por : Kiko Nogueira
O destempero e a falta de inteligência emocional na reação de Doria diante da hostilidade de foliões
em Pinheiros tinha um elemento barbudo a mais.
A alturas tantas, no final de seu tour desastroso, um rapaz o xingou. Estavam perto do bar Pirajá, na
Rua Pedroso de Morais. Doria ficou irritado. Enquanto entrava no carro, visivelmente transtornado,
fez menção de partir para a briga.
E então chamou o outro de “Lula”. Antes de um vexame maior, os assessores o colocaram no veículo
e todos partiram rumo ao desconhecido.
Doria tem uma fixação com Lula que é parte estratégia, parte patologia.
Ele se utilizou à larga do antipetismo e do antilulismo para se eleger em São Paulo. Em abril do ano
passado, falou em entrevistas que Lula deveria participar da campanha “antes de ser preso”.
Em outubro, bravateou que gostaria de “visitar Lula em Curitiba”, quando lhe levaria chocolates e
“um cisne”.
Em janeiro, já na prefeitura, com uma mudinha de árvore na mão, fantasiado de jardineiro, sua
equipe de filmagem atrás, afirmou: “Vou dedicar o plantio dessa muda ao Lula, Luiz Inácio Lula da
Silva, o maior cara de pau do Brasil. Presente para você, Lula.”
Voltou à carga na semana passada, enquanto fingia varrer a Faria Lima. Já virou uma marca
registrada.
A diferença entre o veneno e o remédio é a dose.
Doria não sabe parar. Sua claque é paga para gostar de suas performances. Fora desse círculo,
ninguém aguenta um palhaço fazendo sempre o mesmo número.
No Sambódromo, ouviu o coro “vai tomar no cu”.
Até o coxinha começa a se perguntar se seu prefeito não tem nada melhor a responder ou por que
recorre tanto ao nome do inimigo. Um menino mimado que, ao invés de “feio, bobo e chato”,
pronuncia “Lula” quando não tem saída numa discussão.
É, igualmente, uma bandeira que não consegue esconder. Dá uma medida do espaço que Lula ocupa
em sua vida. Fica mais constrangedor quando lembramos que não há contrapartida — Lula nunca
cita Doria.
Em entrevista à BBC Brasil, o guru de JD, Robert Greene, ofereceu-lhe uns conselhos. Sugeriu que
ele “entregue mais. Se fantasie menos e entregue mais. Precisa se comprometer e ser muito prático –
e não viciar na atenção que você acaba tendo ao dizer coisas ousadas”.
As cacetadas em Lula são tão farsescas quanto o guarda roupa do “gestor”. Em ambos os casos, o
prazo de validade já venceu. Resta ao sujeito trabalhar. E aí é que são elas.
Há algumas horas está rolando nas redes um dossiê de documentos sobre os negócios da família Yunes, cujo patriarca, amigo de Michel Temer, confessou-se “mula” de Eliseu Padilha no recebimento de dinheiro trazido pelo doleiro Lúcio Funaro, operador de Eduardo Cunha.
Só a “escalação” do time acima já mostra quanto a gente tem de ser cuidadoso com este assunto, sem querer tirar conclusões precipitadas. Temos, como diz Nassif, de ir desbastando pelas bordas e, por isso, dou minha contribuição. A empresa Marau Projetos Imobiliários, propriedade da família Yunes, tem agora como sócio Eduardo Sonoda, citado nos Panamá Papers como acionista da Weko Management, criada pela incubadora de offshores Mossack Fonseca, já de triste fama. No final do post eu reproduzo o diagrama que pode ser visto no site dos Panama Papers.
O dossiê distribuído pelo Anonymous, com informações sobre supostos negócios entre o presidente Michel Temer e o primeiro amigo José Yunes é composto por 30 documentos, entre PDFs e Words, basicamente registros na Junta Comercial e em paraísos fiscais.
Versam sobre uma infinidade de holdings e off-shores, algumas delas com os mesmos sócios, outras entrelaçando-se nas relações societárias, algumas soltas sem que, de cara, se possa montar alguma ligação maior.
Como é um quebra-cabeça extremamente complexo, vamos desbastando pelas bordas para ver onde chega. Pode não chegar a nenhum lugar, mas pode chegar a paragens interessantes.
As holdings que surgem da papelada são as seguintes:
Greystone, Shadowscape e Yuni Co são offshores instaladas em paraísos fiscais.
A holding principal é a Marau Administração de Bens e Participaçoes Ltda que contém sócios do clube dos bilionários brasileiros.
O objeto da sociedade é amplo: aquisição e alienação de bens imóveis, realização de estudos, planejamento, incorporações e participação em empreendimentos imobiliários em geral , administração de bens, participação em outras sociedades, com objeto relacionado a empreendimentos imobiliários ou empreendimentos em geral, na condição de cotista, acionista, consorciada ou de qualquer outra forma, bem como a realização de quaisquer outras operações que se relacionem, direta ou indiretamente, com seu objeto social. E ainda terá por objeto a exploração de atividade agrícola ou extrativa.
Entre os sócios participam (ou participaram as seguintes pessoas físicas e jurídicas:
Vamos a um perfil rápido deles:
Alba Maria Juaçaba Esteve Pinheiro e Andrea Capelo Pinheiro – pertencem à família cearense que controlou o banco BMC – que teve relativo sucesso no início dos anos 90.
Alberto Dominguez Von Ihering Azevedo – é um dos três sócios da fábrica de roupas esportivas Track & Field e mais uma dezena de empreendimentos industriais e imobiliários.
Jean-Marc Roberto Nogueira Baptista Etlin – presidente da CVC Partners e vice-presidente do Itaú- BBA.
Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho – o Tuta, dono da Jovem Pan.
José Roberto Marinho – um dos herdeiros das Organizações Globo.
Construter Participações Ltda – de Rodrigo e Michel Terpins, herdeiros das Lojas Mariza.
Christopher Andrew Mouravieff-Apostol – irmão do banqueiro Roger Wright, tragicamente falecido perto de Troncoso – caiu o seu avião matando 14 membros da sua família, todos os filhos e netos. Sua parte foi assumida pela mãe, que morava na Suiça. Depois de sua morte, pelo irmão Christopher. Roger participou do Banco Garantia, do Credit Suisse e, no final, tinha a Arsenal, de investimentos.
Agnes Leopardi Gonçalves – sócia de Lg Office Manager Servicos Administrativos Ltda – ME e da Sao Sebastiao Vii Az Administracao de Bens e Participacoes Ltda., empresa da família Yunes.
Lúcia de Carvalho Lins – não consegui maiores informações.
Marcos Mariz de Oliveira Yunes – filho de José Yunes e executivo de um sem-número de empresas. Pelo sobrenome, é parente do criminalista Antônio Mariz de Oliveira, também na lista dos amigos pessoais de Temer.
Luiz Terepins – ex-presidente da Eternit, tem empresas do setor têxtil e de construções e presidiu a Bienal de São Paulo.
YS Marau Projeto Imobiliário Ltda – Do Grupo José Yunes.
Shadowscape Corporation – aí começa a entrar na zona cinza. Praticamente todos os sócios da Maraú são também sócios da Shadowscape. Por seu lado, entre as empresas controladas pela Shadowscape estão a própria Marau e a São Sebastião V Administração de Bens. Era registrada nas Ilhas Virgens, paraiso fiscal, pela Greystoke Trus Co, escritório especializado em montar offshores. Na documentação, aparece como controlada pela Greystone First Nominees Limited (https://goo.gl/LVXG7Z) que, por sua vez, aparece como controladora de fundos de investimento em várias partes do mundo, em uma teia típica de processos de lavagem de dinheiro.
