Um dos mais famosos e importantes personagens do Século XX completa hoje 90 anos. Seu
nome completo, Fidel Alejandro Castro Ruz, nascido no pequenino povoado de Birán, na
província de Holguín, em Cuba . Em 1959, Fidel e seu irmão Raul Castro, o argentino Che
Guevara, Camilo Cienfuegos e outros guerrilheiros derrubavam o governo do presidente
Fulgêncio Batista, após anos de luta contra as forças governistas. Com a vitória de La
Revolución, o grupo subiu ao poder em Havana.
Por Héctor Velasco Rigoberto Diaz
Já se passaram 57 anos desde que a "revolução dos barbudos" triunfou em Cuba, 54 anos desde que uma crise nuclear quase começou em meio à Guerra Fria, e dez desde que Fidel deixou o poder por problemas de saúde. E ele continua firme.
Um grupo de jovens dirigiu a luta contra o regime corrupto e despótico de Fulgêncio Batista, em Cuba, de 1953 até a vitória final, em 1º de janeiro de 1959.
Aquele grupo incluía revolucionários notáveis - Camilo Cienfuegos, Célia Sanchez, Ernesto Che Guevara, Haydê Santamaria, Raul Castro – jovens cujo líder foi um moço loquaz e, apesar da pouca idade, já veterano no embate contra o imperialismo e a tirania que oprimia a ilha: Fidel Castro. Ele tinha somente 32 anos mas já era o comandante inconteste da revolução da qual, nas décadas seguintes, seria o rosto e a alma: a revolução cubana.
Fidel Castro completa neste sábado (13) 90 anos de uma existência profícua, fértil, a vida de um revolucionário que nunca se aquebrantou. Um lutador incansável que é ao mesmo tempo rígido e flexível. E que talvez seja a perfeita encarnação da exigência do verso do poeta latino Terêncio (século II a.C.), adotado como dístico por outro revolucionário notável, Karl Marx: “nada do que é humano me é estranho”.
É com certeza o verso que melhor descreve o intenso interesse que todas as atividades humanas despertam neste revolucionário que conserva, aos 90 anos de idade, o frescor, o bom humor e a boa índole da juventude.
A revolução, sob direção de Fidel, transformou Cuba num exemplo de resistência, determinação e solidariedade internacional para os povos do mundo. Qualidades marcantes do povo cubano, transformadas em orientação do regime de libertação inaugurado em 1959 pelo caráter e bonomia de Fidel sob cuja direção Cuba promoveu mudanças econômicas e sociais profundas. Enfrentou obstáculos imensos – o maior deles foi o bloqueio imposto durante mais de 50 anos pelos EUA. Foram dificuldades incontáveis que aumentaram após o colapso do bloco socialista liderado pela União Soviética no começo da década de 1990.
Mas os cubanos - e Fidel – jamais desistiram. E, à frente da Ilha, fez dela uma potência do bem estar social, com níveis de saúde, educação, esporte, artes, cultura, que se igualam aos das nações mais desenvolvidas e, em muitos aspectos, os superam.
Atividade governamental voltada para o avanço civilizacional cuja face é a do próprio Fidel, e que beneficia a cada um dos cubanos, igualmente – e também a cada um dos seres humanos de outros países onde haja um cubano presente – um soldado, por exemplo, como no passado, em apoio à independência de Angola, ou um médico, como no Brasil e em tantos outros países, como aqueles que fazem parte do Mais Médicos e encantam a população a que servem pela humanidade, humildade e eficiência.
O exemplo vem de cima, como se diz – e o exemplo de Fidel Castro fortalece estas características de seu povo.
Este revolucionário de muitas palavras e ações, que ri de seus próprios contratempos (como na uma foto de Alberto Korda que mostra uma queda de Fidel na neve, em Moscou, rindo como um menino...) não perde o fair-play mesmo tendo sido, por mais de meio século, alvo de 634 tentativas de assassinato contabilizadas pela inteligência cubana.
Rígido quanto aos objetivos da revolução, flexível quanto aos métodos e à tática para cumprir suas tarefas, Fidel Castro iguala aos revolucionários da história –ombreia latino-americanos, como Simon Bolivar ou o cubano José Marti. E mesmo vai além deles ao dirigir uma revolução que, defendendo intransigentemente a liberdade e soberania de Cuba, quer de maneira igualmente intransigente a libertação e a elevação cultural da humanidade.
Longa vida, Comandante!
Em 2011, o líder da Revolução Cubana
admitiu que nunca pensou "viver tantos anos" e em abril deste ano
pareceu se despedir: "Em breve serei como todos os outros. A vez chega
para todos".
Venerado, odiado, influente, inimigo implacável, grande sedutor, sobrevivente. A AFP apresenta seis facetas do líder cubano.
