terça-feira, 6 de outubro de 2015

Russos destróem QG do Isis em Palmira; EUA, enfim admite que bombardeou hospital



POR FERNANDO BRITO 

A campanha aérea russa contra os terroristas do Estado Islâmico, o Isis, parece ter conseguido em uma semana causar mais estrago ao grupo do que meses de incursões americanas – e da Otan – obtiveram em mais de um ano de operações na Síria.
Acabam de anunciar a destruição do centro de comando do Isis a na localidade de As-Sukhnah, a 28 km de Palmira.
onde, anteontem, o grupo terrorista ganhou manchetes ao anunciar a demolição do Arco do Triunfo construído há 1.800 anos pelo imperador romano Lucius Septimius Severus.
Ontem, os aviões da Rússia haviam feito o mesmo com o QG do Exército Islâmico em Aleppo, segunda maior cidade síria.
E porque os russos estão conseguindo sucessos que a aviação ocidental não obtinha?
Será que tem pilotos ou equipamentos melhores? Óbvio que não é isso, embora estejam apagando a imagem de que seus esquipamentos bélicos são obsoletos e “pesadões”. Nem porque seus ataques estejam sendo complementados significativamente pelo combalido Exército Sírio, arruinado por três anos de combates e bloqueio completo na reposição de armamentos, que correm à vontadeo para seus adversários e para o Exército Islâmico, que desfila reluzentes carros de combate novinhos.
A razão é muito simples: o objetivo dos ataques russos é demolir o Issis e os grupos armados irregulares, ponto final. Não, como foram os ataques ocidentais, degradar a situação interna do país e viabilizar a tomada de poder por grupos simpáticos aos EUA.
Goste-se ou não dele, a Síria tem um governo e não pode ser bem sucedida uma campanha militar que diz atacar os extremistas mas visa a derrubada do presidente Bashar Al-Assad.
E não são só os aviões russos que estão mirando direto no ponto, enquanto os americanos gaguejam até para admitir – o que só fizeram hoje, três dias depois – que o bombardeio ao hospital dos Médicos Sem Fronteiras foi “erro” exclusivamente seu.
(Veja abaixo o vídeo, inequívoco, da declaração do General John Campbell, comandante dos EUA no Afeganistão, de que o ataque foi, embora equivocado, “uma decisão exclusivamente americana”.)
Maria Zakharova , representante oficial da chancelaria russa , em entrevista dada hoje destacou que não se trata de achar que Assad seja um “anjo” para a Síria. “Mas escolhendo entre manter um presidente não-ideal no poder e derrubar o terrorismo, a melhor opção talvez seja exatamente a segunda”.
Assim mesmo: curto, grosso e sem hipocrisias, porque é este o objetivo dos russos: forçar o reconhecimento de que, sem o reconhecimento – com condições, claro – do governo da Síria, tudo o mais é mergulhar o país em mais destruição, mortes e fuga em massa da população.
Era o que deveria ter sido feito desde o início e não armar grupos rebeldes, a começar pelo Isis ou mandar fazê-lo por seus aliados, como a Arábia Saudita.
Todas as pressões políticas para o estabelecimento de condições para a democratização da Síria são legítimas. Mas não são nem aceitáveis, tanto quanto não eficientes, quando se transformam numa intervenção militar que tolera e estimula grupos armados irregulares e sanguinários.
_________________________________________________

Nenhum comentário: