segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

PRESENTE DE NATAL: ADVINHE QUEM ENTREVISTOU GILMAR MENDES NA "FOLHA"?

por Rodrigo Vianna

O Gilmar Dantas, digo, Mendes tem um excelente assessor de imprensa. Não resta dúvida. Primeiro, consegue espaço no Roda-Viva da TV Cultura, com entrevistadores sob medida (compare com a bancada de jornalistas que uma semana depois entrevistou o delegado Protógenes, e tire suas conclusões).

Agora, véspera de Natal, o presidente do Supremo consegue página inteira na "Folha de S. Paulo".

Não chega a me espantar. Passo os olhos pela entrevista no jornal. Em ritmo de fim-de-ano, adoto uma leitura preguiçosa, começando pelo meio do texto. Depois de ler quatro ou cinco perguntas pra lá de insossas, uma luzinha amarela acendeu-se, e resolvi conferir quem eram os entrevistadores.

Essa parece até piada: Andréa Michael - a repórter de Brasília que, no relatório de Protógenes, é apontada como autora de reportagem "encomendada" por Daniel Mendes, digo, Dantas - é uma das entrevistadoras do presidente do STF.

A outra repórter a fazer perguntas "duríssimas" para Gilmar é Lilian Christofoletti.

A "Folha" - num gesto de arrogância, talvez - quis mandar um recado para os leitores: dizem que nossa repórter fez matéria sob encomenda no caso Dantas, então nossa resposta é botar a moça pra entrevistar o Gilmar.

Essa é a leitura ingênua. Era assim que a "Folha" agiria se o Otavinho (Frias Filho) ainda mandasse no jornal. Agora, quem manda é o Luís Frias. Homem, digamos, com mais preocupações corporativas do que jornalísticas.

A entrevista de Gilmar na “Folha” é uma pérola. O país inteiro de olho nas peripécias gilmarianas no caso Dantas, mas o jornal prefere destacar na manchete a “reintegração de presos”, que seria grande preocupação de Gilmar, o bom.

Há também um “box” (pequeno texto separado do corpo principal da entrevista) lembrando que “duas medidas implantadas pelo STF reduziram o número de processos na corte máxima do Judiciário”.

O título do “box” é: “Quantidade de processos cai após medidas”. A impressão de quem lê é que as tais “medidas” foram obras de Gilmar. Mas, uma delas pelo menos (a chamada “súmula vinculante”) foi adotada em 2006, quando Ellen Gracie presidia o STF.

Relendo com menos preguiça a entrevista, percebo que um detalhe não escapou às diligentes entrevistadoras: no próximo dia 30, elas nos avisam, Gilmar fará 53 anos.

Ah, agora compreendo. A entrevista é presente de Natal para os leitores. E presente de aniversário para Gilmar, o bom.

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