Por hoje, ficamos por aqui.
É possível que os investidores da Maraú tenham se reunido em torno de um investimento imobiliário específico. Ou não. Vamos ver como as demais investigações prosseguem.
“Nós não sabemos, não sabe a sociedade nem o Congresso, os termos da retomada das negociações, pois elas estão sendo levadas a cabo em segredo”, adverte o cientista político Roberto Amaral, que estava à frente do Ministério de Ciência e Tecnologia entre 2003 e 2004. Na ocasião, uma primeira versão de acordo para uso da base pelos americanos foi retirada do Congresso Nacional, após os termos acertados ainda na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso terem sido considerados “lesivos à soberania nacional” pela Câmara dos deputados ao aprovar parecer elaborado pelo deputado Waldir Pires. Coube ao chanceler Celso Amorim comunicar ao governo americano que o assunto estava encerrado. Por isso, a volta dessa discussão preocupa Roberto Amaral. “Tememos todos, pois o precedente é grave. Os termos do acordo firmado no governo FHC eram antinacionais e lesivos à soberania nacional”. Posição estratégica A base está localizada na península de Alcântara, no Maranhão, e é operada pela Agência Espacial brasileira. Entre suas principais vantagens constam a facilidade do acesso aéreo e marítimo, a baixa densidade populacional e a proximidade da linha do Equador, que representa economia de combustível no lançamento de satélites. Diz Amaral que os EUA têm interesse apenas em usar a base como se fosse deles, e o nosso espaço para lançamentos comerciais ou militares deles. O que ganhamos com isso? questiona.” Conjuntura mundial A professora Nadine Borges, advogada que coordena a área de Relações Externas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lembra que os termos apresentados na primeira tentativa de acordo com os EUA impunham várias proibições ao Brasil. E autorizavam o desembarque de contingentes militares na base, com acesso exclusivo às suas instalações. “A tecnologia e o conhecimento utilizados eram fechados, não poderiam ser conhecidos pelos brasileiros, e isso significaria alienar parte do nosso território”, diz Nadine. Ela destaca, ainda, o contexto geopolítico global, lembrando que a localização da base é adequada também para o lançamento de mísseis. Outro problema, na avaliação da especialista, é a falta de divulgação das intenções governamentais. “Não sabemos os objetivos do governo brasileiro, não sabemos os termos da proposta, nem o que está sendo negociado”, afirma. “ “A confirmação de que há uma negociação decorreu de vazamentos na imprensa, o que é preocupante também.” Embora o acordo tenha que passar pelo Congresso Nacional, teme-se que tramite sem tempo para debates e a participação da sociedade. Autonomia espacial Roberto Amaral aponta a intenção deliberada dos EUA de impedir o Brasil de obter autonomia na área espacial. O ex-ministro se reporta a algumas, entre outras, das cláusulas críticas do acordo que se pretende ressuscitar: “Previa a possibilidade de veto político (sem necessidade de justificativa) dos EUA a lançamentos, brasileiros ou não, a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (...); proibia nosso país de cooperar (entenda-se como tal aceitar ingresso de equipamentos, tecnologias, mão de obra ou recursos financeiros) com países não membros do regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (Missile Techonology Control Regime - MTCR - art. III, b); proibia o Brasil de incorporar ao seu patrimônio ‘quaisquer equipamentos ou tecnologias que tenham sido importados para apoiar atividades de lançamento’ (art. III, C); proibia o Brasil de utilizar recursos decorrentes dos lançamentos no desenvolvimento de seus próprios lançadores (art. III, E); obrigava o Brasil a assinar novos acordos de salvaguardas com outros países, de modo a obstaculizar a cooperação tecnológica (art. III, f); proibia os participantes norte-americanos de prestarem qualquer assistência aos representantes brasileiros no concernente ao projeto, desenvolvimento, produção, operação, manutenção, modificação, aprimoramento, modernização ou reparo de Veículos de Lançamento, Espaçonaves e/ou Equipamentos afins (art. v, 1).”
Na hora de ir embora, Doria chama para perto eleitor que o xingou, mas assessores fazem um
"deixa disso". Ele chama o rapaz de "Lula".
Na hora de ir embora, Doria chama para perto eleitor que o xingou, mas assessores fazem um "deixa disso". Ele chama o rapaz de "Lula". pic.twitter.com/3fhtKtxkSK
Em Recife, surgiram novas cenas do ataque da Polícia Militar à troça que pretendia protestar contra o prefeito Geraldo Júlio e o governador Paulo Câmara, ambos do PSB.
.Não! Só se fossem a Dilma e o Lula! O PiG é seletivo..
MAS A GENTE MOSTRA !!!!
MT, da lista de alcunhas da Odebrecht e sua mulher, D Marcela, passam o Carnaval na base de
Aratu, na Baia de Todos os Santos.
Melhor que fiquem lá.
Se fossem para o Campo Grande, ouviriam o "fora Temer" da Banda Baiana System.
No Curuzu, se ousassem acompanhar o Ilê, teriam que fugir, como o ACM Neto, que saiu corrido,
sob vaias, depois de censurar e invadir as moradias da orla da cidade.
O casal Temer deverá permanecer em Aratu.
Como fazia Dilma, frequentemente.
Então, o PiG freneticamente, alucinadamente, cercava a Marinha para obter um flagrante da
Presidenta de maiô.
Fosse ela ainda Presidenta - como deveria ser - estaria hoje na primeira página dos pigais jornais
impressos e desde ontem na abertura do jornal nacional.
Fosse o Lula presidente - como será em 2019 -, e estaria ele de caixa de isopor na cabeça, a levar a
cervejinha gelada para o pic-nic de Carnaval.
A foto supostamente desmoralizante, imagem proletária de um nordestino sem dedo que ousou
governar a Casa Grande, disputaria também a atenção dos pigais espectadores com a Bruna
Marquezine e a Sabrina Sato.
Mas, a D Marcela não corre nenhum risco.
O PiG não quer vê-la de biquíni.
Não que ela, supostamente, não esteja à altura de um reduzido figurino, mas porque o PiG é porco.
Como o Governo que mantém, preso, com pasta de cevada, num cercado.
Na Base de Aratu.
