segunda-feira, 22 de setembro de 2008

MAIS CRISE CAPITALISTA

A história de Nicolai Kondratieff tem um quê da típica história de um pensador soviético. Engajado pela Revolução de 1917 como um dos mais talentosos economistas russos, ajudou a escrever o primeiro Plano Quinqüenal da futura União Soviética. Como o livre pensar não era exatamente o modelo incentivado pela URSS, terminou num Gulag onde passou seus últimos oito anos antes de ser executado, em (provavelmente) 1938.

História da Carochinha? Não. Kondratieff tem, talvez, o modelo teórico que explica aquilo que a economia do mundo está vivendo hoje. Ondas de Kondratieff.

Segundo ele, o capitalismo – ou a economia, tanto faz – vive ciclos de 70 anos mais ou menos divididos entre primavera, verão, outono e inverno.

A primavera é marcada por um período de crescimento com inflação de uns 25 anos. O desemprego cai, salários e produtividade crescem, com a bonança vêm cobranças de ordem social.

O verão que segue é provocado pelo crescimento que encontra seu limite – não há mais recursos a explorar, sejam humanos, sejam materiais. Não é raro que as tensões após este período de crescimento culminem com uma guerra.

No outono vem e é marcado por um período de crescimento moderado. Costuma ser um período em que inovações tecnológicas levam ao sucesso de algumas indústrias pontuais e o consumismo permeia a sociedade.

No inverno, novamente a economia enfrenta seus limites mas, desta vez, o impacto é mais violento. É quando acontecem as depressões. Uma guerra mais intensa aparece no fim deste período.

Quando Kondatrieff escreveu seu estudo, ele analisou três períodos inteiros no passado e previu, daquele final de década de 20, o inverno econômico estava chegando. De fato veio a Grande Depressão e, a ela, seguiu-se a Segunda Guerra.

Se Nicolai Kondratieff está correto, o novo ciclo teve início em 1949 e o outono terminou no ano 2000. Estamos a caminho do meio do período do Inverno. Não dá para dizer que houve uma depressão profunda da economia, tampouco que um grande conflito armado fechou esta fase. Ele pode estar errado, evidentemente. A onda dos ciclos de crescimento e depressão da economia se encaixam com exatidão. Alguns analistas sugerem que o ciclo deve ser corrigido pela expectativa de vida da população – se ela se alonga, também o ciclo cresce.

Mas, nesta semana, o sistema financeiro norte-americano está enfrentando uma crise barra pesada. Um banco que já foi dono da American Express – o Lehman Brothers – quebrou. Outro, que foi símbolo do sistema financeiro, foi comprado – o Merril Lynch. E uma das maiores seguradoras do mundo, a AIG, acaba de ser virtualmente estatizada. Isso mesmo: o governo republicano dos Estados Unidos da América estatizou uma seguradora. (Alguns vão dizer que não foi bem isso. Mas foi.)

Este é o tamanho da crise.

É hora de rezar para que Nicolai Kondratieff esteja errado.

Extraído do blog do Pedro Dória

Um comentário:

Anônimo disse...

your template displayed incorrectly in my browser(chrome)