O estrategista
Fidel tinha 32 anos quando entrou triunfante em Havana.
Era 1959, usava barba e uniforme e vinha da derrota de um exército de
80.000 homens contra uma guerrilha que em seu pior momento contou com 12
homens e sete fuzis. Sem passado militar, Fidel Castro expulsou
do poder o general e ditador Fulgêncio Batista, na luta que começou com
o fracasso da tomada do quartel Moncada, em 1953.
Fidel aplicou uma "doutrina
militar própria" e conseguiu "transformar uma guerrilha em um poder
paralelo, formado por guerrilheiros, organizações clandestinas e
populares", disse à AFP Alí Rodríguez, ex-guerrilheiro e atual
embaixador venezuelano em Cuba.
O líder cubano derrotou conspirações apoiadas pelos EUA e
enviou 386.000 concidadãos para lutar em Angola, Etiópia, Congo, Argélia
e Síria. Ao longo de 40 anos (1958-2000) escapou de 634 tentativas de
assassinato, escreveu Fabián Escalante, ex-chefe de inteligência cubano,
segundo o veículo de informação alternativa Cubadebate.
Ao jornalista Ignacio Ramonet, Fidel confessou
que quase sempre carregava uma pistola Browning de 15 tiros. "Oxalá
todos morrêssemos de morte natural, não queremos que se adiante nem um
segundo a hora da morte", declarou em 1991.
O sedutor
"Fiquei tão impressionada! Não pude fazer mais que olhar no
rosto dele e dizer: te amo". Mercedes González, uma cubana de 59 anos,
só viu de perto por duas vezes o líder cubano, mas não resistiu ao
"efeito" Fidel.
Seja pelo aspecto rude de guerrilheiro ou seus discursos
quilométricos - a maioria espontâneos porque ele gostava do "nascimento
das ideias", segundo Salomón Susi, autor do Dicionário de Pensamentos
de Fidel Castro -, Fidelfascinava também as massas, as mulheres, os políticos e os artistas.
"Ele projeta uma imagem pública muito atraente", um dom que também "faz parte de sua lenda", diz Susi. Já longe do poder, Fidel publicou
reflexões sobre diversos temas. Apesar disso, o grande sedutor mantém a
portas fechadas sua vida privada (dois casamentos e sete filhos com
três mulheres é a única coisa que se conhece).
"A vida privada, na minha opinião, não deve ser instrumento da publicidade, nem da política", sentenciou em 1992.
Em um país onde o cristianismo se mistura aos cultos africanos, os cubanos atribuíram a Fidel a
proteção do orixá Obatalá, o deus pai, o mais poderoso. Viam-no como um
homem inabalável, que tinha solução para tudo, era considerado quase
imortal até adoecer em 2006. Apesar da gravidade, sobreviveu.
"Pode ser que seja tocado pelos deuses, como dizem os que
têm axé (sorte e poder)", segundo a especialista cubana em cultos
africanos, Natalia Bolívar.
A figura paternal do "comandante", tão respeitada como
temida, é onipresente. Era visto tanto no meio de um furacão, quanto
ensinando a preparar uma pizza. Se acredito até que se protegia com um
colete à prova de balas.
"Tenho um colete moral, é forte. Esse tem me protegido
sempre", disse aos jornalistas enquanto mostrava o peito durante uma
viagem aos Estados Unidos em 1979.
Fidel dizia não apreciar o culto à personalidade. Não há estátuas, mas sua imagem se multiplica na ilha.
O inspirador
Um século XX sem Fidel Castro?
Impossível de dizer. Nos anos 60, ele apoiou as guerrilhas da
Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, El Salvador, Guatemala, Nicarágua,
Uruguai e Venezuela; no final dos 90 adotou politicamente Hugo Chávez
(morto em 2013) e hoje Cuba é anfitriã e garante o acordo de paz que
pretende acabar com meio século de luta armada na Colômbia.
A revolução de Fidel "provoca
(...) a vontade de lutar, de ir para montanha, empunhar um fuzil para
tentar mudar as coisas", diz Iván Márquez, o número dois das Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Mas também "graças a Cuba podemos avançar tanto. Nenhuma
outra tentativa de paz na Colômbia (...), tinha conseguido o que se
conseguiu aqui, acrescenta Iván em entrevista à AFP.
Fidel exportou, além disso,
as missões médicas que ajudaram os governo de esquerda a serem
populares. "É o personagem mais importante do século XX no hemisfério
ocidental", diz Márquez.
O Quixote
"Voltarão". Em 2001 Fidel Castro prometeu que traria de volta seus cinco agentes presos pelos Estados Unidos três anos antes.
"Quando Fidel disse
'voltarão', disse ao povo cubano: vocês os trarão", disse à AFP René
González, um dos cinco cubanos libertados por Washington entre 2011 e
2014.
