RESULTADO ESPERADO OU PREVISTO?
por Tibério Alloggio (*)
Uma analise profunda do voto municipal é sempre complicada, pois o voto local tende a se descaracterizar e despolarizar em relação as disputas estaduais e nacionais que pressupõem alinhamentos políticos partidários mais consistente.
A base dos “interesses locais” nem sempre coincide com os rumos ideológicos propostos por partidos e coligações e o trabalho “político” em busca dos votos se desenvolve principalmente na relação fisiológica com as mais diversas camadas de eleitores.
Em Santarém, apesar do clima de “suspense” artificialmente criado pela mídia local em “obséquio” ao seu antigo “guru” Lira Maia, candidato pela oposição, aconteceu exatamente o óbvio. Ou seja, Maria do Carmo reelegeu-se prefeita derrotando com ampla margem de votos o deputado Lira Maia.
A vitoria de Maria é a confirmação local do ciclo político que se abriu no inicio da década com a chegada ao poder de Lula e o do PT no Brasil. Em Santarém, há pelo menos trés fatores que determinaram o tamanho da vitoria de Maria do Carmo:
1) A figura carismática e popular da candidata que apesar dos ataques da mídia e da oposição para desconstruir sua imagem, mais uma vez se demonstrou campeã de votos e popularidade.
2) O tamanho de sua coligação, que a identificou como a “única” ponta de lança para consolidar um novo ciclo político municipal, garantindo-lhe uma vitória folgada;
3) A vontade da “sociedade política” de se livrar de forma definitiva da “hegemonia Lira Maia”, fechando um “ciclo político” que a havia envergonhado em todos os tribunais.
Óbvio que há outros fatores importantes que determinaram o rumo dessa eleição, mas não há dúvida nenhuma que o “sentimento” que prevaleceu no conjunto do eleitorado foi o da “distância“ de Santarém do “homem que sabe como se faz”. Mais longe melhor, principalmente agora que o tamanho do orçamento municipal com Maria do Carmo “triplicou”, superando os 300 milhões por ano. (…)
Do ponto de vista politico partidário as novidades foram poucas. O PT continua “aglomerando” o sentimento popular das mudanças, mas sem mostrar crescimentos significativos.
O PMDB se confirma do tamanho que já conhecíamos. A oposição, partidariamente fraca, ficou do mesmo tamanho Lira Maia de 2006. A única surpresa entre os partidos veio do PDT, o vencedor nessas eleições, confirmando uma ascensão que vem ocorrendo desde 2003, e elegendo sozinho dois vereadores.
Na Câmara, também não houve grandes novidades. O PMDB confirmou o eterno Zé Maria Tapajós, e garantiu mais um mandato para a família real que revezou o caçula no lugar do rei.
Reginaldo Campos pelo PSB confirmou seu peso específico local e seu potencial futuro. Carlos Alberto (PP), não concorreu, mas elegeu seu vereador.
A oposição ficou na mesma, porém evidenciando o enfraquecimento de Lira Maia. De sua tropa só sobraram Henderson Pinto e Erasmo Maia, enquanto Valdir Matias Junior dançou. Entraram o empresário Chico da Ciframa e do Planalto veio Jailson do Mojui.
O PT, desta vez coligado, garantiu vaga ao Emir Aguiar e confirmou o turn-over entre seus candidatos, que nunca são confirmados. Desta vez entraram Carlos Jaime com perfil de movimento popular, e Evaldo da Premac com perfil fisiológico. Ambos são conhecidos por não ter “rabo preso partidário”, sendo mais sensíveis as suas respectivas bases e convicções.
A grande surpresa, além do Carlos Jaime, foi o medico Nélio Aguiar, que soube resgatar sua trajetória politica, ressurgindo das cinzas aonde havia se metido. Com uma boa assessoria e um melhor controle emocional, tem todas as condições de ser “elemento” de destaque na Câmara Municipal.
Enfim, apesar do “clima” criado pela mídia e fomentado pela oposição, em Santarém só aconteceu o óbvio. Ou seja, não aconteceu absolutamente nada e tudo continua da mesma forma que as coisas estavam indo.
Nenhuma novidade então? Muito pelo contrario, o fim da “hegemonia Maia” foi fato e não foi pouca coisa. As novidades irão aparecer logo logo em 2009.
* Sociólogo, reside em Santarém. Escreve em blogs e Jornais.
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