O Massacre camponês mais mortífero da história da Bolívia desde a democratização de 1980 foi obra de pistoleiros a soldo do governo do departamento de Pando, no extremo norte do país.
A emboscada na localidade de Tres Barracas, município de Porvenir, deixou um saldo que já chega a 30 mortos e dezenas de feridos.
Na noite deste sábado (13) o governo do presidente Evo Morales considerava que o governador de Pando, Leopoldo Fernández colocou-se ''à margem da Lei".
Pando conta seus mortos
Pando concentrou as mortes em três semanas de ações violentas da oposição oligárquica da ''Meia Lua'' (que inlui ainda os departamentos de Santa Cruz, Beni e Tarija).
Durante a emboscada em Porvenir, morreram também dois funcionários do governo Fernández – embora 95% das vítimas sejam camponeses abatidos a tiros pelos pistoleiros. Os fatos foram comprovados por diferentes testemunhos de sobreviventes, que falaram aos meios de comunicação (clique aqui para ouvir o depoimento de uma líder camponesa que presenciou a chacina).
Na sexta-feira, o Gabinete de Ministros decretou o estado de sítio no departamento de Pando. Tropas militares foram mobilizadas para retomar o Aeroporto Aníbal Arab, de Cobija, tomado por paramilitares. No conflito com as milícias direitistas, tombou o marinheiro Ramiro Tañini Alvarado, de 17 anos, morto por uma bala de calibre 22, segundo o resultado da autópsia.
Isaac Ávalos, secretário executivo da Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia, denunciou em Cochabamba que mais de 50 filiados à sua entidade estão desaparecidos. Eles participavam da marcha de mil camponeses que se dirigia a Cobija quando foi emboscada pelos pistoleiros.
''Mataram oito membros de nossa organização em Pando; há 26 feridos a bala e 51 desaparecidos até o momento. Isto apenas entre os filiados à nossa organização, sem contar o resto'', afirmou Ávalos, ao discursar durante uma cerimônia de entrega de ambulâncias pelo presidente Evo Morales.
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