quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O DILEMA DE DILMA: RENUNCIAR OU SE ARRISCAR A PERDER AS MORDOMIAS


A presidente afastada Dilma Rousseff janta esta noite com o ex-presidente Lula para discutir o 
ato final do impeachment. A verdade é que, a esta altura, Dilma e o PT já não tem os mesmo 
objetivos: a presidente quer salvar sua biografia; o PT quer sobreviver. Os petistas temem, por 
exemplo, que à medida em que aparecerem mais elementos de delações premiadas – como a do 
marqueteiro João Santana – tratando de caixa 2 em suas campanha, Dilma avance na 
argumentação de que a responsabilidade é do partido. Suas afirmações nesse sentido irritaram 
a direção petista e acirraram os ânimos, levando o presidente do PT, Rui Falcão, a jogar um 
balde de água fria na proposta de plebiscito da presidente afastada, deixando claro que o 
partido parou de trabalhar contra o impeachment.

Por Andrei Meireles 

Fatura liquidada. Como era previsível, o placar sobre a cassação de Dilma Rousseff virou goleada. 
Mesmo com Renan Calheiros não votando, aumentou o número de senadores contra a presidente 
afastada, pulou de 55 para 59. Ela ainda perdeu um voto entre seus apoiadores, passou de 22 para 21.
Esses números antecipam o julgamento final. Se Dilma não renunciar antes, daqui a vinte dias o 
Senado vai cassar seu mandato. Quem diz conhecer um pouco Dilma diz que ela não vai renunciar, 
não é o perfil dela. É um filme que a gente já viu várias vezes: o ex-presidente Fernando Collor, o 
poderoso Antônio Carlos Magalhães e, recentemente, Eduardo Cunha sempre negaram essa hipótese 
com veemência, mas ao final renunciaram.
Qual o horizonte de Dilma? Há entre seus conselheiros quem diga que a renúncia não interrompe o 
processo no Senado. Baseiam-se no precedente de Collor, que renunciou em cima da hora e foi 
cassado pelo Senado. No mundo político, a avaliação é de que a situação agora é diferente: Michel 
Temer, Ricardo Lewandowski e Renan Calheiros bancariam uma saída negociada.
Em caso de renúncia, Dilma certamente manteria alguns privilégios, como seguranças e assessores, e 
se ela for cassada? Há dúvidas. Uma decisão do Tribunal Regional Federal da Primeira Região que, 
anos depois, beneficiou Collor, se aplicaria ou não a Dilma. Com certeza, a Justiça seria acionada.

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