quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O HEROI DO PIG É ORELHUDO

CONVERSA AFIADA

Por Paulo Henrique Amorim

Leitura dos portais do PiG da Chuíça (*) – clique aqui para ir ao UOL; e clique aqui para ir ao Estadão – indica que Daniel Dantas recuperou a ofensiva e a condição de herói do “Estado de Direita”.
A Folha (da Tarde *2) deu em manchete em toda a extensão horizontal da primeira página, de forma irresponsável e cúmplice, uma afirmação difamatória e caluniosa do quadrilheiro Dantas contra um servidor público exemplar, de que os brasileiros sérios se orgulham, o Dr. Paulo Lacerda, diretor da Polícia Federal quando era Republicana e de lá removido, porque pretendia cumprir o dever profissional de prender o quadrilheiro Daniel Dantas.
A manchete da Folha (da Tarde *2) agasalha e acoberta a difamação de Dantas e lhe dá o verniz de credibilidade que Dantas jamais mereceu.
A Folha (da Tarde *2) se presta ao papel de materializar a estratégia contida no Golpe do “Estado de Direita”.
Qual seja: desmoralizar os investigadores, tratá-los como loucos – como fez um colonista da Folha, clique aqui para ler – e dar o púlpito de que um quadrilheiro precisava para retomar a iniciativa política.
A CPI dos Grampos não terá nenhuma função para definir uma política para o uso do grampo.
Quem vai fazer isso é o Supremo Presidente, do Supremo Tribunal Federal, que governa, de fato, o “Estado de Direita”.
A função da CPI dos Grampos é proteger os ricos e brancos e dinamitar o trabalho da Polícia.
Dantas foi depor na CPI dos Grampos, que ele controla.
Clique aqui para ler.
Foi com um HC no bolso: podia não responder, mentir e não ser preso.
Portanto, ele deu a sua versão – sem contestação.
E o PiG reproduziu as versões de Dantas de forma acrítica, tais como ele as formulou.
Dantas é o herói do PiG.
Ele não tem nada a perder.
Ele pode dizer qualquer coisa.
O Supremo dá as “facilidades” de que ele necessita.
Não é à toa que o Supremo Presidente Gilmar Mendes lhe conferiu dois HCs em 48 horas, um record mundial, que enaltece a qualidade do Judiciário brasileiro.
Dantas mente. E o PiG o leva a sério.
Quando o ínclito Delegado Protógenes Queiroz e o corajoso juiz Fausto De Sanctis depuseram lá, a repercussão no PiG foi moderada.
Agora, não, o quadrilheiro retoma o controle da opinião públicada – quer dizer, do PiG.
Ele faz a agenda. Ele sai de acusado, de quadrilheiro, de criminoso, a acusador.
E o PiG o absolve.
Dantas acusa Paulo Lacerda, Protógenes Queiroz, o Governo do Presidente que tem medo – ele vai foi ao ataque.
E o PiG oferece a ele o stand de tiro para atirar.
Foi para isso que o deputado serrista Marcelo Itagiba – clique aqui para ler os serviços que Itagiba prestou a Serra e a Dantas, já que ele funciona como um rodízio de churrasco, tem sempre uma peça nova a oferecer ao freguês – montou essa CPI.
Para desmoralizar a Polícia Federal e servir aos brancos e ricos.
Não há nada mais branco e rico do que Daniel Dantas.
Um branco de olhos azuis ...
Em tempo: vamos imaginar que Elliot Ness, da Polícia Federal, tenha prendido Al Capone. Finalmente, depois de todo mundo saber – a Polícia estadual, o Judiciário, o Legislativo – que Al Capone contrabandeava uísque falsificado do Canadá para vender nos speakeasy de Chicago. Mas, Elliot Ness era corajoso e honesto. Resistiu a todas as pressões. E conseguiu pôr algemas em Capone. Aí, o Congresso americano montou uma CPI para tratar da Lei Seca. Chama Al Capone para depor, como suspeito de ser o maior contrabandista de uísque dos Estados Unidos. O deputado Joseph Kennedy, que distribuía uísque de Al Capone no mercado de Boston, presidente da CPI, fez uma pergunta de bandeja para Al Capone. Al Capone acusa Elliot Ness. Diz que ele era um policial desonesto, movido por interesses subalternos quando decidiu, por fim, colocar as algemas nele. Caro leitor, você acha que o Chicago Tribune, o principal jornal de Chicago, seria capaz de dar credibilidade a Al Capone e colocar na manchete essa “suposta” acusação a Elliot Ness ? ? Nem pensar, não é isso, caro leitor ? Pois foi o que a Folha fez: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cp14082008.htm.
(*) Chuiça é o que os paulistanos querem impingir ao resto do Brasil. Que São Paulo – onde há uma greve de policias, que recebem o mais baixo salário do país – tem o dinamismo econômico da China e o IDH da Suíça ...
(*2) Já estava na hora de a Folha tirar os cães de guarda do armário e confessar, como fez a Folha, que foi “Cão de Guarda” do regime militar. Instigado pelo Azenha – clique aqui para ir ao Viomundo – acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir.

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