“Eu até imaginava que quando assinasse o acordo (da “BrOi”) até evitava isso e não estimulava”.
Foi o que disse Daniel Dantas, ao Estadão, na primeira pág. desta edição de sábado.
Isso é o que define a crise institucional provocada por um Presidente da República que tem medo: o Presidente Lula.
O que "evitou isso" foram três brasileiros de que devemos nos orgulhar: o Juiz De Sanctis e os delegados Protógenes Queiroz e Paulo Lacerda.
O Supremo Presidente Gilmar Mendes acaba de provocar a maior crise institucional do Governo Lula.
O Presidente Supremo do Supremo Tribunal Federal rachou o sistema Judiciário brasileiro ao meio e transformou a mais alta Corte numa rinha para se vingar do Juiz De Sanctis, governar o Brasil, e ser, de direito, seu futuro Presidente. Mendes deu o Golpe.
Deu o Golpe nas barbas de um Supremo omisso, que está em casa, a assistir a crise pela televisão.
De onze juizes do Supremo, o Presidente Lula, o que tem medo, nomeou 6 ministros.
Cadê eles ?
Vão deixar Mendes, o Supremo Presidente, acabar de destruir o Supremo ? Estão na missa ? Estudam Yoga ? Escrevem novelas picantes ?
enquanto o Supremo Presidente desmoraliza o sistema Judiciário ...
Se o Presidente Lula não tivesse medo, aumentava o número de juízes da Suprema Corte, como fez o general Castello Branco.
Ou como o presidente Nestor Kirchner, esse, sim, um presidente que não tem medo: mandava para a rua os ministros nomeados pelo Carlos Menem.
Dantas deu dois golpes no Presidente que tem medo, o Presidente Lula.
Este, de Mendes, é o segundo.
O primeiro, foi o mensalão.
Dantas é o pai e a mãe do mensalão.
Agora, para desmoralizar o Governo do Presidente que tem medo, o PiG diz que a investigação sobre Dantas nasceu no mensalão.
Não é verdade, o gérmen de Dantas é a privatização do Farol de Alexandria. Mas, na época do mensalão, o PiG escondeu e protegeu Dantas.
Naquele momento, como disse o assessor do Presidente, Gilberto Carvalho, que está atolado até o pescoço na patranha da “BrOi”, no mensalão, dois ministros (ligados a Dantas) foram a Lula dizer para ele renunciar ao segundo mandato. Foram os ministros Márcio Thomaz Bastos (*) e Antônio Palocci, que, a certa altura dessa investigação, vão aparecer, ligados de forma umbelical a Dantas. Dantas quase derrubou o Presidente que tem medo ali, naquela primeira crise. Na crise em que a Folha (da Tarde*2) transformou Roberto Jefferson em Thomas Jefferson.
Agora, nessa segunda crise, com a ajuda de um presidente do Supremo notoriamente insensato, Dantas é o pai e a mãe, também.
Um dia, Dantas vai derrubar o presidente que tem medo.
Ainda dá tempo.
O presidente que tem medo achou que, se fizesse a “BrOi”, calava a boca de Dantas e silenciava a turma do Farol de Alexandria, o FHC, que inscreveu Dantas na lista dos “mais ricos do mundo”.
O Presidente que tem medo achou que ia fazer “el gran acuerdo”.
Mandava a Dilma botar uma grana do BNDES no negócio; dava a Dantas um cala-a-boca de US$ 1 bilhão; e obrigava os fundos a perdoar as ações que moviam contra Dantas (na vã esperança de que Dantas renunciaria a processá-los na Justiça).
De quebra, calava-a-boca do Farol, que sua nas mãos quando ouve falar em “Daniel Dantas” e “disco rígido”.
O presidente que tem medo, o Presidente Lula, também deve ter medo do “disco rígido” do Opportunity.
Por isso, deixou que a metástase de Dantas subisse a rampa do Palácio.
O chefe da Casa Civil, José Dirceu, aparece numa degravação da PF associado ao nome da jornalista da Folha (da Tarde*) Andréa Michael, como sendo especialista numa chamada “conta-curral”.
Diz Humberto, o Humberto Braz, o genial “Guga”, da quadrilha de Dantas, segundo a Polícia Federal: vamos resolver a consultoria dele em duas vezes ... na “conta-curral”.
