segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Ex-presidente Piñera e Guillier, candidato de Bachelet, vão ao 2º turno nas eleições do Chile


'O Chile quer mudanças e mais de 1,2 milhão de pessoas votaram pela mudança', afirmou 
candidata Beatriz Sánchez em seu discurso após divulgação do resultado

A coalizão de esquerda Frente Ampla (FA) obteve neste domingo (19/11) um resultado além do 
esperado por analistas e previsto pelas pesquisas, ficando a poucos votos de passar para o segundo 
turno com o ex-presidente Sebastián Piñera e se consolidando como terceira força política no Chile.
Com 99,04% das urnas apuradas, Piñera ficou em primeiro, com 36,64% dos votos, seguido pelo 
candidato de Bachelet, Alejandro Guillier, que ficou com 22,70%, e Beatriz Sánchez, da Frente 
Ampla, com 20,27%. As pesquisas indicavam que Sánchez não chegaria a 20%.
Além do expressivo resultado na eleição para presidente, a Frente Ampla também conseguiu um 
bom número de cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado. Segundo o Servel (Serviço Eleitoral 
do Chile), a FA elegeu um senador e 20 deputados, efetivamente se tornando a terceira força na 
Câmara Baixa (atrás da Chile Vamos, de Piñera, que terá 73, e da Nova Força da Maioria, que apoia 
Guillier, com 43).
A origem da Frente Ampla guarda certa relação com a Nova Maioria - que, por sua vez, é 
descendente da Concertação, responsável por juntar a Democracia Cristã, o Partido para a 
Democracia (PPD), o Partido Radical Socialdemocrata (PRSD), o PS (Partido Socialista) e outros 
menores na época do plebiscito que decidiu pela saída do ditador Augusto Pinochet.
Entre 1990 e 2010, todos os presidentes chilenos saíram desta coalizão: Patricio Aylwin, Eduardo 
Frei (democratas-cristãos), Ricardo Lagos e Michelle Bachelet (socialistas). A sequência só foi 
interrompida com a eleição de Piñera, em 2010, e a Concertación foi para a oposição.
Em 2013, novos partidos se juntaram à coalizão e formaram a Nova Maioria: Esquerda Cidadã, 
Partido Comunista e Movimento Amplo Social. Rebatizado, o grupo de partidos levou Bachelet 
novamente ao governo.
Surgimento
Em janeiro de 2016, a Revolução Democrática (RD), fundada pelo deputado Giorgio Jackson, e a 
Esquerda Autônoma, do também deputado Gabriel Boric (ambos reeleitos no domingo), entregaram 
seus cargos no governo Bachelet, anunciaram um distanciamento da Nova Maioria e fundaram a 
Frente Ampla, que se inspira na sua versão uruguaia e diz querer ser uma alternativa de esquerda aos 
atores tradicionais da política do país.

Beatriz Sánchez ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais do Chile

Um ano depois, a Nova Maioria teve um novo racha: a Democracia Cristã decidiu não participar das 
primárias da coalizão e lançou candidata própria – a da líder do partido, Carolina Goic, que terminou 
com 5,88%. Guillier passou a ser apoiado pela coalizão Nova Força da Maioria, da qual fazem parte 
o Partido Comunista, o PPD, o PRSD e o PS.
Os resultados do domingo mostram que os eleitores penderam para o flanco mais à esquerda da 
antiga Nova Maioria, seja votando em Guillier, de centro-esquerda, seja votando em Sánchez, de 
esquerda. Combinados, os dois obtiveram quase 43% dos votos – o suficiente para superar Piñera, 
por exemplo.
Mudança
“O Chile quer mudanças e mais de 1,2 milhão de pessoas votaram pela mudança”, afirmou Sánchez 
em seu discurso após o resultado.
Ela disse que enfrentou uma concorrência desigual. “Havia um candidato que gastou seis vezes mais 
que nós, dez vezes mais que nós. Aqui houve trabalho, seriedade, porque aqui houve coerência, 
porque houve convicção, porque o fizemos de maneira honesta, não quisemos enganar ninguém”, 
disse.
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