sexta-feira, 7 de março de 2008

ANALÍSES e OPINIÕES

SANTARÉM: DISPUTA ACIRRADA OU APENAS FAVAS CONTADAS?

Por Tibério Alloggio

2008 já estava valendo, mas no Brasil (único País no mundo), o ano só começa pra valer depois do recesso carnavalesco. Então, passada a ressaca do carnaval já caímos na real e descobrimos que 2008 é ano crucial, seja para a economia como para a política.
Na economia, apesar da crise financeira que sacode o Império Americano, não deveremos ter surpresas desagradáveis. 2007 foi ano de crescimento e todas as previsões mostram que, mesmo num cenário internacional negativo, em 2008 o Brasil continuará crescendo, talvez em taxa um pouco menor, mas escapando das turbulências, e mantendo uma linha de progressão.
Na política é ano eleitoral, as eleições municipais e os jogos políticos já estão pipocando no Brasil todo. “Duelos capitais” estão pautados nos centros onde os Prefeitos estarão esgotando seu segundo mandato, enquanto “duelos menores” se darão aonde os atuais Prefeitos, ainda podem disputar uma reeleição.
É a vantagem implícita que a formula (tucana) da reeleição ofereceu de bandeja aos detentores do mandato. Quem disputa a reeleição (com um governo pra lá de suficiente) sabe que dificilmente encontrará um oponente à altura disposto ao desgaste para enfrentá-lo. É comum (desde a reeleição) observar um eventual “grande oponente” preferir esquivar-se da disputa e esperar tempos melhores.
A sucessão santarena encaixa-se plenamente no perfil do “duelo menor”, pois teremos a Prefeita Maria do Carmo (PT) concorrendo à reeleição e uma oposição que em tese não tem nomes, alias só teria um: o do ex prefeito Lira Maia, hoje representante da bancada ruralista na câmara federal.
O maior problema de Lira Maia (líder da oposição) é que nessa disputa, dispõe de um único cartucho: ele mesmo, enquanto a eventualidade de dever gasta-lo numa “única batalha frontal” é o grande dilema que o angustia, pois o risco de derrota e ficar sem munições são reais.
Sua base política na câmara andou esfarelando-se logo no inicio do governo petista e o núcleo duro que sobrou, se destacou por fazer uma oposição pífia, sem qualquer conteúdo que merecesse algum destaque.
Apesar de Lira Maia gozar de certo crédito pessoal, a hegemonia de seu grupo político está lá embaixo, uma situação que dificilmente poderá ser revertida nos poucos meses que restam para o pleito, e o deputado sabe muito bem disso.
Por isso Lira Maia ainda não se definiu e parece propenso em abrir mão do duelo frontal, tentando convencer o PMDB (hoje aliado do PT) a vir com candidatura própria. Pegar carona com Antonio Rocha para Lira Maia e seu grupo significaria ganhar fôlego e evitar desgastes.
Antonio Rocha, líder do PMDB Santareno, também quer ser Prefeito, porem, dificilmente entrará numa disputa pesada sem ter garantias de alianças políticas consistentes. Nesse caso, o grupo de Lira Maia não oferece essas garantias, pois no município é visto como um grupo em fase declinante.
O PMDB, muito provavelmente deverá seguir o caminho da prudência, evitando aventuras que pode levá-lo a interromper a trajetória de melhora gradual de sua imagem, como veio ocorrendo nos últimos anos, inclusive ocupando espaços políticos que já foram do grupo de Lira Maia.
Ademais na escolha do PMDB pesará como uma montanha a composição política federal e estadual que projeta Jader Barbalho para o Senado em 2010 e a reeleição de seu filho em Ananindeua. E esse é um caminho obrigado que passa pelo apoio do PT. Por isso é bem provável que, se um Maia aparecer na disputa, não será o deputado, talvez seja o vereador.
Se esse quadro todo se confirmar, por incrível que pareça, ao invés de uma disputa acirrada, teremos um processo eleitoral tranqüilo, com Maria do Carmo sem adversários em grau de enfrentá-la pra valer. E tudo indica que estamos à caminho de uma eleição de “favas contadas”.
Ainda resta a oposição “canina” da “opinião publicada”, aquela oposição midiatica que desde o primeiro dia de governo inferniza a vida da Prefeita petista.
Aquela mídia que, enquanto Maria do Carmo asfalta dezenas de km de ruas, urbaniza a cidade e recupera centenas de km de vicinais, passa o tempo todo correndo atrás dos buracos históricos das administrações anteriores, que nunca denunciou. Aquela mesma que bajulava as “grandes obras” (deixadas pela metade) na administração anterior, e hoje todas recuperadas sem que a tal de “opinião publicada” desse um pio.
Aquela mídia que promovia Santarém como uma “perola” enquanto o Município decaia invadido pelo lixo, pelo descaso e pelos urubus. Aquela mídia que se recusa em reconhecer os avanços que Santarém teve e está tendo.
Mas na eventualidade de não ter o nome (Lira Maia) esperado por essa mídia, quem poderia representar essa oposição com algumas chances?
Um desses radialistas pregadores do caos? Um desses repórteres caçadores de buracos e de ladrão de geladeiras? Um jornalista de jornal que ninguém lê? Uns apresentadores de programas policiais? Ou um dono de alguma emissora?
Mas aí que está. Mesmo somados, todos eles não dariam para alcançar o 5% dos votos validos.

O Autor é Sociologo e escreve em vários Blogs

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