Após 38 dias, os servidores públicos de Florianópolis retornaram ao trabalho. “E de cabeça erguida”, como definiu o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Florianópolis, Alex Santos. Os servidores públicos reconquistaram quase todos os direitos que haviam sido eliminados por um pacote de medidas aprovado nos primeiros dias da gestão do prefeito Gean Loureiro, do PMDB, muito parecido com as propostas que o governo de Michel Temer começou a apresentar em nível nacional. O acordo que permitiu o fim da greve foi mediado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que também recuou na multa milionária que havia estabelecido sobre o sindicato para cada dia de paralisação. “Foi uma vitória da democracia e a prova de que não conseguiram calar a voz dos trabalhadores”, comemorou o presidente da Federação dos Servidores Públicos de Santa Catarina, Lizeu Mazzioni. Entre os ganhos dos servidores de Florianópolis, está a volta da incorporação para aposentadoria das gratificações inerentes aos cargos, o que representa 95% dos casos. Também foi recriado o plano de carreira, cargos e salários (PCCS), que havia ficado suspenso após a aprovação do pacotão na Câmara. A prefeitura também se comprometeu a enviar até a data-base da categoria um cronograma para a implementação dos direitos de progressão na carreira, com a recuperação do anuênio e do triênio, mediante a garantia de não haver mais de duas faltas injustificadas por ano. Houve ganhos também na recuperação das horas extras. Agora, elas passam a ter o valor de 50%, vinculadas à remuneração total e não mais ao vencimento-base. A única perda relevante foi a diminuição do período da licença-prêmio de 90 dias para 45, além de estar vinculada a um curso de capacitação. Segundo o acordo da quarta-feira, os grevistas terão de repor 52,5% das horas não trabalhadas, com a garantia de não haver descontos nos salários. “Tivemos vitória em 95% do que reivindicávamos”, avalia Alex Santos. A proposta foi aprovada por uma assembleia que reuniu mais de 5 mil servidores. Houve apenas nove votos contrários. Eram de médicos veterinários, que fazem hora extra no fim de semana. Antes do pacotão do prefeito Gean Loureiro, recebiam um adicional de 200% e agora terão esse acréscimo limitado a 50%. A presença dos médicos na greve já foi, por si só, um fato atípico, já que os servidores da saúde em geral não costumavam se unir ao funcionalismo como um todo em seus movimentos de reivindicação. Movimentos corporativos costumam comemorar apenas ganhos de remuneração, mas a greve em Santa Catarina teve uma vitória que foi além desse aspecto. “Foi o fortalecimento do movimento sindical. Foi uma vitória política, sem dúvida. E uma vitória corporativa também, já que conseguimos reverter o rolo compressor”, afirmou Lizeu Mazzioni. A vitória política foi reconhecida – ainda que de maneira enviesada — até pelo prefeito Gean Loureiro, quando, em nota divulgada, ele disse que houve a politização da greve, com a participação na assembleia de presidenciáveis da república. Era uma referência à presença de Luciana Genro, do PSOL, em uma assembleia, e do vídeo de Ciro Gomes, do PDT, em que ele se solidariza com os grevistas. O prefeito também criticou a presença da direção nacional da CUT nas manifestações em Florianópolis, para, segundo ele, obter “dividendos políticos”. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público de Florianópolis, Alex Santos, o apoio decisivo para a vitória não foi o dos políticos, mas o da população da cidade. “Realizamos mais de 50 reuniões nas comunidades e com um número muito grande de pessoas. Todos apoiavam a nossa manifestação. Entenderam a truculência da prefeitura e viram que, no final, isso seria ruim não apenas para quem trabalha no serviço público, mas principalmente para quem precisa do serviço público”, disse Alex. Uma evidência desse apoio surgiu ao vivo numa transmissão da rádio CBN, do grupo Globo/RBS. O repórter estava em frente a um posto de saúde e entrevistou uma senhora que precisava de atendimento para o filho que estava doente, na cama. Ele perguntou sobre o prejuízo pessoal que ela tinha com a paralisação. A senhora respondeu que, sim, estava tendo dificuldade, mas acrescentou, para surpresa do repórter, que apoiava a greve, porque o prefeito não tinha conversado com os servidores antes de impor o pacote de medidas. Entre os dirigentes do sindicato, houve quem chorasse ao ouvir essa transmissão, que agora está circulando em grupos de whatsapp. Na cidade, ecoou o grito dos servidores em greve. “Nenhum direito a menos” era o mote. E uma das canções resumia a motivação dos funcionários: “Oió, oió, oió, sou manezinho, mas não sou nenhum bocó. Oió, oió, oió, serviço público é o que temos de melhor.” Manezinho é como os naturais da ilha de Santa Catarina se chamam, e o serviço público de Florianópolis é um dos responsáveis pela cidade ter um dos maiores Índices de Desenvolvimento Humano entre as capitais do País. Em Florianópolis, ocorreu a segunda rejeição a um pacote de retirada de direitos de servidores municipais no Estado. No final do ano passado, os servidores da pequena cidade de Maravilha, na região de Chapecó, já tinham conseguido reverter na Câmara Municipal um projeto que também acabava com o plano de carreira dos servidores. Agora, os servidores já se preparam para a batalha de Jaraguá do Sul, município que também discute um pacote de medidas do prefeito para reduzir direitos dos servidores. Seja em Maravilha, Florianópolis e Jaraguá do Sul, todas as lideranças sindicais de Santa Catarina estão se mobilizando para uma causa que é comum a todos os trabalhadores brasileiros: o combate à reforma da previdência e à reforma trabalhista. Um dia depois do fim da greve, os diretores do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público em Florianópolis já estavam reunidos para definir como farão a greve do dia 15 de março, convocada para dizer não à proposta do governo de Michel Temer. “Nenhum direito a menos” é a lição que ficou de Florianópolis.
Com a decisão do ministro Marco Aurélio, o ex-goleiro Bruno Fernandes pode recorrer em
liberdade de sua condenação pelo sequestro, morte e ocultação do cadáver da modelo; ele
cumpre pena de 22 anos e 3 meses pela morte de Eliza Samudio, com quem teve um filho
Agência Brasil
O ministro Marco Aurélio Melo, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu uma decisão liminar (provisória) para que o goleiro Bruno Fernandes, preso quando jogava pelo Flamengo, seja libertado. Na decisão, divulgada hoje (24), Marco Aurélio destacou que Bruno encontra-se preso há 6 anos e 7 meses sem que tenha sido condenado em segunda instância, motivo pelo qual deve ser solto para que recorra em liberdade. “Nada, absolutamente nada, justifica tal fato. A complexidade do processo pode conduzir ao atraso na apreciação da apelação, mas jamais à projeção, no tempo, de custódia que se tem com a natureza de provisória”, escreveu o ministro do STF. O goleiro já havia tido um pedido de habeas corpus negado no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Bruno foi preso preventivamente em agosto de 2010, após um inquérito policial apontá-lo como principal suspeito de ter matado a ex-namorada Eliza Samudio, com quem teve um filho. Ela desapareceu em 2010, aos 25 anos, e foi considerada morta pela Justiça. Seu corpo nunca foi encontrado. Em 2013, o Tribunal do Júri da Comarca de Contagem (MG) condenou o goleiro a 22 anos e 3 meses de prisão pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, com emprego de asfixia e com recurso que dificultou a defesa da vítima), sequestro e ocultação de cadáver. O comparsa de Bruno, seu amigo Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão, também foi condenado. A decisão do STF não menciona o cúmplice. À época, o caso gerou grande comoção social e o júri negou a Bruno e Macarrão o direito de recorrer em liberdade. “O clamor social surge como elemento neutro, insuficiente a respaldar a preventiva”, escreveu Marco Aurélio na decisão em que mandou soltar o goleiro. No pedido de habeas corpus ao STF, a defesa de Bruno alegou demora de mais de três anos para que seu caso fosse julgado na segunda instância. Ele ainda encontra-se detido na penitenciária de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. Após a notificação da decisão de Marco Aurélio, o goleiro deve ser solto. Ele deverá manter residência fixa e comparecer à Justiça sempre que convocado.
O nacionalismo é a grande força de mudança no mundo hoje
Ele ressurgiu com todo vigor para embalar a eleição de Trump, impor o Brexit e para dar o peteleco que fez desabar o edifício da TPP, a aliança do Pacífico que o Obama quis montar contra a China e à qual os tucanos alucinados queriam aderir: levar o Brasil do Atlântico para o Pacífico!
O nacionalismo ressurgiu com toda força graças ao desmonte das economias nacionais promovido pela globalização.
A globalização é essa denominação cheirosa dada ao velho imperialismo. Os trabalhadores, ou seja, os eleitores, não suportam mais a destruição dos seus empregos pela globalização.
No Brasil, na verdade, se caminha para o processo de eugenia racial, através do desemprego maciço.
No Brasil, o Nacionalismo é a grande força que vai logo seguir sua marcha inaugurada por herois como Vargas e seguida por Jango, Brizola e por Lula e Dilma.
