sábado, 19 de agosto de 2017

LULA NA UNILAB: Preconceito não é posição política, é doença

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Lula durante a colação de grau dos alunos da Unilab. Para ver mais fotos do dia, visite o Flickr 

Falando a uma plateia formada por dezenas de graduandos africanos e brasileiros da Unilab, Lula 
voltou a dizer que o Brasil possui uma dívida com a África que não pode ser paga em dinheiro. O ex-
presidente foi escolhido como patrono dos formandos do curso de Humanidades da Universidade da 
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira no campus dos Malês, em São Francisco do 
Conde, na Bahia. 
Ex-presidente foi o patrono de formatura dos estudantes da Universidade da Integração 
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), a 14ª universidade criada durante seu 
governo, na noite desta sexta-feira 18 em São Francisco do Conde, na Bahia; em seu discurso, 
ele ressaltou que "o preconceito é uma doença e temos que vencer" e afirmou que "o Brasil 
não está fazendo favor quando oferece bolsa de estudo. O Brasil está pagando cada centavo, 
séculos de dívidas"; "Enquanto eu tiver força eu irei lutar p/ que não haja nenhum corte nos 
benefícios que um jovem africano recebe para estudar nesse país", destacou

Lula contou que foi ao Senegal quando era presidente, acompanhado do então ministro da Cultura 
Gilberto Gil e, na vila de Goré, visitou a "Porta do Nunca Mais", que era o lugar onde os africanos 
escravizados deixavam o continente. Mais de oito milhões deles rumo ao Brasil. "Como mensurar 
uma dívida dessa? O trabalho que nunca foi pago, a contribuição à cultura, à beleza, ao nosso 
gingado, nosso jeito de ser?".
Para uma dívida impossível de ser paga em dinheiro, o Brasil apostou na solidariedade. "Vocês não 
devem nenhum favor a este país. O Brasil não está fazendo favor, está pagando as horas, os anos e 
séculos da vida de africanos que foram trazidos para cá e trabalharam até morrer sem ganhar nada".
O ex-presidente contou das diversas iniciativas em seu governo de colaboração com a África. Lula 
foi o presidente que mais embaixadas criou na África, as trocas comerciais entre Brasil e o 
continente africano triplicaram durante seu governo. Citou que o Brasil incentivou a implantação de 
uma fábrica de remédios contra Aids em Moçambique, instalou um escritório da Embrapa em Gana e 
levou para a África o Programa Mais Alimentos, que financiava a compra de máquinas agrícolas 
entre outros projetos.
O ex-presidente assistiu à cerimônia de colação de grau e cumprimentou todos os formandos. Em sua 
fala, Lula disse que há preconceito contra os estudantes africanos no campus de Redenção, no Ceará. 
"Certamente se fossem brancos de olhos verdes, não haveria esse preconceito" e completou dizendo 
que não é possível admitir isso. "Preconceito não é posição política, é doença".
Para os formandos africanos, que devem agora deixar o Brasil e voltar a seus países para trabalhar ou 
estudar, Lula deixou um recado: "Voltem para casa, mas não se esqueçam de que o Brasil é uma 
extensão do continente africano que um dia a geologia separou".
Os alunos Fernando Colônia, da Guiné-Bissau, e Fabiana Pedreira, do Brasil, foram oradores da 
turma. Ambos pediram que a Unilab seja ampliada com mais cursos. E Fabiana disse, com beleza: 
"Agradecemos sobretudo por ter sancionado a lei de criação desta nossa Unilab, possibilitando que 
as duas margens opostas do Atlântico se reencontrassem, dessa vez em outras condições, para que 
assim nós, negras e negros, brasileiros e africanos, pudéssemos juntos construir uma nova história, 
de mãos dadas, à caminho da nossa emancipação política e social".


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