sexta-feira, 2 de maio de 2008

Evo cumpre o que prometeu

O PIG (Partido da Imprensa Golpista) brasileiro tratou com costumeira má vontade, ontem, a notícia de que o presidente boliviano Evo Morales decretou a nacionalização de três companhias que exploravam as reservas de gás de seu país. O noticiário se esforçou em passar novamente a imagem de um esquerdista radical que está fazendo regredir a economia daquele país andino. Mas não é bem assim.Morales nada mais fez do que já faz o Brasil: garantir o controle nacional das reservas estratégicas de hidrocarbonetos. Aqui a exploração de petróleo e gás é monopólio exclusivo da Petrobras, que pode ter sócios privados (nacionais ou estrangeiros) com participação minoritária.
Evo está fazendo o mesmo. E não o faz de forma radical.
Antes de assinar os decretos de nacionalização, o governo boliviano havia tentado negociar com a Chaco (British Petroleum, britânica), a Transredes (Ashmore, britânica) e a CLHB (Companhia Logística de Hidrocarbonetos Boliviana, de capitais alemães e peruanos) a compra de ações que garantissem o controle acionário de pelo menos 51% à estatal YPFB. As três se recusaram.
A espano-argentina Repsol-YPF aceitou negociar e vendeu 1,08% de suas ações na Bolívia para a YFPB por US$ 6 milhões.
Tudo isso já estava previsto pelo decreto de nacionalização assinado por Evo no 1º de maio de 2006. Ou seja, há dois anos.
A grande mídia golpista o condena recusando-se, porém, a recordar o processo político-histórico que levou a Bolívia a isso.
Nosso vizinho é um dos países mais pobres das Américas e o típico lugar onde o capitalismo manifestou apenas seu caráter predador. A população predominantemente indígena (que integrou o exuberante império Inca) é submetida a trabalhos degradantes e discriminada racialmente desde os colonizadores espanhóis até as elites europeizadas que os sucederam.
Quem já visitou a Bolívia sabe que o país é uma grande periferia, com transportes públicos deprimentes, condições de moradia precaríssimas, economia instável, salários baixíssimos… Um imenso mar de pobreza, não obstante as imensas reservas de gás e a cultura belíssima de seu povo.

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