O Nacionalismo foi golpeado mas o eleitor ja encomendou sua volta. Ele já vai voltar com força redobrada impulsionado pela destruição dos empregos e dos salários promovida pelo golpismo.
Com o nacionalismo de Vargas e Brizola, uma outra palavra que logo vai ressurgir é Soberania.
A Soberania Nacional é escrachada pela República de Curitiba e suas tramóias secretas com agentes americanos (sob o olhar passivo do STF acovardado).
O Nacionalismo precisa é ser assumido sem restriçōes pelos brasileiros do bem, antes de vir a ser apropriado, como temos visto no mundo, pela direita fascista e xenófoba.
Brasil Primeiro, sim, Brasil Primeiro (!) será aqui uma bandeira dos trabalhistas nacionalistas, em defesa do país, de sua indústria, de sua economia e de seus empregos.
Mas isso só vai acontecer quando o Estado estiver a serviço de uma outra ideia esquecida e aviltada: a noção de interesse nacional.
Ele existe e não morre.
Mas alguém crê que o MT e sua gangue estão à altura da defesa do interesse nacional?
Abra os olhos. Não se trata de teoria: a prática já mostrou.
O maremoto nacionalista vai varrer o mundo. E o Brasil também.
Ou nós retomamos a bandeira do Nacionalismo e do interesse nacional ou ela vai cair nas mãos do Bolsonaro.
Crescimento, Justiça (justiça para todos e Justiça social!) e Soberania!
Brasil com S.
Assinado, um Nacionalista!
Comprador desiste de imóvel e mercado imobiliário se esborracha
O pedido de recuperação judicial da PDG, que já foi a maior incorporadora do país listada na Bolsa de Valores de São Paulo, deve ter consequências para o setor de construção, um dos mais afetados pela recessão. A crise da PDG — com mais de 23 mil credores, dívidas totais de R$ 7,8 bilhões, dos quais R$ 6,2 bilhões foram incluídos no pedido à Justiça de proteção contra credores — deve tornar o crédito mais caro para as empresas, além de aumentar a cautela dos consumidores em relação à compra de imóveis na planta. — O crédito deve ficar mais caro, principalmente para empresas de porte intermediário. Os bancos vão começar a olhar com um pouco mais de cuidado o segmento na hora de emprestar, porque o risco de crédito do segmento aumenta com esse movimento — explicou Marcelo Motta, analista do JPMorgan. — Tem ainda um impacto, que é menos óbvio, junto aos consumidores. Quem vai comprar imóvel na planta pode ficar com o pé atrás por causa da repercussão de notícias como essas. (...) Em tempo: também, com o desemprego em massa e a instalação do regime de Eugenia Racial, como no Congo de Leopoldo II... Em tempo2: esse Bessinha... Ainda acaba na colona da Cegonhóloga (ela prefere o Chico Caruso)...
SIDERURGIA JÁ É DOS GRINGOS. É ISSO, MORO?
Gringos não investem: eles compram o Interesse Nacional! Ah, que saudades do Antônio
Ermírio! (Reprodução: O Globo)
O Globo Overseas Investment BV noticia que a Votorantim vendeu duas fábricas de aços longos – dirigidas ao mercado da construção civil (morto por falta de comprador) e de infra-estrutura (assassinado pelo Imparcial de Curitiba) - para a ArcelorMittal e deixa a área do aço.
Segundo o Globo Overseas e sua repórter Danielle Nogueira, trata-se de “mais um movimento de consolidação (sic) do setor siderúrgico”.
“Desnacionalização” agora se chama “consolidação”.
Quá, quá, quá!
Num passado remoto, antes da ascensão fulminante do neolibelismo, a Votorantim foi um conglomerado industrial de que os brasileiros se orgulhavam – ah!, que saudades do Antônio Ermírio de Moraes!
Com o desastre Golpista, se viu obrigada a vender unidades no Estado do Rio e em Mato Grosso do Sul.
Com isso, a empresa indiana com sede na Bélgica, a ArcelorMittal se torna O MAIOR GRUPO SIDERURGICO DO BRASIL!
(Ah, onde estás, Mal. Lott, que não respondes? Quem vai produzir os nossos tanques, Marechal?)
Nessa semana, informa o Globo Overseas, a alemã ThyssenKrupp vendeu a CSA para a ítalo-argentina Ternium.
Portanto, um setor industrial de base, estratégico, fundamental para a industrialização do Brasil deixa de ter brasileiros no comando!
O Dr. Getúlio negociou a entrada do Brasil na II Guerra com o Franklin Roosevelt em troca da construção de uma siderúrgica em Volta Redonda, a CSN!
Quando o Brasil defendia o Interesse Nacional!
Agora, defende o Interesse Nacional… dos gringos!
Um colosso!
Não é isso, Dona Maria Silvia, neolibelista do antigo BNDES, outra criação do Dr. Getúlio?
Com o BNDES fechado para empresas estratégicas nacionais – como as de engenharia pesada – vai ser um vendaval!
O parque industrial brasileiro cairá, peça por peça, na mãos dos gringos! Até o conteúdo nacional ser zero.
E depois a Cegonhóloga vai dizer que o Investimento Estrangeiro Direto é um colosso!
E o IED aumenta porque os estrangeiros confiam cegamente nela e subsidiariamente nos açougueiros do neolibelismo.
Como diz o competente José Paulo Kupfer no Globo Overseas (por que não o vejo mais no Estadão?):
- Não se tem notícia de nenhum investimento estrangeiro direto do tipo “greenfield”, ou seja inversão em novos negócios, ampliação/modernização da capacidade de produção ou oferta de serviços.
Como se lê em “a tragédia Malanfranco está de volta!”, os gringos compram mercado.
Além de comprar terras, como o Mapitobá.
Compram o Interesse Nacional, como diz o amigo navegante nacionalista!
Viva o Brazil!
Ou a Lava Jato não foi feita para isso?
Quebrar o Brasil com S!
(E, de passagem, impedir que o Lula seja presidente em 2018 e tome o Brasil de volta para os brasileiros!)
A deputada Maria do Rosário acionou a Polícia Federal esta semana para investigar o caso da divulgação de fotos de sua filha de 16 anos.
Imagens da garota foram publicadas em inúmeros sites e nas redes sociais. O destaque é um certo Faca na Caveira, hospedado na Austrália, que contém “matérias” sobre, por exemplo, “4 tipos de armas que todo brasileiro deveria ter em casa”.
Rosário tornou-se a nêmesis de todo fascistoide desde que processou Jair Bolsonaro depois da célebre discussão pública em 2014, quando ele disse que ela “não merecia ser estuprada”.
A atual campanha difamatória contra ela e sua menina é orquestrada por uma gangue que se move na web.
O DCM teve acesso a trocas de mensagens entre essas pessoas, em que elas combinam a estratégia para baixar as fotografias, como chegar a certos agentes de disseminação e como “conduzir” o escândalo.
Abaixo, você poderá ver reproduções de algumas dessas conversas.
Os caluniadores se reúnem no site 55chan, conhecido por ser um antro com toda sorte de conteúdo racista, homofóbico, antissemita, militarista e pornográfico.
Constantemente novos tópicos são criados para discussão do ataque. Todos são anônimos e trocam informações sobre protocolos para se proteger de rastreamentos.
Bolsonaro é seu messias. No dia 22, um cidadão escreveu: “Se alguém famoso não falar sobre o assunto, a parada vai esfriar. Vamos levar isso para a boca de famosos!”
Vários memes são distribuídos, assim como as fotos. Determinadas comunidades do Facebook são sugeridas para ser recebedoras dos retratos da “anorexa (sic)” e da “aidética”.
