'O Chile quer mudanças e mais de 1,2 milhão de pessoas votaram pela mudança', afirmou
candidata Beatriz Sánchez em seu discurso após divulgação do resultado
A coalizão de esquerda Frente Ampla (FA) obteve neste domingo (19/11) um resultado além do
A coalizão de esquerda Frente Ampla (FA) obteve neste domingo (19/11) um resultado além do
esperado por analistas e previsto pelas pesquisas, ficando a poucos votos de passar para o segundo
turno com o ex-presidente Sebastián Piñera e se consolidando como terceira força política no Chile.
Com 99,04% das urnas apuradas, Piñera ficou em primeiro, com 36,64% dos votos, seguido pelo
Com 99,04% das urnas apuradas, Piñera ficou em primeiro, com 36,64% dos votos, seguido pelo
candidato de Bachelet, Alejandro Guillier, que ficou com 22,70%, e Beatriz Sánchez, da Frente
Ampla, com 20,27%. As pesquisas indicavam que Sánchez não chegaria a 20%.
Além do expressivo resultado na eleição para presidente, a Frente Ampla também conseguiu um
bom número de cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado. Segundo o Servel (Serviço Eleitoral
do Chile), a FA elegeu um senador e 20 deputados, efetivamente se tornando a terceira força na
Câmara Baixa (atrás da Chile Vamos, de Piñera, que terá 73, e da Nova Força da Maioria, que apoia
Guillier, com 43).
A origem da Frente Ampla guarda certa relação com a Nova Maioria - que, por sua vez, é
descendente da Concertação, responsável por juntar a Democracia Cristã, o Partido para a
Democracia (PPD), o Partido Radical Socialdemocrata (PRSD), o PS (Partido Socialista) e outros
menores na época do plebiscito que decidiu pela saída do ditador Augusto Pinochet.
Entre 1990 e 2010, todos os presidentes chilenos saíram desta coalizão: Patricio Aylwin, Eduardo
Frei (democratas-cristãos), Ricardo Lagos e Michelle Bachelet (socialistas). A sequência só foi
interrompida com a eleição de Piñera, em 2010, e a Concertación foi para a oposição.
Em 2013, novos partidos se juntaram à coalizão e formaram a Nova Maioria: Esquerda Cidadã,
Partido Comunista e Movimento Amplo Social. Rebatizado, o grupo de partidos levou Bachelet
novamente ao governo.
Surgimento
Em janeiro de 2016, a Revolução Democrática (RD), fundada pelo deputado Giorgio Jackson, e a
Surgimento
Em janeiro de 2016, a Revolução Democrática (RD), fundada pelo deputado Giorgio Jackson, e a
Esquerda Autônoma, do também deputado Gabriel Boric (ambos reeleitos no domingo), entregaram
seus cargos no governo Bachelet, anunciaram um distanciamento da Nova Maioria e fundaram a
Frente Ampla, que se inspira na sua versão uruguaia e diz querer ser uma alternativa de esquerda aos
Beatriz Sánchez ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais do Chile
Um ano depois, a Nova Maioria teve um novo racha: a Democracia Cristã decidiu não participar das
primárias da coalizão e lançou candidata própria – a da líder do partido, Carolina Goic, que terminou
com 5,88%. Guillier passou a ser apoiado pela coalizão Nova Força da Maioria, da qual fazem parte
o Partido Comunista, o PPD, o PRSD e o PS.
Os resultados do domingo mostram que os eleitores penderam para o flanco mais à esquerda da
Os resultados do domingo mostram que os eleitores penderam para o flanco mais à esquerda da
antiga Nova Maioria, seja votando em Guillier, de centro-esquerda, seja votando em Sánchez, de
esquerda. Combinados, os dois obtiveram quase 43% dos votos – o suficiente para superar Piñera,
por exemplo.
Mudança
“O Chile quer mudanças e mais de 1,2 milhão de pessoas votaram pela mudança”, afirmou Sánchez
Mudança
“O Chile quer mudanças e mais de 1,2 milhão de pessoas votaram pela mudança”, afirmou Sánchez
em seu discurso após o resultado.
Ela disse que enfrentou uma concorrência desigual. “Havia um candidato que gastou seis vezes mais
Ela disse que enfrentou uma concorrência desigual. “Havia um candidato que gastou seis vezes mais
que nós, dez vezes mais que nós. Aqui houve trabalho, seriedade, porque aqui houve coerência,
porque houve convicção, porque o fizemos de maneira honesta, não quisemos enganar ninguém”,
disse.
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