González ilustra assim o poder do ex-mandatário de contagiar com suas ideias, por mais incríveis que parecessem.
Mas nem sempre o Quixote caribenho venceu. Após um esforço
titânico, não conseguiu, como tinha proposto, produzir 10 milhões de
toneladas de açúcar em 1970. Mas conseguiu que Cuba derrotasse o analfabetismo em apenas um ano (1961).
Também se propôs a fazer de Cuba uma "potência médica",
quando tinha somente 3.000 médicos no país. Hoje tem cerca de 88.000
especialistas, um para cada 640 habitantes.
Na ilha, proliferaram os "planos Fidel",
experimentos sem sucesso para criar búfalos, gansos ou transformar Cuba
em produtora de queijos de qualidade, quando ainda tinha um déficit de
vacas.
Também não conseguiu que os Estados Unidos devolvessem o território de Guantánamo,
cedido há um século, mas conseguiu trazer de volta o menino Elián
González, levado clandestinamente em uma embarcação por sua mãe, que
morreu na tentativa de chegar a Miami e cuja custódia provocou uma queda
de braço entre Havana e Washington.
Um grupo de jovens dirigiu a luta contra o regime corrupto e despótico de Fulgêncio Batista, em Cuba, de 1953 até a vitória final, em 1º de janeiro de 1959.
Aquele grupo incluía revolucionários notáveis - Camilo Cienfuegos, Célia Sanchez, Ernesto Che Guevara, Haydê Santamaria, Raul Castro – jovens cujo líder foi um moço loquaz e, apesar da pouca idade, já veterano no embate contra o imperialismo e a tirania que oprimia a ilha: Fidel Castro. Ele tinha somente 32 anos mas já era o comandante inconteste da revolução da qual, nas décadas seguintes, seria o rosto e a alma: a revolução cubana.
Fidel Castro completa neste sábado (13) 90 anos de uma existência profícua, fértil, a vida de um revolucionário que nunca se aquebrantou. Um lutador incansável que é ao mesmo tempo rígido e flexível. E que talvez seja a perfeita encarnação da exigência do verso do poeta latino Terêncio (século II a.C.), adotado como dístico por outro revolucionário notável, Karl Marx: “nada do que é humano me é estranho”.
É com certeza o verso que melhor descreve o intenso interesse que todas as atividades humanas despertam neste revolucionário que conserva, aos 90 anos de idade, o frescor, o bom humor e a boa índole da juventude.
A revolução, sob direção de Fidel, transformou Cuba num exemplo de resistência, determinação e solidariedade internacional para os povos do mundo. Qualidades marcantes do povo cubano, transformadas em orientação do regime de libertação inaugurado em 1959 pelo caráter e bonomia de Fidel sob cuja direção Cuba promoveu mudanças econômicas e sociais profundas. Enfrentou obstáculos imensos – o maior deles foi o bloqueio imposto durante mais de 50 anos pelos EUA. Foram dificuldades incontáveis que aumentaram após o colapso do bloco socialista liderado pela União Soviética no começo da década de 1990.
Mas os cubanos - e Fidel – jamais desistiram. E, à frente da Ilha, fez dela uma potência do bem estar social, com níveis de saúde, educação, esporte, artes, cultura, que se igualam aos das nações mais desenvolvidas e, em muitos aspectos, os superam.
Atividade governamental voltada para o avanço civilizacional cuja face é a do próprio Fidel, e que beneficia a cada um dos cubanos, igualmente – e também a cada um dos seres humanos de outros países onde haja um cubano presente – um soldado, por exemplo, como no passado, em apoio à independência de Angola, ou um médico, como no Brasil e em tantos outros países, como aqueles que fazem parte do Mais Médicos e encantam a população a que servem pela humanidade, humildade e eficiência.
O exemplo vem de cima, como se diz – e o exemplo de Fidel Castro fortalece estas características de seu povo.
Este revolucionário de muitas palavras e ações, que ri de seus próprios contratempos (como na uma foto de Alberto Korda que mostra uma queda de Fidel na neve, em Moscou, rindo como um menino...) não perde o fair-play mesmo tendo sido, por mais de meio século, alvo de 634 tentativas de assassinato contabilizadas pela inteligência cubana.
Rígido quanto aos objetivos da revolução, flexível quanto aos métodos e à tática para cumprir suas tarefas, Fidel Castro iguala aos revolucionários da história –ombreia latino-americanos, como Simon Bolivar ou o cubano José Marti. E mesmo vai além deles ao dirigir uma revolução que, defendendo intransigentemente a liberdade e soberania de Cuba, quer de maneira igualmente intransigente a libertação e a elevação cultural da humanidade.
Longa vida, Comandante!
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