Uma delas é “Marx da Depressão”, alinhada ideologicamente com a turma. Mas eles falam também em enviar para representantes da “Grifinoria” (uma das escolas de magia dos livros de Harry Potter, cujo nome virou coletivo de esquerdistas), como Catraca Livre, Mídia Ninja e Socialista Morena.
Para estes, há uma espécie de manual de instruções. “Precisamos fingir preocupação. Tipo: ‘Olha o que esses fascistas estão fazendo’”, escreve um. “Sejam bons atores”, aconselha outro.
Bolsonaro é citado com frequência, sob a alcunha “Gibeiranaro”.
“Tem que mandar pro Gibeiranaro e para os filhos dele. Aposto como eles estão com o cu coçando para se vingar daquela foto que tiraram da conversa deles”, fala alguém, referindo-se ao flagrante do fotógrafo Lula Marques na eleição para presidente da Câmara.
Usam gírias para coisas e pessoas. A certa altura, um deles propõe acionar o “Cornaldo” e a “Puta Loira” (Reinaldo Azevedo e Joice Hasselmann, respectivamente).
No dia 21, Reinaldo escreveu uma coluna na Veja criticado uma “ação asquerosa da direita xucra”. “Desde que acompanho política, nunca vi nada mais revoltante”, afirma.
Eles são “sonserinistas”, seus adversário “grifinoristas”. Tratam-se como “anões”, corruptela de “anônimos”. “Cancro”, ou “Cancrobook”, é o Facebook.
A postagem de Alexandre Frota é festejada: “VAI, FROTINHA!”.
“Ativem o Meme Moura… só isso já vai render meio milhão de visualizações. Depois ativem o Felipe Neto pra responder o Meme”, ordena um dos membros.
Meme Moura é Nando Moura, metaleiro seguidor de Olavo de Carvalho, a quem compara ao filósofo grego Sócrates, dono de um canal no YouTube.
Coincidentemente, o bolsonarista Nando fez um vídeo sobre o caso, vociferando para que Rosário seja “investigada” (sim, isso mesmo). Sobra, inclusive, para o deputado Jean Wyllys, outro arqui-inimigo.
Em 2010, os usuários do 55chan partiram para cima de uma repórter do Estadão chamada Ana Freitas depois de um artigo. Ana sofreu ameaças e teve seus dados pessoais divulgados online.
Cinco anos depois, voltaram à carga depois de um texto de Ana sobre “machismo e misoginia em espaços na web dedicados à discussão de cultura pop”, publicado no Huffington Post Brasil.
A vida de uma adolescente e, por extensão, de seus familiares está sendo exposta irresponsavelmente, sua intimidade devassada de maneira monstruosa por hordas movidas a um ódio sub humano.
Esse esgoto não está na deep web ou num subterrâneo inexpugnável. O candidato deles apareceu em segundo lugar numa pesquisa de intenção de voto para 2018. Tudo está diante dos seus olhos.
Que a PF faça sua parte.
A lógica da política já é complicada. A da política bandida, quase indecifrável. E quando o banditismo político infiltra-se em meio às togas, aí se passa a ter de raciocinar com o pressuposto do crime e da conspiração nas próprias instituições, já não apenas nos homens.
Há muita gente achando que a súbita sinceridade de José Yunes, dispondo-se a fazer o papel de velho “bobo”, é parte de uma estratégia que aceita degolar o entorno de Temer – Geddel já foi, Moreira Franco é um morto-vivo político (mesmo antes, prestava-se mais a negócios, para o que hoje está interditado) e Eliseu Padilha agora só vai ficar a salvo enquanto permanecer no hospital.
O PSDB vai se assenhoreando do governo de fato e o PMDB vai sendo “escanteado”.
Mas há um problema na “transição tucana” do Governo Temer.
Está em Curitiba e chama-se Eduardo Cunha.
Como dito no post anterior, Cunha provou ter nas mangas todos os trunfos de intimidade com esquemas financeiros de Michel Temer e mostra a ponta das cartas quase que como a gritar por ser libertado, com o ressentimento de um vitorioso no golpe que foi descartado logo ao início do pós-golpe.
Talvez os episódios de ontem – a confissão de Yunes e a nomeação de Osmar Serraglio, ex-homem de confiança de Cunha, para o Ministério da Justiça – sejam parte da solução do “problema”.
Solução que parece ter começado a evidenciar-se com a fala de Gilmar dizendo que o STF tem um encontro “com as alongadas prisões de Curitiba”.
A dificuldade é “combinar com os russos” da opinião pública.
Soltar Cunha será um escândalo que razão jurídica alguma conseguirá abafar, pois “venderam” ao país que prisão preventiva, dependendo de quem, pode ser eterna. De forma mais simples: que a prisão precisa mais de razões morais do que legais.
Soltar Cunha é também dizer adeus a uma estratégia que está, hoje, meio em banho-maria: a de prender Lula.
Depois de terem “perdido o timing“, como disse aquele delegado falastrão, para prendê-lo, o que vem se desenhando é acelerar os processos e levar o caso logo à condenação – ou alguém duvida que o veredito de Moro já está pronto, devidamente retocado com honras de estilo e falsa erudição, para ficar como documento histórico do “anjo vingador” e confirmar a sentença em 2ª instância, no Tribunal Regional Federal, onde “tá tudo dominado” e pronto a correr em altíssima velocidade.
Ainda assim. complicado, porque a condenação em segunda instância, pelo novo e feroz entendimento do Supremo, leva à prisão do já então candidato Lula. Implicará numa cassação e na cassação do favorito na disputa eleitoral.
Estamos nos movendo no terreno pantanoso da traição, dos acordos secretos, da mancebia entre política e Justiça.
Tudo é imensamente imprevisível e, ao mesmo tempo, evidente.
Somos governados por uma associação de quadrilhas e falta pouco, muito pouco, para que a própria Justiça seja uma delas.
Uma matéria de maio de 2013 no site UOL anuncia o edifício Mansão Tucumã, localizado no Jardim Europa e nas proximidades do Clube Pinheiros, como o quinto metro quadrado mais caro de São Paulo. De acordo com levantamento da empresa Lello, em 2014 havia 21 mil condomínios residenciais na cidade.
É ali que vive, no apartamento 71, Alexandre de Moraes, cujo nome foi aprovado para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal na manhã de ontem e que assumirá no dia 22 de março.
O imóvel tem 365 metros quadrados de área privativa real e 293,327 metros quadrados de área de uso comum real, incluindo o uso de 5 vagas de garagem, de acordo com a certidão de propriedade. Um total de 658,367 m² de área total construída.
Fórum pesquisou o valor do imóvel em dois sites de avaliação. Num deles, do UOL, o valor do apartamento é estimado em R$ 10,5 milhões.
Esse suntuoso apartamento foi comprado quase no mesmo período de outro, na rua Fernando de Abreu, 70, no Itaim Bibi.
No mesmo site de avaliação, esse imóvel já vendido, valeria hoje aproximadamente metade do valor de mercado do seu imóvel atual, 5,7 milhões.
O curioso dessa história é o que revela, em matéria do Buzz Feed, o repórter Alexandre Aragão.
Quando deixou o governo Alckmin, em 2005, o ex-promotor de Justiça Moraes tinha um patrimônio de classe média: dois apartamentos, um no bairro da Saúde e outro na Aclimação (áreas de classe média na capital paulista), e uma casa para passar os finais de semana em um condomínio fechado em São Roque (a 70 km de São Paulo).
Sua esposa, Viviane Barci de Moraes, recebera de herança parte de um terreno no bairro de Santo Amaro (zona sul da capital). No período, Moraes também atuou como professor universitário e recebia royalties da venda de obras jurídicas.
Quando comprou os dois apartamentos, Alexandre de Moraes exercia o cargo de conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujo salário bruto à época era de R$ 23.200.
