quarta-feira, 25 de maio de 2016

O que o grampo ao Renan revela sobre Lewandowski e o STF, Otávio Frias e a Lava Jato, Aécio e o golpe — e Dilma.


E o golpe vai sendo brutalmente exposto: Renan

por : Paulo Nogueira

O grande mérito da publicação das conversas gravadas é tornar brutalmente claro aquilo que as 
pessoas mais informadas já sabiam e que era negado pela mídia liderada pela Globo.
Foi golpe. E foi um golpe imundo, em que homens e instituições moralmente putrefatos se uniram 
para derrubar uma mulher honesta que levou a investigação da corrupção a patamares jamais vistos.
A gravação de Renan, publicada hoje pela Folha, ajuda a compreender ainda melhor o que ocorreu.
Mais uma vez, o STF aparece com destaque na trama golpista. E isto é desesperador: você pode 
cassar políticos. Mas como lidar com um poder que julga a si mesmo?
Num mundo menos imperfeito, o STF seria imediatamente dissolvido, tais as acusações e as 
suspeitas que recaem sobre seus integrantes.
Mas como fazer isso?
Escrevi ontem e repito agora: o STF era o grande argumento pelo qual a Globo, em nome da 
plutocracia, atacava como “alucinação” e “conto da carochinha” a tese do golpe.
Na conversa agora divulgada, Renan diz que todos os eminentes juízes do Supremo estavam “putos” 
com Dilma.
O motivo não poderia ser mais canalha: dinheiro.
Renan relata uma visita que fez a Dilma. Ela conta que recebeu Lewandowski para o que imaginou 
que fosse ser um encontro de alto nível sobre a dramática situação política do país.
Mas.
Mas Lewandowski “só veio falar em dinheiro”, disse Dilma. “Isso é uma coisa inacreditável.”
Há muitas coisas inacreditáveis em relação ao STF, a rigor. A demora de quatro meses de Teori para 
acolher o pedido de afastamento de Eduardo Cunha é uma delas. As atitudes sistematicamente 
indecentes e partidárias de Gilmar Mendes e seu mascote Toffoli são outra delas.
O interlocutor de Renan na conversa, o mesmo Sérgio Machado de Jucá, produziu a melhor 
definição do STF destes tempos. “Nunca vi um Supremo tão merda.”
Outros personagens destacados do golpe aparecem neste diálogo vazado. A Folha, por exemplo, se 
bateu intensamente pela queda de Dilma. Mais especificamente, seu dono e editor, Otávio Frias 
Filho.
Ele é citado por Renan como tendo reconhecido exageros na cobertura da Lava Jato.
Ora, ora, ora.
Se reconheceu o caráter maligno do circo da Lava Jato, por que ele não fez nada? Ele era apenas o 
ombudsman do jornal, ou o porteiro do prédio?
Bastaria uma palavra sua para retirar o exagero da cobertura. Se não a pronunciou, é porque era 
conivente ou inepto como diretor.
Faça sua escolha.
Aécio surge acoelhado. Tinha medo da Lava Jato, diz Renan. Sabemos agora que Aécio não é apenas 
demagogo, hipócrita e corrupto.
É também covarde.
E é neste campo que, sem saber que era gravado, Renan presta um extraordinário tributo a Dilma. 
“Ela não está abatida, ela tem uma bravura pessoal que é uma coisa inacreditável.”
Os colunistas da imprensa, nestes dias, diziam freneticamente que Dilma estava abatida. Era gripe, 
informa Renan. “Ela está gripada, muito gripada.”
Se existe algum tipo de decência no Brasil – de justiça não dá para falar, dado o STF – Dilma tem 
que receber um formidável pedido de desculpas dos brasileiros e ser reconduzida ao posto do qual 
canalhas golpistas a retiraram.
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