Terra Magazine
Por Bob Fernandes
É grave a crise.
Sede da Agência Brasileira de Inteligência, Abin, no Setor Policial Sul, em Brasília.
O apartamento do delegado Protógenes Queiroz já foi vasculhado por agentes da PF, horas antes, na quarta-feira 5.
Na Abin, constrangimento e estranheza diante da ostensiva viatura da Polícia Federal, de onde descem agentes.
Constrangimento porque ali estão reunidos, e são testemunhas da ação, diretores, chefes e oficiais de órgãos de Inteligência de Portugal, Angola, Moçambique..., de 9 países de língua portuguesa.
Um dos convidados da Abin, e do governo brasileiro, chega a indagar:
Mas o que é isso, o que está acontecendo?
Próximo à Rodoviária Novo Rio, Rio de Janeiro, a mesma cena. Agentes da PF apreendem computadores e documentos, e o mesmo fazem na sede da Abin em São Paulo.
O alvo da Polícia Federal de Luiz Fernando Corrêa parece ser o delegado Protógenes, mas não é. Melhor, Queiroz é alvo secundário. O alvo prioritário é o diretor afastado da Abin, Paulo Lacerda.
A propósito: foi prorrogado quinta-feira 6, o afastamento de Paulo Lacerda.
Não é obra do acaso o ímpeto contra Lacerda do hoje deputado do PMDB Marcelo Itagiba (RJ).
Delegado da PF, ex-Chefe de Inteligência quando Vicente Chelloti mandava na corporação, contraparente do psdbista Andrea Matarazzo e ex-funcionário de José Serra no ministério da Saúde cuidando de "Inteligência", Itagiba está à caça de Paulo Lacerda.
Em entrevista à revista Veja, Itagiba já adiantou que pretende "indiciar" Paulo Lacerda na CPI dos Grampos.
A conclusão é elementar, como diria Sherlock a Watson: Paulo Lacerda é o homem a ser tirado do caminho. A qualquer custo.
(É possível supor que o Brasil viverá um grande e eletrizante momento no dia em que ficar claro o porquê de Paulo Lacerda ser o grande alvo.)
Quem acompanhou Terra Magazine nos idos de julho conhece alguns do detalhes da batalha fratricida vivida pela PF antes e durante a operação Satiagraha.
A batalha segue em curso, Daniel Dantas lá ao fundo, como mais cedo ou tarde se provará.
Não foram outros os motivos as seguidas ameaças de implosão da operação que levaram o delegado Protógenes a buscar ajuda na Abin de Lacerda.
Ajuda, até prova em contrário, legal e constitucional como cansou de demonstrar o ministro-chefe do Gabinete Institucional, general Jorge Félix, nos depoimentos à CPI dos Grampos.
O general, registre-se, seguirá a pregar no deserto, uma vez que nesse caso, mais do que nunca, a mídia tem lado. Para ser mais exato, tem lados. Assim como Terra Magazine tem, e o exibe com fatos, fatos e mais fatos, nomes, endereços, documentos e provas, desde o início da manhã de 8 de julho.
Quanto a Paulo Lacerda, ainda um outro registro. Seu afastamento da direção da Abin foi prorrogado quinta-feira, 6. O delegado e ex-diretor da PF foi afastado, vale lembrar, para que se apurasse o suposto grampo contra Gilmar Mendes. O grampo, como se sabe, até hoje ninguém sabe, ninguém ouviu.
É grave a crise. Muito mais do que aparenta ser. Menos pelo que está exposto, muito mais pelo que ainda está por vir.
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