Sua carreira não é a do self-made man da iniciativa privada. Ao contrário, sua história de sucesso se deu em cargos públicos. Ele entrou no Ministério Público de São Paulo em 1991 e lá ficou até 2002.
De 1994 a 1996 foi assessor do procurador-geral de Justiça de São Paulo. De 2002 a maio de 2005, foi secretário de Justiça e Defesa da Cidadania do governo paulista, tendo acumulado, entre agosto de 2004 e maio de 2005, a presidência da Fundação do Bem-Estar do Menor (Febem), hoje Fundação CASA. De maio de 2005 a julho de 2007, ocupou uma vaga como membro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
De agosto de 2007 a junho de 2010, atuou na gestão Gilberto Kassab, sendo secretário municipal de Transportes e acumulando as presidências da CET e da SPtrans. Além de ser titular da Secretaria Municipal de Serviços entre 2009 e 2010. Era considerado o super-secretário do atual ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações.
Ao sair da gestão Kassab, Moraes iniciou seu curto período fora de cargos públicos, que durou de janeiro de 2011 a dezembro de 2014, quando assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Estado de SP. Cargo que ocupou até maio de 2016, tornando-se então ministro da Justiça do governo Temer.
Perspectiva do imóvel avaliado entre 10 e 12 milhões de reais
Os salários no setor público, como se sabe, não são milionários. O teto é o do presidente da República, de aproximadamente 30 mil reais. E este imóvel de mais de 10 milhões de reais não é o único do novo ministro do Supremo. Ele tem vários e quando questionado a respeito na matéria do Buzzfeed afirma que seu patrimônio foi conquistado com recursos dos cargos ocupados, os direitos autorais de livros e o curto período em que exerceu a advocacia. “Tudo devidamente registrado no Imposto de Renda”, segundo ele.
Este imóvel de mais de 10 milhões de reais não é o único do novo ministro do Supremo (Foto: Divulgação)
"Em delação premiada, Claudio Melo Filho, ex-executivo da Odebrecht, afirma que enviou dinheiro vivo ao escritório de Yunes também a pedido de Padilha.
Ele não se pronunciou sobre as declarações de Yunes.
O ministro passou mal na segunda-feira (20) e foi internado no hospital do Exército, em Brasília, depois de uma hemorragia causada por obstrução urinária. Exames mostraram aumento da próstata e a necessidade de cirurgia.
Ontem, ele se reuniu com Temer e apresentou pedido de licença médica para se submeter ao procedimento. Já em Porto Alegre, fez exames preparatórios para cirurgia no hospital Moinhos de Vento.
A previsão inicial é de que no dia 6 de março ele volte a despachar em seu gabinete no Palácio do Planalto."
A mula é o da E. À D., o que se sentou no lombo da mula (Reprodução: UOL)
Autoridades da Suíça bloquearam preventivamente contas ligadas ao senador Edison Lobão, e o Ministério Público do país europeu agora investiga se elas teriam sido usadas para receber propina; foi o próprio banco suíço que, após o nome de Lobão aparecer entre os citados na Lava Jato, optou por comunicar as autoridades do país europeu; as contas, no entanto, não estão em nome do senador, mas de pessoas e empresas ligadas a ele; chamou a atenção dos investigadores é que parte das transferências ocorreu sem qualquer tipo de justificativa, o que acendeu sinais de alerta entre os serviços de monitoramento; líder da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), foi Lobão quem presidiu a sabatina de Alexandre de Moraes
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Por Esmael Morais, em seu blog - O senador Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou nesta quinta (23) que Osmar Serraglio (PMDB-PR), nomeado para o Ministério da Justiça, é do grupo político do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) — preso em Curitiba pela Operação Lava Jato.
O senador postou um vídeo nas redes sociais afirmando que Serraglio é do grupo de Eduardo Cunha. "Ele não é do meu time", fez questão de repetir várias vezes. "Ele traiu o PMDB para apoiar Beto Richa, do PSDB", complementou.
"É amigo do Cunha. Não dá para nomear Cunhar, então nomeia-se o Serraglio", exemplificou Requião.
Osmar Serraglio, que presidia a CCJ da Câmara, foi escolhido nesta tarde pelo ilegítimo Michel Temer para o cargo que era ocupado por Alexandre Moraes – alçado ontem (22) para o Supremo.
Após o golpe que derrubou Dilma Rousseff, em 31 de agosto de 2016, Serraglio defendeu uma anistia ao então presidente da Câmara Eduardo Cunha investigado pela Lava Jato por ter recebido R$ 5 milhões em propina da Petrobras.
"Eduardo Cunha exerceu um papel fundamental para aprovarmos o impeachment da presidente. Merece ser anistiado", disse o parlamentar paranaense na época.
Não teve jeito. Cunha foi cassado e está preso em Curitiba desde outubro do ano passado.
A vaga de Serraglio na Câmara será ocupada pelo 1º suplente Rodrigo Rocha Loures (PMDB), que foi aprovado "com ressalva" pelo senador Requião:
"É um rapaz correto, foi meu chefe de gabinete no governo do Paraná", testemunhou Requião, que fez uma ressalva: "pena que embarcou nessa de privatização e 'Ponte para o Futuro'".
Não se pode acusar o Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot de imprevisível. Sua atuação tem ajudado a confirmar todos os cenários traçados pelo Xadrez sobre a maneira como trabalha os inquéritos contra seu conterrâneo, o senador Aécio Neves: empurrar com a barriga o máximo de tempo possível.
A delação do ex-senador Delcídio do Amaral criou uma dor de cabeça para Janot. Delcídio avançou uma série de acusações contra Lula, Dilma e o PT. Mas incluiu na delação denúncias contra Aécio. Como não poderia ignorar algumas denúncias e acatar outras, Janot foi obrigado a abrir dois inquéritos contra Aécio: um, sobre o sistema de propinas de Furnas; outro, sobre a falsificação de documentos para a CPMI dos Correios, visando ocultar o mensalão mineiro.
Um ano antes, em março de 2015, já havia uma série forte de indícios contra Aécio – a Operação Norbert (que permaneceu na gaveta da PGR desde 2010), identificando contas em Liechtenstein, as informações de Alberto Yousseff sobre as propinas de Furnas, o nome do diretor que recolhia a caixinha, Dimas Toledo, da empresa que lavava o dinheiro, a Bauruense, a titular da conta onde o dinheiro era depositado, Andréa Neves.
Mesmo assim, Janot não pediu o indiciamento de Aécio, denunciando outros senadores – como Lindbergh Faria e Antônio Anastasia – com base em indícios muitíssimos mais frágeis, surpreendendo o relator Teori Zavascki.
Com a delação de Delcídio, foi obrigado a voltar ao tema.
De lá para cá, tem havido um jogo de empurra e de adiamento das investigações, quase escandaloso.
Em maio de 2016, Janot decidiu pedir autorização para abrir dois inquéritos contra Aécio.
Batendo no STF (Supremo Tribunal Federal), o suspeito algoritmo do tribunal jogou os dois pedidos de abertura de inquérito nos braços de Gilmar Mendes. Que, obviamente, não autorizou a abertura dos inquéritos, obrigando Janot a insistir (https://goo.gl/e8U4DD). Não autorizou sequer a tomada de depoimento de Aécio e a colheita de provas adicionais na Lava Jato (https://goo.gl/uZt4SK). Deixou-se de lado a conta em Liechtenstein sob a alegação de que a cooperação internacional não chegava até lá.
Ante a falta de sutileza de Gilmar, Janot foi obrigado a insistir no pedido, que acabou autorizado (https://goo.gl/jf5HDN).