Diz Gilberto Carvalho, assessor pessoal do Presidente da República, o que tem medo: tá.
Completa “Guga”: 50% já e 50% quando o meio ambiente aprovar...
Esse é o presidente eterno do PT e chefa da Casa Civil do Presidente que tem medo.
No lugar dele, entrou a Ministra Dilma Rousseff.
A Ministra Rousseff me disse a mim, Paulo Henrique Amorim, que a fusão da Brasil Telecom com a Oi só sairia se um grupo empresarial brasileiro botasse dinheiro do próprio bolso.
Mas, o presidente que tem medo convenceu Rousseff a mudar de idéia.
E ela aparece nas investigações com o “Gomes”.
“Gomes” é, na quadrilha de Dantas, o codinome de Luiz Eduardo Greenhalgh. “Gomes” era um dos heróis do PT, quase eleito Presidente da Câmara. Advogado de presos políticos.
No auge da crise do “caso Celso Daniel”, o presidente que tem medo incumbiu “Gomes” de acompanhar pessoalmente o caso, a investigação, os bastidores para fazer um relatório reservado ao presidente que tem medo.
Tal era a confiança que unia os dois: Lula e “Gomes”.
A “BrOi” está no centro desta crise.
A “BrOi” é a maior patranha empresarial brasileira e ela foi negociada dentro do Palácio do Planalto, com o aval do presidente que tem medo.
Dantas está certíssimo.
Ele tem razão.
A “BrOi” era para pacificar tudo. Botar uma pedra em cima. Esquecer o passado. Deixar o disco rígido no cofre da ministra Ellen Gracie.
E cochichar no ouvido do Farol:
Fica tranqüilo. O disco rígido está debaixo do tapete. Ninguém vai meter a mão naquilo. Liga pro Serra e diz pra ele pra ficar tranqüilo. Eu seguro a tua barra e você segura a minha. Lá na frente a gente acerta isso tudo com o Aécio.
A “BrOi” só saiu porque Dantas recebeu o cala-a-boca.
Ele mandou o empregado José Dirceu dizer ao presidente que tem medo: se não pagar, chuto o pau da barraca e o PT vai virar um PTB.(*3)
Dantas, o “blue eyes” das gravações da PF, falou com aquele sotaque rouco do Marlon Branco no “Poderoso Chefão”: “I’ll make you an offer you can’t refuse”. Em tempo: quem quiser entender a “lógica” da decisão do Supremo Presidente Gilmar Mendes ao dar fuga a Dantas pela segunda vez, basta ler a capa da “revista” IstoÉ Dinheiro, assinada pelo chefe de redação do Sistema Dantas de Comunicação, o “jornalista” Leonardo Attuch. Está lá toda a “lógica" do Supremo Presidente. Especialmente o “argumento” de que as provas foram plantadas. O Supremo Presidente não perdoa: chamou os policiais federais de gangsters e agora de plantadores de provas. A explicação está no Attuch.
(*) Num domingo, a revista Veja chegou às bancas em Brasília. Tinha na capa a reportagem que Dantas escreveu, com a ajuda providencial de Márcio Aith, com a conta secreta do presidente Lula no exterior. Na quarta-feira à noite, o então Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, foi comer quibe cru na casa do senador Heráclito Fortes, na companhia de outra parte da Bancada Dantas no Congresso: Sigmaringa Seixas (que reaparece com notoriedade nas degravações da Polícia Federal, sempre ao lado de Dantas), e José Eduardo Cardozo. O convidado de honra do jantar – ele, na verdade, come pouco – era Daniel Dantas. Que negou de pés juntos que tivesse escrito, a quatro mãos, a capa da Veja. Thomaz Bastos é do escritório que Dantas contratou para processar Mino Carta. (A nova Polícia Federal, da gestão Tarso Genro, indiciou Dantas por essa reportagem na Lei de Imprensa !)
(*2) Já estava na hora de a Folha tirar os cães de guarda do armário e confessar, como fez a Folha, que foi “Cão de Guarda” do regime militar. Instigado pelo Azenha – clique aqui para ir ao Viomundo – acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir.
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