inconfessável estaria ocorrendo também na esquerda? Talvez aquele incônscio e irresistível desejo de querer ser “enrabado”?
Todo cuidado é pouco, especialmente olhando os recentes acontecimentos santarenos.
Texto Extraido do Blog do Jeso
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