NO entanto, até 23 de novembro, ou seja, com oito meses de investigações, nem a PGR nem a Polícia Federal haviam sequer colhido depoimentos autorizados, entre eles o de Dimas Toledo (https://goo.gl/YA4G3t), obrigando Gilmar a prorrogar o prazo:
"Os autos foram remetidos à Corregedoria-Geral da Polícia Federal para inquirição de três testemunhas, interrogatórios do investigado, além de requisição e juntada de documentação constante dos autos de outras investigações. A remessa dos autos à Corregedoria-Geral da Polícia Federal foi feita em 10.6.2016. (...) As inquirições não foram realizadas ou agendadas. (...) Ficam a Autoridade Policial e o Ministério Público Federal instados a observar os prazos de tramitação, nesta e em todas as investigações supervisionadas por este Relator", diz a decisão.
Vencido o prazo, a conclusão da investigação sobre a suposta atuação de Aécio Neves maquiando dados para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) – escondendo sua relação com o Banco Rural – foi mais uma vez adiada a pedido de Janot (https://goo.gl/9jItJe).
Pediu prazo de mais 120 dias para o ingente trabalho do liquidante do Banco Rural fornecer informações solicitadas. “No decorrer desse lapso de tempo, a Procuradoria-Geral da República providenciará a análise, ainda que preliminar, dos documentos da CPMI dos Correios”. 120 dias para uma análise preliminar dos documentos da CPMI dos Correios.
Até hoje ainda não foi identificado o gestor do Banco Rural que enviou os documentos falsos. Nada ocorreu com Dimas Toledo, o notório diretor de Furnas que se vangloriava de passar propinas para mais de uma centena de parlamentares. Para se ter uma ideia da sua importância, o papel de Dimas em Furnas equivaleria a de Alberto Yousseff e Paulo Roberto Costa somados na Petrobras.
Há limites para a hipocrisia. E Janot corre o risco de desmoralizar-se a si e ao MPF com essa solidariedade mineira.
José Serra não está deprimido: ele é a própria encarnação da depressão.
Golpista, dissimulado, entreguista, ególatra, a existência física e política de Serra é depressiva,
inclusive para seus correligionários, desde sempre.
É óbvio, até para os colunistas que lhe prestam vassalagem, que Serra está abandonando o barco do
governo golpista porque lhe negaram o protagonismo necessário – única razão de viver de gente
como ele.
Era um ministro inútil dentro de um governo lamentável, pego em flagrante em um esquema de
propinas depositadas na Suíça, enquanto bradava, com essa hipocrisia tão peculiar aos tucanos,
contra a corrupção alheia.
Talvez pense que, abandonando o barco como uma ratazana esperta, tudo isso passe batido pela
História.
Não passará.
Serra tornou-se conhecido quando, presidente da UNE, em 1964, fugiu do País antes mesmo de um
único disparo ter sido feito pelos golpistas de então. Foi para o Chile e, curiosamente, partiu então
para os Estados Unidos, de onde voltou mentindo que era economista.
De lá para cá, virou um devotado súdito do Tio Sam, a quem prometeu – e cumpriu – entregar as
reservas de petróleo do Brasil.
Agora, levará sua depressão atávica de volta ao Senado Federal, atualmente, um ambiente mais que
perfeito para sua recorrente prostração moral.
Será mais um golpista numa bancada de traidores da pátria que, espero, sejam julgados ainda durante
esse apodrecimento em vida transmitido, dia e noite, em tempo real.
Com ou sem delação e dor nas costas, Serra não cumpre
É muito provável que seja verdade até porque, para alguém na idade de José Serra, alegar dor nas
costas é mamão com açúcar. Mas de concreto, o que temos é que o tucano mais uma vez em sua
trajetória política abandona o ninho.
Para tornar-se ministro das Relações Exteriores do governo de Michel Temer, José Serra largou a
posição de senador pela qual tinha sido eleito pelo voto popular em 2014. Agora pediu exoneração.
Uma batida de olho no currículo de José Serra faria com que ninguém se espantasse em relação a
isso. Na realidade, desde 1995, quando deixou de ser deputado para se eleger senador, Serra nunca
mais concluiu nenhum cargo eletivo. São 22 anos de tradição.
Naquele ano, o tucano já dava mostras de sua efemeridade diante de compromissos assumidos com a
população. Seu mandato como senador durou poucos meses, abandonando-o para se tornar ministro
do Planejamento de Fernando Henrique Cardoso.
E assim tem sido desde então. Faz pequenos tiros de 100 metros em ministérios de tempos em
tempos enquanto ludibria as urnas.
Em 2002 deixou o cargo de ministro da Saúde para tentar a Presidência (perdeu para Lula). Em 2004
venceu a corrida para a prefeitura de São Paulo. Serra então assumiu publicamente o compromisso
de não abandonar o cargo para concorrer a outro.
Chegou inclusive a assinar um documento no qual prometia cumprir os quatro anos de mandato.
Dois anos depois ele abandonou a prefeitura para disputar o governo do Estado.
Quando confrontado, respondeu: “Eu assinei um papelzinho. Não era nada…” Largou a Prefeitura e
então elegeu-se governador. Antes do fim do novo mandato, deixou o Palácio dos Bandeirantes para
se candidatar à Presidência da República.
Com a fama de transeunte no poder público já correndo solta, em 2012 José Serra concorreu
novamente à prefeitura de São Paulo e assim declarou: “Vou cumprir o mandato de prefeito por
quanto tempo o mandato durar, ou seja, até 2016. Exercerei os quatro anos, isso é mais que uma
promessa.” Não houve necessidade de cumpri-la. Perdeu a disputa para Fernando Haddad.
Alguma surpresa, portanto, com o fato de ele largar o posto mais uma vez? Esse movimento é para
descolar-se do governo Temer visando evitar o desgaste inevitável dos próximos meses e lançar-se
candidato em 2018? Ou as delações da Odebrecht já estão lhe dando dores de cabeça, dores nas
costas, dores de barriga?
Serra é citado por executivos da empreiteira como destinatário de R$ 23 milhões em doações
irregulares via caixa dois para sua campanha presidencial (oficialmente, a Odebrecht declarou ter
doado pouco mais que 10% disso, apenas R$ 2,4 milhões para o Comitê Financeiro Nacional para
Presidente da República).
Serra, segundo os delatores, recebeu tanto no Brasil quanto por meio de depósitos bancários
realizados em contas no exterior.
A afirmação foi feita a procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato e da PGR (Procuradoria-
Geral da República). Nas planilhas da construtora, Serra é tratado pelos apelidos de “Vizinho” e
“Careca”. O segundo por razões óbvias; O primeiro decorre do fato de Serra ter sido vizinho de
Pedro Novis, presidente da empreiteira.
Na carta, Serra afirmou que a função de chanceler demanda viajar muito de avião – o que seus
médicos desaconselham – mas informa que voltará a exercer seu cargo como senador no Congresso.
Ora, chanceler não voa de classe econômica. Não fica devendo nada à poltrona de senador.
A coluna cervical de José Serra suporta que ele fique sentado no Congresso como senador, mas
dentro de um avião como chanceler não? Algum quiroprático se arrisca a responder?
O pedido de demissão de José Serra do governo de Michel Temer remete a um comentário que a jornalista Miriam Dutra fez quando cogitava detonar a corte tucana, da qual ela fez parte como mãe de um filho assumido tardiamente pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
“O Serra tem uma relação de amor e também de inveja do Fernando Henrique, ele vê o Fernando Henrique como um irmão mais velho que ele tenta imitar, mas não consegue”, disse ela.
