terça-feira, 16 de dezembro de 2008

"EL RATON" QUANDO O RODA ERA VIVO

O Brizola era um gênio, um, democrata, um estadista. E um grande entrevistado.
Uma dessa entrevistas inesquecíveis de Brizola foi no Roda-Viva da TV Cultura, em 1987.
Na época, havia no "Estadão" um jornalista chamado Lenildo Tabosa Pessoa - reacionário, quase fascista, e anti-brizolista até a medula, na medida em que isso deveria agradar aos chefes dele na família Mesquita.
Bem, o Lenildo foi chamado pra compor a bancada de entrevistadores do Roda-Viva, e lá pelas tantas sapecou a provocação:
"governador, muita gente na esquerda brasileira diz que Fidel Castro costuma chamá-lo de "El Raton"
... "(Lenildo preparava-se para contar a velha lenda, nunca comprovada, de que Brizola teria pego dinheiro de Cuba para fazer guerrilha e depois embolsado a grana).
Brizola virou o jogo contra o jornalista
Leonel Brizola: Eu não vejo ninguém mais parecido com "raton" do que você. (risos)
(silêncio no estúdio, Lenildo acusa o golpe e fica sem resposta; Brizola parte pra cima)
Leonel Brizola: Olha, você fez uma cara de "raton".
Lenildo Tabosa Pessoa: Só que Fidel Castro não pensa assim.
Leonel Brizola: Isso tudo foi alguém que criou para me ofender, me agredir, me insultar. Como você quis fazer.
Lenildo Tabosa Pessoa: É isso que eu fiquei sabendo.
Leonel Brizola: Não mexeu com o meu pulso. Agora pode crer não há telespectador que esteja assistindo este programa que vendo sua cara e que não achasse parecido com um "raton". Pode crer. Você tem uma cara de "raton" que em poucas pessoas eu tenho visto na minha vida.

A saída de Brizola foi genial porque Lenildo tinha mesmo uma tremenda cara de "ratón". Ou, então, ficou parecido com "ratón" diante da investida do engenheiro.
Lembrei dessa história engraçada ao ler sobre essa história dos entrevistados que teriam sido escolhidos a dedo para entrevistar Gilmar Mendes, no Roda-Viva
Lembrei do Lenildo Tabosa Pessoa, lembrei das feições de Gilmar Mendes, e não é que eles têm algo em comum?
Não há aqui nenhuma insinuação, apenas uma constatação de ordem fisionômica.
Por isso, pergunto: onde estarão os ratos na entrevista desta semana?
Já houve um tempo em que o Roda-Viva não permitia que entrevistado escolhesse entrevistador.
Pelo contrário: a idéia era botar jornalistas que provocassem o debate. Mesmo que, às vezes, a entrevista descambasse para o bate-boca.
Mas, hoje há ratos por toda parte. Ratos bochechudos. Ratos de chapéu, ratos de terno e gravata...Eles se merecem.

fonte Rodrigo Vianna
---

Nenhum comentário: