SINUCA DE BICO DO PMDB DE BELTERRA
O município de Belterra, apos 8 longos e soporíferos anos de governo Oti Santos (PMDB), vivenciou em 2003, uma das mais disputadas eleição municipal de todos os tempos.
Na época Belterra se dividiu eleitoralmente em percentuais praticamente iguais, 33,3% por cada um dos 3 disputantes.
Geraldo Pastana (PT) venceu (a surpresa) sem coligação nenhuma, as eleições com apenas 6 votos de vantagem sobre Juvercilio Pereira (o Juva do PMDB), e pouco mais de 20 votos sobre a terceira colocada, a hoje peemedebista Maria Freire.
A vitória apertada do PT em Belterra (simultânea a de Santarém, Juruti, e outros municípios do oeste paraense), sinalizava as mudanças de correlação de forcas políticas que vinha ocorrendo no Brasil, principalmente em municípios onde o PT nunca havia tido tradição eleitoral expressiva.
Era o reflexo dos ventos do Governo Lula que já estavam soprando no Brasil todo, mas também era o sinal que havia acabado a época do sub-coronelismo nos chamados grotões brasileiros. Uma tendência que haveria de ser consagrada com a vitória de Ana Julia ao Governo do Estado, que acabou com décadas de dinastia peemedebista e tucana no Pará.
A vitória do PT e, sobretudo a reeleição de Lula consolidaram um quadro conjuntural totalmente diferente em relação ao da década de 90, confirmando que não estávamos assistindo a meros episódios políticos, mas sim a verdadeiras mudanças estruturais (sociais, econômicas e políticas), que vieram para ficar.
Hoje, no Brasil todo, ninguém mais ganha eleição na simples base de promessas, ou do fisiologismo. Quem não tiver propostas e projeto político para confrontar (em todas as esferas de governo), independentemente de sua coloração política será inevitavelmente derrotado.
A vitória do Pastana em Belterra também faz parte desse contexto. Em pouco mais de 3 anos, o Prefeito revolucionou as relações sociais do sonolento município, que até então não passava de uma “sucursal” política e econômica de Santarém, na base de algumas benesses políticas e do fisiologismo.
Com uma proposta política clara e um programa de governo que, com todas as dificuldades, está cumprindo à risca, Pastana mudou radicalmente o quadro político local, redimensionando todos aqueles que até então se achavam grandes (ou donos do eleitorado). Quem conhece Belterra, sabe do que estou falando, e hoje enxerga as mudanças para melhor ocorridas no município.
É nessa nova conjuntura que se joga a partida da sucessão municipal em Belterra, e Geraldo Pastana obviamente é candidato à reeleição.
Na contramão da política nacional e regional, a oposição ao governo Petista foi exercida pelo ex Prefeito Oti Santos, peemedebista apoiado pelos DEM e o PSDB, que em Belterra são inexpressivos e eleitoralmente insignificantes. Uma oposição pífia, sem propostas, caracterizada pela “vaidade” do ex-prefeito decaído, e que chegou a rachar o PMDB.
A grande questão é o que fará agora um PMDB, cada vez mais dividido entre dois grupos: os que querem fortalecer o projeto nacional e coligar com o PT, e os que querem disputar a prefeitura com candidatura própria.
Os que querem a candidatura própria são comandados pelo ex Prefeito Oti Santos, e tem em suas fileiras a eterna candidata, e sempre derrotada Maria Freire Propõem uma chapa pura (Oti – Maria), mas não tem propostas e projeto político. Esse grupo, que ainda não aprendeu nada com a derrota de 2003, acha que a política é mera questão de matemática, e que com a matemática de então 33% mais 33%, em 2008 vai dar 66%.
Os outros, acham que 2003 já está longe demais, reconhecem os avanços que Belterra teve, e com eles a força da atual Administração. Percebem que Oti Santos é um político desgastado, e que entre outros problemas, suas contas foram reprovadas pelo tribunal, podendo ser tornar inelegível. Também sabem que Maria Freire só tem peso eleitoral fisiológico, que nos dias de hoje, não garante sua competitividade. Enfim, estão cientes que a conjuntura de Belterra, da região e do Brasil (e com ela a matemática) mudou.
Desta vez o PT (a diferença de 2003) sairá coligado e já conta com o apoio de PDT, PSB, PCdoB, e mais alguns partidos menores.
Uma bela sinuca de bico para o PMDB de Belterra, um partido de grande tradição histórica no município, mas que dependendo do rumo que irá tomar na disputa de 2008, poderá entrar em um declino irreversível, deixando seu espaço histórico ser ocupado por outros.
A conferir.
O Autor é sociólogo e escreve em vários blogs
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