Era fevereiro de 2016 quando ela fez esse comentário, nos dias em que passei em Barcelona e a entrevistei (veja aqui o documentário).
Três meses depois, quando a Câmara aprovou o processo de impeachment e colocou no poder os políticos que tinham sido derrotados na urna – que nome tem isso senão golpe? –, Serra ficou com o Ministério das Relações Exteriores.
Era a mesma pasta que Fernando Henrique ocupou quando Itamar Franco assumiu a presidência, 24 anos antes, no impeachment de Fernando Collor.
Talvez Serra, no ministério de Temer, se sentisse mais próximo da cadeira que ele tentou ocupar em duas eleições e perdeu. Quem sabe a crise política de 2016, como a de 1992, não lhe abrisse um novo caminho, com o protagonismo dele num governo sem brilho.
Mas, se falta brilho na presidência de Michel Temer, sobra truculência e não é fácil encontrar espaço onde quem se destaca é Alexandre de Moraes.
Até Moreira Franco já incorporou esse novo padrão, ele que era tido como um cavalheiro até por adversários e agora surta em entrevistas.
Poucos conhecem Serra como Fernando Henrique Cardoso, que registrou no primeiro volume dos seus “Diários da Presidência” uma observação sobre o aliado, que também nunca deixou de ser rival.
José Serra, apesar de convidado, não foi a uma cerimônia no Chile em que Fernando Henrique seria homenageado. Segundo o ex-presidente, José Serra “não se sente bem vendo homenagens que não sejam a ele”.
Apesar disso, os registros de Fernando Henrique mostram que Serra era um dos seus interlocutores mais frequentes. Ia muitas vezes sozinho almoçar ou jantar com o então presidente no Palácio do Alvorada e discutiam que ministério Serra poderia ocupar, depois que ele perdeu a eleição para prefeito em São Paulo, em 1996.
Fernando Henrique diz: “Se o Serra quiser, tenho um compromisso moral com ele, porque ele se jogou na campanha de São Paulo, e preciso manter o que disse naquela ocasião.”
Serra queria a área econômica, mas Fernando Henrique desejava manter Pedro Malan e, numa reflexão sobre os dividendos políticos que Serra poderia ter, disse que não havia muito mais a fazer no Ministério da Fazenda depois que ele, FHC, havia liderado a criação do Plano Real.
O impasse dura mais de um ano. Fernando Henrique registra que teve uma conversa franca com ele, depois de ouvir críticas à sua lealdade:
“Poucos têm o seu talento. Intelectualmente você pode se comparar com muito pouca gente, comigo e pouca gente mais na área política (…), não obstante está no ponto mais baixo da sua carreira.”
Segundo Fernando Henrique, Serra quis saber que problema ele tinha.
“Para mim, você não conseguiu ter liderança.”
Serra, relutante, aceitou ser ministro da Saúde, mas fez exigências quanto ao orçamento. Mas, pouco depois, Brasil passou por uma de suas piores crises econômicas.
Quando se estudavam cortes no orçamento, Serra pressionou o presidente e pelo menos duas vezes ameaçou se demitir:
“O Serra insiste, vai à imprensa, dá a impressão de que joga contra o governo. (…) Serra é um bom ministro, mas a falta de solidariedade aos outros ministros pesa. Terceiros me dão detalhes de coisas com a imprensa e com os empresários que são desagradáveis de serem sabidas por mim. Serra não é egoísta, mas autocentrado no que está fazendo.”
Em relação aos terceiros que lhe dão detalhes, FHC cita, em outra passagem do livro, Otávio Frias de Oliveira, então proprietário da Folha, e João Roberto Marinho, da Globo.
João Roberto lhe contou que Serra era a fonte das notas publicadas pelo jornal O Globo a respeito de uma crise na equipe econômica chefiada por Pedro Malan.
E Frias diz a Fernando Henrique Cardoso que Serra ligou para jornal e pediu destaque a uma nota que ele divulgaria mostrando que o governo federal havia reduzido os gastos com Saúde e Educação.
Fernando Henrique conta que, quando a nota foi divulgada, no tiroteio amigo, procurou Serra por telefone, mas não o encontrou e o chefe de gabinete do então ministro da Saúde, Barjas Negri, não retornou sua ligação.
A crise política, na época, foi enorme, e um editorial do Estadão defendeu a demissão de Serra. “Deslealdade se pune com demissão” era o título. Fernando Henrique diz que não quis (ou não teve força) para tirar Serra do governo.
Numa conversa que tiveram alguns dias depois, FHC contou que os donos dos jornais haviam entregado Serra. Segundo ele, Serra fez “cara de paisagem”.
No livro de FHC, sabe-se que Serra tinha seus trunfos.
“Basta ler os artigos de Elio Gaspari, que são obviamente escritos por inspiração do Serra.”
Serra também sabia com antecedência os resultados das pesquisas do Datafolha, que lhe eram passados pela direção do jornal.
Quando uma pesquisa indicou a subida de Lula e a queda de Fernando Henrique, o então presidente jantou com um especialista em marketing eleitoral e lá também estavam Serra e o jornalista Fernando Lemos.
Fernando Henrique não diz que Fernando Lemos era cunhado de Miriam Dutra e não há nas suas memórias nenhuma referência ao papel de Fernando Lemos no relacionamento com Miriam e o filho “exilados” na Europa.
Era Lemos quem levava o filho de Miriam para visitar Fernando Henrique – segundo Miriam, ele esteve uma vez no Palácio do Alvorada.
Lemos também ajudava na parte material. Além do salário que a jornalista Miriam Dutra recebeu da Globo, sem necessariamente trabalhar, ela teve um contrato de fachada com a Brasif, concessionária do governo federal, assinado com intermediação de Lemos.
Na parte do suprimento de recursos, Serra também teve papel relevante. Mas nada disso está no livro de FHC.
Segundo Miriam, entre 1998 e 1999, era ele – e o primo dele, Gregório Preciado – que liberava recursos para a reforma do apartamento dela em Barcelona.
Serra chegou a visitar Miriam na capital da Catalunha, para, segundo ela, verificar como andava a reforma. Juntos viajaram para Andorra. Foi nesse contato mais próximo com o ex-ministro que Miriam teve maiores impressões sobre a rivalidade latente entre ele e Fernando Henrique.
Miriam foi a namorada de FHC e Serra se aproximou da irmã dela, Margrit Dutra Schmidt, que até pouco tempo atrás tinha um cargo do gabinete dele no Senado.
“Acho que, desde o tempo do exílio dos dois no Chile, o Serra sempre procurou, de alguma forma, ser como o Fernando Henrique”, comentou Miriam.
A saída de Serra do Ministério das Relações Exteriores e do governo Temer pode indicar que, para ele, o sonho de ser Fernando Henrique acabou.
Visto por outro ponto de vista, a saída de Serra pode ser explicada como a acomodação de um governo que se formou pela força – não das armas –, mas do peso desproporcional de dois Poderes da República – o Congresso e o Supremo Tribunal Federal –, que permitiram o afastamento de uma presidente sem crime de responsabilidade.
Serra era um príncipe na corte de Fernando Henrique Cardoso, podia pintar e bordar. Com Michel Temer, esse papel cabe a quadros de outro calibre: Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha, Moreira Franco e, claro, Alexandre de Moraes.
O sociólogo Jessé Souza usa uma imagem interessante para definir o que está acontecendo no Brasil desde maio de 2016, no seu livro A Radiografia do Golpe.
“Como todo espectador de filme de gângster sabe muito bem, é fácil juntar aventureiros para assaltar um banco. Difícil é dividir o saque depois”, escreve Jessé.
Eduardo Cunha e outros já ficaram pelo caminho, agora é a vez de Serra.